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segunda-feira, 31 de outubro de 2022

SAUDAÇÃO DE S. S. PATRIARCA ECUMÊNICO BARTOLOMEU, NA 11ª ASSEMBLEIA DO CONSELHO MUNDIAL DE IGREJAS (CMI)

Patriarca Ecumênico Bartolomeu | Ecclesia Brasil

SAUDAÇÃO DE S. S. PATRIARCA ECUMÊNICO BARTOLOMEU, NA 11ª ASSEMBLEIA DO CONSELHO MUNDIAL DE IGREJAS (CMI)

10 De Outubro De 2022 | By Ecclesia

«O amor de Cristo move o mundo para a reconciliação e a unidade».

(Karlsruhe, Alemanha, 1 de setembro de 2022)

Distintos organizadores e delegados,
Amados participantes e administradores da 11ª Assembleia do Conselho Mundial de Igrejas
Queridos amigos, irmãos e irmãs,

Uma das crenças centrais e ensinamentos fundamentais do cristianismo ao longo dos séculos é a convicção de que a luz de Cristo brilha mais intensamente do que qualquer escuridão em nossos corações e em nosso mundo. Nós cristãos afirmamos e declaramos que a alegria da ressurreição irradia e prevalece sobre o sofrimento da cruz. Isso é o que sustentamos; é isso que pregamos; e é isso que proclamamos ao mundo inteiro. De fato, «E, se Cristo não ressuscitou, vazia é a nossa pregação, vazia também é a vossa fé.» (1Cor 15: 14). Esta é certamente a premissa subjacente e o foco do tema desta assembleia, que professa que «o amor de Cristo move o mundo para a reconciliação e a unidade».

No entanto, mesmo olhando ao redor, somos obrigados a confessar que não praticamos – e continuamos a não cumprir – o que pregamos ao longo de vinte séculos. Como podemos reconciliar nossa fé magnífica com nosso fracasso manifesto?

A resposta está na passagem bíblica para a plenária desta manhã, que acontece em 1º de setembro, dia em que os cristãos ortodoxos, desde 1989, se dedicam a rezar pela proteção do dom da criação de Deus, e quando os cristãos de todas as confissões e comunhões se comprometem a avançar o ministério do cuidado da criação. Na Carta aos Colossenses (1: 19-20), lemos que: »Em Cristo aprouve a Deus fazer habitar toda a Plenitude e reconciliar por ele e para ele todos os seres, os da terra e os dos céus, realizando a paz pelo sangue da sua cruz».

Esta passagem assume uma diferença fundamental entre a cosmovisão secular e a espiritual. A pessoa com uma mentalidade secular sente que é o centro do universo. Em contraste, a pessoa com uma mentalidade sagrada considera que o centro do universo está em outro lugar e nos outros.

Uma cosmovisão espiritual sugere uma cosmovisão ampliada – mais ampla ou ecumênica, centrada e equilibrada em Cristo como o coração do universo. É isso que fornece a fonte de reconciliação e a garantia de transformação. Ao perceber o mundo através dessa lente de transfiguração e transformação cósmica, somos capazes de embarcar – como indivíduos e como sociedade – na restauração da imagem despedaçada da criação, um processo que começa e envolve o reconhecimento da responsabilidade pelo pecado de ignorar a presença divina em todas as coisas e em todas as pessoas. Todo o universo – toda a criação – constitui uma liturgia cósmica. Quando somos iniciados no mistério da Ressurreição e transformados pela luz da Transfiguração, então somos capazes de discernir e detectar o propósito para o qual Deus criou tudo e todos.

Há uma necessidade de arrependimento cósmico e ressurreição cósmica. O que é necessário é nada menos que uma inversão radical de nossas perspectivas e práticas. «O sangue da cruz» na referência apostólica acima revela e indica uma saída para nossos impasses ao propor a autocrítica e o auto sacrifício como soluções para o egocentrismo. «O sangue da cruz» fornece uma maneira de assumir a responsabilidade por nossas ações e nosso mundo. Todos devemos adotar um espírito de humildade e apreciar o mundo como maior do que nós mesmos. Não devemos jamais reduzir nossa vida religiosa a nós mesmos e aos nossos próprios interesses. Devemos sempre recordar nossa vocação de transformar toda a criação de Deus.

Ainda assim, a maior ameaça ao nosso planeta não é o novo coronavírus, mas as mudanças climáticas. O número crescente, mas negligenciado, do aumento das temperaturas globais na verdade eclipsará o número atual de mortes por todas as doenças infecciosas combinadas se as mudanças climáticas não forem restringidas. Na esteira da pandemia, até o Fórum Econômico Mundial pediu «uma grande redefinição─ do capitalismo, argumentando que a sustentabilidade só será alcançada por meio de mudanças drásticas no estilo de vida. Isso é o que descrevemos como a necessidade de arrependimento (ou metanoia) de hábitos indiscriminados e práticas destrutivas em relação a outras pessoas e em relação aos recursos da natureza.

Queridos irmãos e irmãs,

Se quisermos fazer alguma mudança em nossas prioridades e estilos de vida, devemos fazê-lo juntos – como igrejas e comunidades, como sociedades e nações. Devemos «carregar os fardos uns dos outros, se quisermos cumprir a lei de Cristo» (Gl 6: 2). E aqui, lembremos a guerra atual e o sofrimento injusto de nossos irmãos e irmãs na Ucrânia. Acima de tudo, então, devemos prometer nosso arrependimento e a conversão de nossos corações e vidas. Hoje é «a oportunidade certa» (Is 49: 8), «o tempo favorável e o dia da salvação». «O tempo de agir para o Senhor é agora» (Sl 119: 126).

Esta é a nossa fervorosa oração por todos vocês na 11ª Assembleia do Conselho Mundial de Igrejas neste dia consagrado de oração e proteção pela sagrada criação de Deus.

BARTOLOMEU de Constantinopla


FONTE: Boletim da Delegação Permanente do Patriarcado Ecumênico
junto ao Conselho Mundial de Igrejas (CMI)

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF