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quarta-feira, 9 de novembro de 2022

As piores heresias

Cléofas

As piores heresias

 POR PROF. FELIPE AQUINO

A Igreja, logo no início de sua vida, enfrentou perigosas heresias que ameaçavam abalar a fé deixada por Jesus Cristo.

Nos primeiros séculos ela foi perturbada fortemente pelo gnosticismo dualista que acreditava que a matéria era obra do mal e que, portanto, Jesus jamais poderia ter assumido de fato um corpo humano material. Negava assim a Encarnação e a salvação dos homens pela morte e ressurreição de Jesus. Era o também chamado docetismo, que ensinava hereticamente que a encarnação do Verbo tinha sido apenas aparente. Esta heresia, que penetrou na Igreja vindo da Pérsia, foi combatida pelos próprios Apóstolos (cf Col 2,9; 1Jo 4,2; 2Jo7) e principalmente por Santo Ireneu († 202).Talvez tenha sido a pior heresia dos primeiros tempos.

Ainda nos séculos II e III surgiram as heresias do tipo monarquianista (adopcionismo, subordinacionismo), que negavam a Santíssima Trindade, não aceitando as três Pessoas divinas como distintas. O Filho e o Espírito Santo seriam apenas manifestações do próprio Pai, ou subordinadas ao Pai, e não Pessoas igualmente divinas e distintas, na única Trindade.

Depois das heresias Trinitárias, surgiram as heresias Cristológicas:

1. Arianismo – Ário, de Alexandria († 334), defendia que Cristo era apenas uma criatura do Pai; a maior de todas, através da qual o Pai tinha criado as demais. Foi combatida por Santo Atanásio e condenada no primeiro Concílio da Igreja, o de Nicéia (325), que ensinou ser Jesus: “Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial ao Pai”.

2. Apolinarismo – Apolinário (300-390), bispo de Laodicéia, defendia que Cristo não tinha uma alma humana; era Deus, mas com uma natureza humana mutilada. Foi combatido principalmente pelos Santos Padres São Gregório de Nazianzo (329-390) e São Gregório de Nissa (†394), segundo o princípio de que “o que não foi assumido pelo Verbo não foi redimido”.

3. Macedonismo – Macedônio, bispo de Constantinopla, defendia que o Espírito Santo não era Deus, mas mera criatura do Pai. Esta heresia foi condenada no Concílio de Constantinopla II (381), que ensinou ser o Espírito Santo uma Pessoa divina.

“Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida, e procede do Pai e do Filho;e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado” (Símbolo Niceno-Constantinopolitano).

Outras heresias

Depois do gnosticismo, do arianismo, apolinarismo e macedonismo, surgiram ainda outras heresias sobre a pessoa de Jesus Cristo. Essas heresias também muito perturbaram a vida da Igreja, mas foram superadas nos Concílios.

4. Nestorianismo – Nestório (†426), patriarca de Constantinopla, que defendia erroneamente que em Jesus havia duas pessoas (uma humana e outra divina) e duas naturezas; e assim, Maria seria apenas a mãe de Jesus homem, mas não Mãe de Deus (como querem os protestantes), como se existissem dois Eu(s) em Jesus. Desde o primeiro século os cristãos chamavam Maria de “Theotokos” (Mãe de Deus).

Essa heresia foi condenada no Concílio de Éfeso (431), principalmente pelo trabalho de S.Cirilo de Alexandria (†444). O Concílio ensinou que em Jesus há uma só Pessoa (divina), o Eu de Jesus é divino, mas Nele há duas naturezas (humana e divina) unidas e distintas, harmoniosamente, nesta única Pessoa, que é a do Verbo. Confirmou firmemente a crença dos cristãos desde os primeiros século, de que Maria é a Santa “THEOTOKOS (= Mãe de Deus)”.

5. Monofisismo – Defendida por Êutiques de Constantinopla e Dionísio de Alexandria, foi uma réplica exagerada ao Nestorianismo, caindo em erro oposto; dizia que em Jesus havia apenas uma Pessoa e uma Natureza. Defendia que a natureza divina teria absorvido a humana, e assim Jesus não seria perfeitamente homem. Esta heresia foi condenada no Concílio de Calcedônia (451), que reafirmou haver em Jesus uma só Pessoa (divina), mas nela há duas naturezas(divina e humana). Neste Concílio o Papa Leão Magno enviou uma carta ao patriarca Flaviano de Constantinopla reafirmando dogmaticamente a dupla natureza de Jesus. O Concílio acolheu a palavra do papa e os bispos disseram: “Pedro falou pela boca de Leão”.

6. Monotelitismo ou Monoenergismo – Sérgio, patriarca de Constantinopla (séc. VII), defendia que em Jesus havia uma só Pessoa, duas naturezas, mas uma só vontade (“theletes”, em grego) e uma só operação. Isto também negava que Jesus fosse perfeitamente homem, colocando em risco os mistérios da Encarnação e da Redenção. Essa heresia foi condenada no Concílio de Constantinopla III (681); que ensinou haver em Jesus uma só Pessoa, duas naturezas, duas vontades e operações. Isto quer dizer que Jesus é perfeitamente Deus e perfeitamente homem. Na terra, quando queria agia como Deus (milagres), mas redimiu os homens assumindo totalmente, integralmente, a natureza humana. Diz a carta aos hebreus que Jesus:

“…passou pelas mesmas provações que nós, com exceção do pecado” (Hb 4,15).

“…em tudo semelhante aos seus irmãos” (Hb 2,17).

Prof. Felipe Aquino

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF