Cléofas |
As piores heresias
A Igreja, logo no
início de sua vida, enfrentou perigosas heresias que ameaçavam abalar a fé
deixada por Jesus Cristo.
Nos primeiros séculos ela foi perturbada
fortemente pelo gnosticismo dualista que acreditava que a matéria era obra do
mal e que, portanto, Jesus jamais poderia ter assumido de fato um corpo humano
material. Negava assim a Encarnação e a salvação dos homens pela morte e
ressurreição de Jesus. Era o também chamado docetismo, que ensinava
hereticamente que a encarnação do Verbo tinha sido apenas aparente. Esta
heresia, que penetrou na Igreja vindo da Pérsia, foi combatida pelos próprios
Apóstolos (cf Col 2,9; 1Jo 4,2; 2Jo7) e principalmente por Santo Ireneu (†
202).Talvez tenha sido a pior heresia dos primeiros tempos.
Ainda nos séculos II e III surgiram
as heresias do tipo monarquianista (adopcionismo, subordinacionismo), que
negavam a Santíssima Trindade, não aceitando as três Pessoas divinas como
distintas. O Filho e o Espírito Santo seriam apenas manifestações do próprio
Pai, ou subordinadas ao Pai, e não Pessoas igualmente divinas e distintas, na
única Trindade.
Depois das heresias
Trinitárias, surgiram as heresias Cristológicas:
1. Arianismo – Ário, de Alexandria († 334), defendia que
Cristo era apenas uma criatura do Pai; a maior de todas, através da qual o Pai
tinha criado as demais. Foi combatida por Santo Atanásio e condenada no
primeiro Concílio da Igreja, o de Nicéia (325), que ensinou ser Jesus: “Deus de
Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado,
consubstancial ao Pai”.
2. Apolinarismo – Apolinário (300-390), bispo de Laodicéia,
defendia que Cristo não tinha uma alma humana; era Deus, mas com uma natureza
humana mutilada. Foi combatido principalmente pelos Santos Padres São Gregório
de Nazianzo (329-390) e São Gregório de Nissa (†394), segundo o princípio de
que “o que não foi assumido pelo Verbo não foi redimido”.
3. Macedonismo – Macedônio, bispo de Constantinopla, defendia
que o Espírito Santo não era Deus, mas mera criatura do Pai. Esta heresia foi
condenada no Concílio de Constantinopla II (381), que ensinou ser o Espírito
Santo uma Pessoa divina.
“Creio no Espírito Santo, Senhor que
dá a vida, e procede do Pai e do Filho;e com o Pai e o Filho é adorado e
glorificado” (Símbolo Niceno-Constantinopolitano).
Outras heresias
Depois do gnosticismo, do arianismo,
apolinarismo e macedonismo, surgiram ainda outras heresias sobre a pessoa de
Jesus Cristo. Essas heresias também muito perturbaram a vida da Igreja, mas
foram superadas nos Concílios.
4. Nestorianismo – Nestório (†426), patriarca de Constantinopla,
que defendia erroneamente que em Jesus havia duas pessoas (uma humana e outra
divina) e duas naturezas; e assim, Maria seria apenas a mãe de Jesus homem, mas
não Mãe de Deus (como querem os protestantes), como se existissem dois Eu(s) em
Jesus. Desde o primeiro século os cristãos chamavam Maria de “Theotokos” (Mãe
de Deus).
Essa heresia foi condenada no
Concílio de Éfeso (431), principalmente pelo trabalho de S.Cirilo de Alexandria
(†444). O Concílio ensinou que em Jesus há uma só Pessoa (divina), o Eu de
Jesus é divino, mas Nele há duas naturezas (humana e divina) unidas e
distintas, harmoniosamente, nesta única Pessoa, que é a do Verbo. Confirmou
firmemente a crença dos cristãos desde os primeiros século, de que Maria é a
Santa “THEOTOKOS (= Mãe de Deus)”.
5. Monofisismo – Defendida por Êutiques de Constantinopla e
Dionísio de Alexandria, foi uma réplica exagerada ao Nestorianismo, caindo em
erro oposto; dizia que em Jesus havia apenas uma Pessoa e uma Natureza.
Defendia que a natureza divina teria absorvido a humana, e assim Jesus não
seria perfeitamente homem. Esta heresia foi condenada no Concílio de Calcedônia
(451), que reafirmou haver em Jesus uma só Pessoa (divina), mas nela há duas
naturezas(divina e humana). Neste Concílio o Papa Leão Magno enviou uma carta
ao patriarca Flaviano de Constantinopla reafirmando dogmaticamente a dupla
natureza de Jesus. O Concílio acolheu a palavra do papa e os bispos disseram:
“Pedro falou pela boca de Leão”.
6. Monotelitismo
ou Monoenergismo – Sérgio, patriarca de
Constantinopla (séc. VII), defendia que em Jesus havia uma só Pessoa, duas
naturezas, mas uma só vontade (“theletes”, em grego) e uma só operação. Isto
também negava que Jesus fosse perfeitamente homem, colocando em risco os
mistérios da Encarnação e da Redenção. Essa heresia foi condenada no Concílio
de Constantinopla III (681); que ensinou haver em Jesus uma só Pessoa, duas
naturezas, duas vontades e operações. Isto quer dizer que Jesus é perfeitamente
Deus e perfeitamente homem. Na terra, quando queria agia como Deus (milagres),
mas redimiu os homens assumindo totalmente, integralmente, a natureza humana.
Diz a carta aos hebreus que Jesus:
“…passou pelas mesmas provações que
nós, com exceção do pecado” (Hb 4,15).
“…em tudo semelhante aos seus irmãos”
(Hb 2,17).
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