Dom Lindomar Rocha | CNBB |
NO ENTARDECER DO MUNDO
Dom Lindomar Rocha Mota
Bispo de São Luís de Montes Belos (GO)
Quase
concluindo o ano litúrgico e o ciclo do Evangelho de Lucas, deparamo-nos com a
mensagem escatológica de Jesus. É a sua última pregação antes da Paixão e
Ressurreição.
Em
questão, o fim dos tempos, os falsos profetas, eventos catastróficos e a coragem
de testemunhar.
A
profecia que identificava a destruição do Templo com fim dos tempos é superada!
Entretanto, Jesus alerta que no vazio deixado por sua ausência, como, por fim,
o vazio deixado pelas grandes tradições, oferece oportunidade para pregadores
de ocasião. Gente que se alvora a salvar o mundo com suas palavras e caminhos
extemporâneos. Há uma alerta geral, pois nos lembra o Senhor: “Cuidado para que
vocês não sejam enganados, porque muitos virão em meu nome” (Lc 21,8).
Os
falsos profetas se espalham por toda parte. Por vezes são invejados e copiados,
mas isso não testemunha o Reino nem a presença de Jesus.
Tempos
difíceis também não são provas para o fim dos tempos. Eventos catastróficos e
esperanças desviadas são sinais inequívocos de um mundo em ocaso, mas não é o
ocaso final.
No
entardecer do mundo a única coisa que atesta os sinais do Reino é a coragem dos
discípulos.
A
coragem daqueles que decidem permanecer de pé no crepúsculo é a prova do Reino.
Desde sempre estimamos e apreciamos a coragem. Ela se manifesta em meio às
dificuldades e é marcada pela decisão de não seguir o caminho fácil.
De não ceder ao mal. De não manipular a vontade de Deus, mas de ser passagem
que permite o Reino acontecer.
Essa
coragem é a marca dos que darão testemunho. Não haverá, como por fim, já não há
agora, vida fácil. Neste quesito o Senhor não engana ninguém. “Vocês serão
entregues até mesmo pelos próprios pais, irmãos, parentes e amigos. E eles
matarão alguns de vocês” (Lc 21,10).
Neste
tempo crepuscular o discípulo aparece fragilizado. Não demonstra fortuna e
parece envolto em dúvidas. Está fraco. É odiado “por todos, por causa do nome
do Senhor”. É neste momento que ele enfrenta o mal.
A
coragem transforma a caminhada numa jornada. Os empecilhos e até perigo para a
vida não esmorece os discípulos. Eles estão dispostos fazer a jornada até o
fim. Rindo dos infortúnios e alegrando-se com as derrotas. Assim, Paulo se
misturava com os grandes e pequenos do mundo. Assim, pescadores de origem
modestas olharam o mundo nos olhos. Anunciaram a sua morte e proclamaram o
nascimento de um mundo novo.
Confiantes
eles confiaram. Não prepararam nada com antecedência e não se espantaram com o
novo que vinha.
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