Cardeal Dom Paulo Cezar Costa Arcebispo de Brasília |
Palavra
Oficial
Fratelli Tutti!
Todos irmãos!
São com estas
palavras que o Papa Francisco inicia sua carta encíclica sobre a fraternidade e
a amizade social, inspirado nas palavras de São Francisco de Assis. Na
conclusão de mais um ano litúrgico, onde todas as coisas são recapituladas em
Cristo (Ef 1, 10), Rei do Universo, minha primeira palavra quer ser de gratidão
a todos (as) pela unidade de fé e de vida sustentada em nossa amada
Arquidiocese de Brasília. Um agradecimento especial aos nossos dedicados
presbíteros que desgastam a vida com alegria nas nossas 157 paróquias, 2 áreas
pastorais e seminários. Obrigado por fazerem a diferença. Neste mesmo sentido,
minha gratidão aos religiosos e religiosas pela doação em tantas obras e
colégios desta grande cidade. Deus lhes pague e sustente.
Mas não menos importante
é a dedicação do nosso laicato que, gratuitamente, se desgasta nas pastorais,
movimentos e nas diversas atividades da vida de nossas paróquias e da
Arquidiocese. Obrigado pela vossa generosa doação. Deus lhes pague e sustente.
Estamos dando passos num caminho pastoral que envolve a todos (as), na busca de
sermos uma Igreja evangelizadora e missionária centrada na Palavra de Deus,
como nos indica o nosso Plano Pastoral. Fundamental é, também, o caminho que
estamos trilhando na dimensão social da fé, principalmente agora com o projeto
“Partilha Brasília”.
Contudo, há uma
preocupação que está inquietando o meu coração de pastor. Este tempo que
passou, nos colocou diante de situações tão extremas, que fomos provados na
nossa existência e nas nossas relações. A humanidade está vivendo ainda o drama
da pandemia de COVID-19 que revelou nossa fragilidade, trouxe perdas
irreparáveis e danos profundos. Papa Francisco mostrou como “a tempestade
desmascara a nossa vulnerabilidade e deixa à descoberto as falsas e supérfluas
seguranças com que construímos os nossos programas, os nossos projetos, os
nossos hábitos e prioridades” (FRANCISCO, Fratelli Tutti, 32). Esta situação
foi agravada pelo pleito eleitoral que acirrou a polarização na nossa
sociedade, onde as discussões e opções políticas colocaram as pessoas em lados
opostos, criando inimizades, fragilizando laços familiares. Fomos provados em
nossa humanidade e em nosso caminho de fé.
Diante de tais
circunstâncias, me veio ao coração uma inspiração pastoral para o tempo do
Advento que se inicia: Que neste tempo de espera e de preparação para o
nascimento de Jesus, recordado e celebrado em cada Natal, possamos orientar
nossas mentes e corações para restabelecer vínculos fraternos, para fortalecer
os nossos laços de família, para estabelecermos a paz entre nós. O Senhor, em
seu amor, nos estabeleceu a todos como irmãos! É preciso contemplar a ternura
do presépio e nos deixarmos comover por ela. A vinda do Filho de Deus à nossa
história na simplicidade e humildade deve nos interpelar. Sua entrada na nossa
história revela que somos todos filhos e filhas no mesmo Pai que está no céu e
salvos em Cristo. Somos irmãos entre nós. Essa realidade precisa ser traduzida
de forma cristã no nosso entendimento de vida, na nossa vida afetiva, nos
nossos relacionamentos e nas nossas ações. É preciso sentirmos que quem está ao
nosso lado não é um inimigo, mas um irmão, uma irmã a quem devemos amar, pois o
amor rompe “as cadeias que nos isolam e separam, lançando pontes; o amor que nos
permite construir uma grande família na qual todos nós podemos nos sentir em
casa (…). Amor que sabe de compaixão e dignidade” (FRANCISCO, Fratelli Tutti,
62).
Neste esforço,
diversas iniciativas acontecerão em nossas paróquias e comunidades. O secretariado
de Pastoral ajudará propondo algumas iniciativas.
Pedimos aos sacerdotes, diáconos, religiosos(as) e consagrados(as), lideranças
de pastoral e a todo o povo de Deus que se esforcem para serem sinais, ainda
mais luminosos, de reconciliação e de paz neste período, ajudando a todos
membros da Igreja e também de toda a sociedade civil, a seguir construindo uma
sociedade mais reconciliada, onde todos se sintam irmãos e irmãs.
Que Senhor nos
ajude a sermos, instrumentos da paz! Em Cristo,
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