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“Estou
cheio de consolação, estou inundado de alegria no meio de todas as tribulações”
(7,3-4). Elas mostram que, mesmo entre as intempéries da vida, o verdadeiro
discípulo de Cristo jamais perde a esperança, pois está inundado da alegria do
Espírito Santo." (Papa Paulo VI - Exortação Apostólica Gaudete in Domino).
Jackson Erpen - Cidade do Vaticano
Giovanni Battista Enrico Antonio Maria
Montini foi eleito Papa em 21 de junho de 1963, assumindo o nome de Paulo
VI. Ele governou a Igreja por 15 anos, até 6 de agosto de 1978.
Montini leva a cumprimento o Concílio Vaticano II,
inaugura as viagens pelo mundo a começar por Jerusalém, visita as Nações Unidas
e ressalta o valor da “paz como única verdadeira linha do progresso humano”. A
atualidade de seu magistério pode ser confirmada pelas contínuas referências a
ele feitas pelo Papa Francisco, que o canonizou em 14 de outubro de 2018.
Em um Simpósio realizado em Milão, o cardeal Pietro
Parolin afirmou que Igreja de Giovanni Battista Montini é uma Igreja que “sai
de si mesma para encontrar a história”, “perita em humanidade”, que “indica a
centralidade do homem e da paz”. Paulo VI - acrescentou o secretário de Estado
- intuiu o processo de globalização, um “mundo sempre mais complexo” que exige
o papel dos “construtores de paz”, a “colaboração entre as nações” e o “diálogo
entre diferentes credos”. Ele “alargou o olhar e o coração a todos
os ângulos do mundo”, institui o Dia Mundial da Paz, reformou nesta mesma
direção a diplomacia vaticana e escreveu a Carta Encíclica Populorum
progressio sobre o desenvolvimentos dos povos.
Depois de 'Paulo VI no período
conciliar", padre Gerson Schmidt* nos propõe hoje a
reflexão "Paulo VI e a alegria":
"São Paulo VI foi chamado de “o Papa do
sofrimento”, dados os dissabores que enfrentou dentro e fora da Igreja na fase
imediatamente seguinte ao Concílio. Nada fácil a vida de um Papa, diante de
tantos propósitos de reforma preteridos pelo Concílio Vaticano II. As mudanças
necessárias na Igreja fizerem muitos vacilarem na fé, havendo uma debandada
muito grande de sacerdotes e religiosos. Se o Papa Paulo VI foi um homem de
sofrimento, podemos dizer que Montini – o Papa Paulo VI - foi também “o Papa da
verdadeira alegria que vem do Senhor”.
Para evocar o lado sereno e feliz desse Pontífice,
que foi canonizado pelo Papa Francisco em 2014, desejamos lembrar aqui um
documento pouco conhecido, mas de grande profundidade espiritual, que foi
assinado por ele em 9 de maio de 1975. Trata-se da Exortação
Apostólica Gaudete in Domino, que, em português,
significa Alegrai-vos no Senhor!, escrita por Paulo VI em preparação à
solenidade de Pentecostes do Ano Jubilar de 1975.
Nessa Exortação, o Santo Padre começa dizendo, com
fundamento em Filipenses 4,45 e no Salmo 145,18: “Alegrai-vos no Senhor, porque
Ele está perto de todos os que O invocam com sinceridade” e a partir daí vai
desenvolvendo a noção da alegria cristã, que é a alegria no Espírito Santo como
um dom d’Ele mesmo para cada um de nós (cf. Gl 5,22). Esta alegria como dom de
Deus não raras vezes é esquecida, como se ser cristão e ser santo fosse ter
cara feia e triste. Aliás, duas constatações vêm ao caso a propósito: a
primeira lembra aquele dito popular, às vezes também atribuído a algum santo:
“Um santo triste é um triste santo”; a segunda é a fala do Papa Francisco, no
dia 1º de junho de 2013, quando diz, recordando, inclusive, Paulo VI, que
“muitas vezes os cristãos têm mais cara de que estão num cortejo fúnebre do que
louvando a Deus”, mas isso está errado, pois “sem a alegria, o cristão não pode
ser livre, mas, ao contrário, torna-se escravo da tristeza”.
É precisamente este o ponto em que os Papas
Bergoglio e Montini se encontram, uma vez que, na conclusão da Gaudete
in Domino se lê: “Irmãos e filhos caríssimos: não será normal que a
alegria habite dentro de nós, quando os nossos corações contemplam e descobrem
de novo, na fé, os seus motivos fundamentais? E estes motivos são simples,
aliás: tanto amou Deus o mundo, que lhe deu o seu Filho único. Pelo seu
Espírito, a sua presença não cessa de envolver-nos na sua ternura e de nos impregnar
com a sua vida; e nós caminhamos para a transfiguração ditosa das nossas
existências, seguindo rumo à ressurreição de Jesus. Sim, seria muito estranho
que esta Boa-Nova que provoca os aleluias da Igreja não nos
deixasse com o semblante de pessoas salvas!”
Paulo VI recorda nessa exortação o Apóstolo das
gentes: “Estou cheio de consolação, estou inundado de alegria no meio de todas
as tribulações” (7,3-4). Elas mostram que, mesmo entre as intempéries da vida,
o verdadeiro discípulo de Cristo jamais perde a esperança, pois está inundado
da alegria do Espírito Santo."
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