Dom Leomar Brustolin | Wikipédia |
SOBRE O MORRER
Dom
Leomar Antônio Brustolin
Arcebispo de Santa Maria (RS)
Geralmente
pensamos na morte fora da vida, contudo, gastar tempo, consumir energia e
renunciar a algo são sinais de que, diariamente, a vida é como uma vela que se
consome para produzir luz. Não duramos eternamente na Terra. Na vida, há também
cansaço em busca de repouso. Depois de uma jornada de trabalho, é preciso
descansar. Passado o dia ensolarado, segue o pôr do sol. Os livros tendem ao
epílogo, e uma novela se desenrola para o último capítulo. Há muita beleza no
fim. Os latinos costumavam dizer: finis coronat opus (o fim
coroa a obra).
Preparar-se
para o entardecer da vida não é olhar para a noite da morte, mas perceber que o
sol se põe desse lado da existência, mas continua a iluminar a outra, onde é
sempre dia. De certa forma, isso nos ajuda a compreender a vida: quando
morremos, apagamos para este mundo, mas vivemos e somos iluminados na vida
eterna que Deus nos preparou.
Após
a morte, ensina a Igreja, nos encontraremos diante de Jesus Cristo e seremos
examinados pelo amor aqui vivido. O julgamento é atual, porque é agora que
decidimos a favor da verdade ou da mentira, da justiça ou da injustiça, do bem
ou do mal, de Deus ou das trevas. A nossa vida é bela, com muitas oportunidades
e responsabilidades. A beleza da vida e a liberdade que ganhamos não permitem
que sejamos livres para fazer o mal.
Algumas
pessoas chegam a sustentar que Deus é tão bom que, no final, perdoará tudo até
mesmo todo o mal praticado. Supor que no final tudo será zerado, sem respeitar
a opção daqueles que negam o projeto de Deus, é esvaziar a justiça divina.
Permanece a possibilidade de condenação eterna como opção livre e consciente de
quem construiu uma existência sem amor.
O
critério de julgamento não é imprevisto, pois seremos julgados pelo Evangelho
de Jesus. E isso vale para todo ser humano, até mesmo àqueles que não
conheceram o “Redentor”. Sempre é tempo de recordar que
seremos perguntados conforme o que consta no Capítulo 25 do Evangelho escrito
por São Mateus, quando o Senhor sentenciar: “Tive fome e me destes de comer,
tive sede e me destes de beber, era forasteiro e me acolhestes, estive nu e me
vestistes, estava doente e preso e me visitastes. Cada vez que o fizestes
a um desses meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes.” (Mt
25,35-41)
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