Os símbolos do Natal | Portal Kairós |
ACOLHER OS SINAIS DO NATAL
Dom
Leomar Antônio Brustolin
Arcebispo de Santa Maria (RS)
Dentre
os muitos sinais e símbolos do Natal, nada pode evocar melhor a festa de 25 de
dezembro do que o presépio. Cada um de seus símbolos são carregados de sentido
e trazem uma forte mensagem para todo ser humano. Se observarmos a manjedoura,
por exemplo, perceberemos a grandeza do Deus que se faz pobre para nos
enriquecer. Em Belém, havia casas escavadas na rocha, onde havia bebedouros de
pedra e manjedouras esculpidas no rochedo.
Quando
Jesus nasceu, a cidade estava lotada, restava apenas o curral dos animais com a
manjedoura. Ela é símbolo de acolhida. As pessoas não acolhem Jesus, mas os
animais cedem seu coxo como leito para o Menino-Deus. A natureza dá lugar para
um recém-nascido. O Menino colocado na manjedoura se parece com todos os outros
recém-nascidos, mas a condição do seu nascimento escandaliza até mesmo os
pastores. Eles tinham ao menos uma tenda própria para viver.
O
Menino de Belém nasceu entre os animais. No rosto de muita gente, hoje, se
encontra a mesma situação de pobreza de Belém. Há muitos outros sofredores ao
nosso redor que não têm o calor do lar e que carecem de um presépio que os
acolha. Celebrar o Natal sem recordar esses irmãos e irmãs é festejar,
apaticamente, uma data e perder o sentido da própria festa que é para todos. O
nascimento no presépio não quer trazer agonia e desespero, mas alegria,
mansidão e esperança. Quem sabe festejar essa criança sabe, também, discernir
os valores entre o ter e o ser. O problema não é ter, mas colocar os bens
materiais e pessoais acima da vida.
As
primeiras testemunhas do nascimento de Jesus eram pastores desprezados pela
sociedade da época. Esse fato revela que o Menino de Belém traz consolo e
esperança para os desprezados da Terra. É uma imagem que evoca, ainda, o
nascimento do Divino Pastor, que guiará seu povo com justiça e cuidará do
rebanho como um Pai. Os pastores guardam o rebanho e protegem as ovelhas, estão
familiarizados com o escuro, a noite e o misterioso. São sensíveis aos sinais
que aparecem no meio da noite. É por isso que acolheram a mensagem angélica de
paz aos homens de boa vontade. Suas mãos calejadas se unem em oração, e, diante
do presépio, suas faces rudes se suavizam e se iluminam.
Com os pastores de Belém, é preciso aprender a ser pobre ao estilo do
Evangelho: “Felizes os pobres em espírito, porque deles é o reino dos céus” (Mt
5,1). Trata-se de ser livres em relação aos próprios bens e ser capaz de os
partilhar sem olhar para trás. É preciso ser capaz de levar o pouco que temos
para oferecer a Deus como os pastores que visitaram o Presépio ricos de sua
pobreza.
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