História de Natal | Sogipa |
HISTÓRIA DE NATAL
Dom
Aloísio A. Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul (RS)
Caros
diocesanos. O Natal se aproxima e é hora de preparar tudo para que o
Deus-Menino possa nascer em nosso meio. Sim, é um tempo especial, diferente e
não é para menos, pois Deus vem ao mundo em forma de criança para que nós,
humanos, possamos ter acesso ao divino. É a plenitude do tempo, em que o céu e
a terra trocam seus dons mais preciosos: Jesus vem com sua divindade e nós lhe
oferecemos nossa humanidade. Eis o sentido da encarnação do Verbo que se fez
carne e veio habitar entre nós (cf. Jo 1, 14).
Este
tempo do Natal, tão cheio de simbolismo, sempre evoca as belas lembranças dos
natais já vividos, em nossas famílias, comunidades e ambientes sociais,
especialmente os da infância. Quantas histórias para contar. Hoje, desejo
contar-vos uma história, de autor desconhecido, que nos ajuda a entender o
maravilhoso tempo do Natal, repleto de sinais de amor, de ternura, de perdão,
enfim, de solidariedade humana, espelhadas na solidariedade divina, manifestada
por Jesus para com todos nós.
Conta-se
que, num dia de muito frio, às vésperas do Natal, no hemisfério norte, um
menino de aproximadamente dez anos estava descalço, em frente a uma loja de
calçados, com o olhar fixo na vitrine, tremendo de frio. Uma senhora
aproximou-se do guri e disse-lhe: “O que estás a olhar com tanta
concentração”? O menino, com receio de ser mandado embora, respondeu
timidamente: “Eu estava pedindo a Deus para me dar um par de sapatos, neste
Natal”. A senhora, comovida, tomou o menino pela mão, entrou na loja e
pediu ao atendente para trazer meias e um par de sapatos para o menino, por sua
conta. Pediu também uma bacia com água quente e uma toalha; conduziu o menino
para os fundos da loja e lavou-lhe os pés, secando-os com a toalha. A senhora
entregou-lhe as meias e presenteou o par de sapatos, dizendo-lhe: “Estás bem
agora”? O menino, com lágrimas de felicidade nos olhos, olhou para seu
rosto e perguntou: “A senhora é a mulher de Deus”?
Histórias
como essa, sempre de novo nos mostram que gestos de amor se identificam com o
jeito de ser de Deus, são “divinos”. Não é por nada que São João afirma:
“Deus é amor: quem permanece no amor, permanece em Deus, e Deus permanece
nele… Se alguém disser: ‘Amo a Deus’, mas odeia o seu irmão, é mentiroso”
(1Jo 4, 16.20). Outro texto bíblico que ajuda a entender esta história é o do
evangelho de Mateus, quando Jesus está falando aos discípulos e é chamado para
atender os seus familiares: “‘Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?’. E,
estendendo a mão para os discípulos, acrescentou: ‘eis minha mãe e meus irmãos.
Pois todo aquele que faz a vontade do meu Pai, que está nos céus, esse é meu
irmão, minha irmã e minha mãe’” (Mt 12, 48b-50). Fazer a vontade do Pai é
viver o amor a Deus e aos irmãos. Por isso aquela generosa senhora, no pensar
do menino, só poderia estar muito ligada a Deus, a fonte do Amor.
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