Bento XVI | Vatican News |
Papa
emérito morreu às 9h34 deste sábado, 31 de dezembro. O funeral será na
quinta-feira, 5 de janeiro, às 9h30 locais na Praça São Pedro, presidido pelo
Papa Francisco.
Vatican News
Comunicado do diretor da Sala de Imprensa da Santa
Sé, Matteo Bruni:
“Com
pesar informo que o Papa Emérito Bento XVI faleceu hoje às 9h34, no Mosteiro
Mater Ecclesiae, no Vaticano. Assim que possível, serão enviadas novas
informações.”
Desde quarta-feira passada, quando o Papa Francisco
afirmou que seu predecessor estava muito doente, fiéis do mundo inteiro se
uniram em oração pela saúde do Papa emérito. Bento XVI tinha 95 anos e vivia no
Mosteiro Mater Ecclesiae desde sua renúncia ao ministério petrino, em 2013.
O corpo do Papa emérito estará na Basílica de São
Pedro para a saudação dos fiéis a partir da segunda-feira, 2 de janeiro. O
funeral será na quinta-feira, 5 de janeiro, às 9h30 locais na Praça São Pedro,
presidido pelo Papa Francisco.
A biografia de Bento XVI
Joseph
Ratzinger recebeu a Ordenação Sacerdotal em 29 de junho de 1951. Em 25 de março
de 1977, o Papa Paulo VI nomeou-o arcebispo de München e Freising. Em 28 de
maio seguinte, recebeu a sagração episcopal. Paulo VI criou-o cardeal no
Consistório de 27 de junho desse mesmo ano.
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O cardeal Joseph Ratzinger, Papa Bento XVI, nasceu
em Marktl am Inn, Diocese de Passau (Alemanha), no dia 16 de abril de 1927
(Sábado Santo), e foi batizado no mesmo dia. O seu pai, comissário da polícia,
provinha duma antiga família de agricultores da Baixa Baviera, de modestas
condições econômicas. A sua mãe era filha de artesãos de Rimsting, no lago de
Chiem, e antes de casar trabalhara como cozinheira em vários hotéis.
Passou a sua infância e adolescência em Traunstein,
uma pequena localidade perto da fronteira com a Áustria, a trinta quilômetros
de Salisburgo. Foi neste ambiente, por ele próprio definido “mozarteano”, que
recebeu a sua formação cristã, humana e cultural.
O período da sua juventude não foi fácil. A fé e a
educação da sua família prepararam-no para enfrentar a dura experiência
daqueles tempos, em que o regime nazista mantinha um clima de grande
hostilidade contra a Igreja Católica. O jovem Joseph viu os nazistas açoitarem
o pároco antes da celebração da Santa Missa.
Precisamente nesta complexa situação, descobriu a
beleza e a verdade da fé em Cristo; fundamental para ele foi a conduta da sua
família, que sempre deu um claro testemunho de bondade e esperança, radicada
numa conscienciosa pertença à Igreja.
Até o mês de setembro de 1944 esteve alistado nos
serviços auxiliares anti-aéreos.
Recebeu a Ordenação Sacerdotal em 29 de junho de
1951.
Um ano depois, começou a sua atividade de professor
na Escola Superior de Freising.
No ano de 1953, doutorou-se em teologia com a tese
“Povo e Casa de Deus na doutrina da Igreja de Santo Agostinho”. Passados quatro
anos, sob a direção do conhecido professor de teologia fundamental Gottlieb
Söhngen, conseguiu a habilitação para a docência com uma dissertação sobre “A
teologia da história em São Boaventura”.
Depois de desempenhar o cargo de professor de
teologia dogmática e fundamental na Escola Superior de Filosofia e Teologia de
Freising, continuou a docência em Bonn, de 1959 a 1963; em Münster, de 1963 a
1966; e em Tubinga, de 1966 a 1969. A partir deste ano de 1969, passou a ser
catedrático de dogmática e história do dogma na Universidade de Regensburg,
onde ocupou também o cargo de Vice-Reitor da Universidade.
De 1962 a 1965, prestou um notável contributo ao
Concílio Vaticano II como “perito”; viera como consultor teológico do Cardeal
Joseph Frings, Arcebispo de Colônia.
A sua intensa atividade científica levou-o a
desempenhar importantes cargos ao serviço da Conferência Episcopal Alemã e na
Comissão Teológica Internacional.
Em 25 de março de 1977, o Papa Paulo VI nomeou-o
Arcebispo de München e Freising. A 28 de maio seguinte, recebeu a sagração
episcopal. Foi o primeiro sacerdote diocesano, depois de oitenta anos, que
assumiu o governo pastoral da grande arquidiocese bávara. Escolheu como lema
episcopal: “Colaborador da verdade”; assim o explicou ele mesmo: “Parecia-me,
por um lado, encontrar nele a ligação entre a tarefa anterior de professor e a
minha nova missão; o que estava em jogo, e continua a estar – embora com modalidades
diferentes –, é seguir a verdade, estar ao seu serviço. E, por outro, escolhi
este lema porque, no mundo atual, omite-se quase totalmente o tema da verdade,
parecendo algo demasiado grande para o homem; e, todavia, tudo se desmorona se
falta a verdade”.
Paulo VI criou-o cardeal, do título presbiteral de
“Santa Maria da Consolação no Tiburtino”, no Consistório de 27 de junho desse
mesmo ano.
Em 1978, participou no Conclave, celebrado de 25 a
26 de agosto, que elegeu João Paulo I; este nomeou-o seu Enviado especial ao
III Congresso Mariológico Internacional que teve lugar em Guayaquil (Equador)
de 16 a 24 de setembro. No mês de outubro desse mesmo ano, participou também no
Conclave que elegeu João Paulo II.
Foi Relator na V Assembleia Geral Ordinária do
Sínodo dos Bispos realizada em 1980, que tinha como tema “Missão da família
cristã no mundo contemporâneo”, e Presidente Delegado da VI Assembleia Geral
Ordinária, celebrada em 1983, sobre “A reconciliação e a penitência na missão
da Igreja”.
João Paulo II nomeou-o Prefeito da Congregação para
a Doutrina da Fé e Presidente da Pontifícia Comissão Bíblica e da Comissão
Teológica Internacional, em 25 de novembro de 1981. No dia 15 de fevereiro de
1982, renunciou ao governo pastoral da arquidiocese de München e Freising. O
Papa elevou-o à Ordem dos Bispos, atribuindo-lhe a sede suburbicária de
Velletri-Segni, em 5 de abril de 1993.
Foi Presidente da Comissão encarregada da
preparação do Catecismo da Igreja Católica, a qual, após seis anos de trabalho
(1986-1992), apresentou ao Santo Padre o novo Catecismo.
A 6 de novembro de 1998, o Santo Padre aprovou a
eleição do Cardeal Ratzinger para Vice-Decano do Colégio Cardinalício,
realizada pelos Cardeais da Ordem dos Bispos. E, no dia 30 de novembro de 2002,
aprovou a sua eleição para Decano; com este cargo, foi-lhe atribuída também a
sede suburbicária de Óstia.
Em 1999, foi como Enviado especial do Papa às
celebrações pelo XII centenário da criação da diocese de Paderborn, Alemanha,
que tiveram lugar a 3 de janeiro.
Desde 13 de novembro de 2000, era Membro honorário
da Academia Pontifícia das Ciências.
No dia 6 de fevereiro de 2013, durante o
Consistório Ordinário Público para a canonização de alguns Santos, anunciou a
decisão de renunciar ao ministério petrino com estas palavras: “Depois de ter
examinado repetidamente a minha consciência diante de Deus, cheguei à certeza
de que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são idóneas para
exercer adequadamente o ministério petrino. Estou bem consciente de que este
ministério, pela sua essência espiritual, deve ser cumprido não só com as obras
e com as palavras, mas também e igualmente sofrendo e rezando. Todavia, no
mundo de hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande
relevância para a vida da fé, para governar a barca de São Pedro e anunciar o
Evangelho, é necessário também o vigor quer do corpo quer do espírito; vigor
este, que, nos últimos meses, foi diminuindo de tal modo em mim que tenho de
reconhecer a minha incapacidade para administrar bem o ministério que me foi
confiado. Por isso, bem consciente da gravidade deste ato, com plena liberdade,
declaro que renuncio ao ministério de Bispo de Roma, Sucessor de São Pedro”.
O seu pontificado se concluiu em 28 de fevereiro de
2013.
Em seguida, Bento XVI foi morar na Cidade do
Vaticano, junto ao Mosteiro “Mater Ecclesiae”, como Papa Emérito.
Na Cúria Romana, foi Membro do Conselho da
Secretaria de Estado para as Relações com os Estados; das Congregações para as
Igrejas Orientais, para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, para os
Bispos, para a Evangelização dos Povos, para a Educação Católica, para o Clero,
e para as Causas dos Santos; dos Conselhos Pontifícios para a Promoção da
Unidade dos Cristãos, e para a Cultura; do Tribunal Supremo da Signatura
Apostólica; e das Comissões Pontifícias para a América Latina, “Ecclesia Dei”,
para a Interpretação Autêntica do Código de Direito Canónico, e para a revisão
do Código de Direito Canónico Oriental.
Entre as suas numerosas publicações, ocupam lugar
de destaque o livro “Introdução ao Cristianismo”, uma compilação de lições
universitárias publicadas em 1968 sobre a profissão de fé apostólica, e o livro
“Dogma e Revelação” (1973), uma antologia de ensaios, homilias e meditações,
dedicadas à pastoral.
Grande ressonância teve a conferência que
pronunciou perante a Academia Católica Bávara sobre o tema “Por que continuo
ainda na Igreja?”; com a sua habitual clareza, afirmou então: “Só na Igreja é
possível ser cristão, não ao lado da Igreja”.
No decurso dos anos, continuou abundante a série
das suas publicações, constituindo um ponto de referência para muitas pessoas,
especialmente para os que queriam entrar em profundidade no estudo da teologia.
Em 1985 publicou o livro-entrevista “Informe sobre a Fé” e, em 1996, “O sal da
terra”. E, por ocasião do seu septuagésimo aniversário, publicou o livro “Na
escola da verdade”, onde aparecem ilustrados vários aspectos da sua
personalidade e da sua obra por diversos autores.
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