Mons. Antônio Aparecido | arqbrasilia |
Na manhã desta
quarta-feira (21/12), o Santo Padre nomeou Monsenhor Antônio Aparecido como
Bispo Auxiliar para a Arquidiocese de Brasília. O novo Bispo enviou carta
direcionada ao Arcebispo de Brasília, Cardeal Paulo Cezar Costa, e aos fiéis da
Capital Federal manifestando sua unidade com a Igreja Particular que o recebe e
onde servirá auxiliando Dom Paulo Cezar no pastoreio no rebanho.
Abaixo, confira a
íntegra da Carta do Monsenhor Antônio Aparecido de Marcos Filho ao Cardeal
Arcebispo de Brasília e aos fiéis.
São Carlos, 21 de dezembro do ano da graça do
Senhor de 2022
Vossa Eminência
Reverendíssima, Dom Paulo Cezar Cardeal Costa,
Na manhã desta
quarta-feira, sua Santidade, o Papa Francisco, viu por bem nomear-me bispo
titular de Centenaria e vosso auxiliar em Brasília. Por tal, envio essa carta
cordial, pedindo que a transmita a todo o povo de Deus dessa importante
arquidiocese, se oportuno.
Ao receber a
nomeação, tomei-me de admiração e espanto. Pensei, e ainda penso, que Nosso
Senhor Jesus Cristo queira trabalhar com os “fracos, a fim de confundir os
fortes” (Cf. ICor 1, 27-29). Tudo que tenho e sou é dom da Graça de Deus. Nada,
absolutamente nada, fora recebido a não ser pela Graça. Foi essa mesma Graça
que me manteve, sustentou-me, chamou-me e enviou-me. Assim, noto que, apesar da
minha fraqueza, Nosso Senhor sempre foi fiel, sempre veio ao meu encontro e
sempre me manteve, mesmo na minha fraqueza. Digo isso para reforçar: tudo é
graça. Nada é mérito, nada é conforme a minha vontade, tudo deve ser conforme a
Vontade d’Ele: “fiat voluntas tua”.
Por isso, a minha
primeira atitude é de louvor e gratidão a Nosso Senhor. Ele quem tudo fez, Ele
quem tudo quis, Ele que a todos salva. O espanto que mencionei, faz sentido
justamente dessa forma: um Deus imenso e infinito que vem ao nosso encontro e,
na minha fraqueza, escolheu-me. Assim, meu desejo é de que, na minha pequenez,
não se possa ver outra coisa, senão a grandeza de Deus. Que seja eu, na minha
miséria, um instrumento de Sua Misericórdia.
Assim, agradeço
unicamente a Ele, mas também àqueles que Ele colocou em meu caminho como canais
de Sua Graça misericordiosa. À Sua Eminência Reverendíssima, Dom Paulo Cardeal
Costa, pela amizade e carinho. Vossa Eminência sabe o quanto lhe sou grato.
Sabe o quanto lhe sou devotado e quão cara me é vossa paternal amizade. Estando
como nosso bispo, em São Carlos, fez-me um dos homens de sua confiança. Claro,
sempre me fora notório sua bondade, amor à Igreja e disponibilidade ao serviço
pastoral. E, assim, sendo um pastor próximo de suas ovelhas e dos presbíteros,
seus delegados no meio do povo, quis ter em mim, apesar de mim, alguém que vos
auxiliasse nos trabalhos diversos. Sempre fui temeroso, mas sempre aceitei com
amor cada missão que, dada por Vossa Eminência, era confiada a mim pelo próprio
Cristo.
Desse mesmo modo,
quis agora unir-me à missão divina confiada por Nosso Senhor aos apóstolos, que
se estende até o fim dos séculos (cf. Mt 28, 20). Pedindo à Sua Santidade meu
auxílio, não pude, diante de Deus e de tanto amor recebido, negar tal missão.
Assim, miro a grandeza e a responsabilidade que acompanham tal ministério,
plenitude do sacramento da Ordem, que me será confiado, mas confio na Palavra
de Nosso Senhor de que Ele falará em nosso lugar (cf. Mt 10,19).
A missão dos
apóstolos continua ininterruptamente na sociedade hierarquicamente organizada
da Igreja de Deus (Cf. LG 20). E, agora, olhando para mim, suplico ao Senhor da
Messe que cumpra seu desígnio benevolente. Os bispos assumem o serviço da
comunidade com o auxílio dos presbíteros e dos diáconos. Por isso, quero me
unir com alegria aos trabalhos pastorais que Vossa Eminência realiza em vossa
grei, guiando seu rebanho aos campos do Bom e Belo Pastor, bem como ao seu
auxiliar, a Excelência Reverendíssima, Dom José Aparecido Gonçalves de Almeida,
que certamente muito me ensinará e, conosco, buscará a salvação das almas,
suprema lei da Igreja.
Ao clero dessa
importante arquidiocese do nosso querido país, elevo o desejo de ser irmão.
Colaborador, com Vossa Eminência e os seus, na implantação dos valores
evangélicos e da vivência das virtudes, a fim de construirmos uma vida
perfeita, à estatura de Cristo. São eles vosso rebanho. É Vossa Eminência o seu
pastor. Conquanto, caminhamos todos juntos para o mesmo redil, onde seremos
todos ovelhas a ser apascentadas por Ele. Fato é, sou um homem interiorano,
simples, filho de lavradores e, com cada um do vosso clero, quero continuar a
ser assim: simples, amigo, próximo, irmão. Como diria Santo Agostinho, para
eles Bispo, com eles cristão.
A todo o povo de
vossa arquidiocese, suas ovelhas, quero unir-me. Meu anseio é fazer desse
ministério que vou abraçar tão somente aquilo que Deus quiser que eu faça. Não
quero colocar meus projetos, meus desejos, minhas convicções à frente do que
são os projetos, anseios e a Verdade Revelada. Que minha vida seja feita
conforme a Divina Vontade. O lema que escolhi: “Populus tuus populus meus”
(Cf. Rt 1,16) diz respeito a isso. O chamado de Abraão, como protótipo de todo
chamado, é de que saiamos. Sair de si, sair de sua casa, sair de sua família,
sair de sua segurança, sair de tudo que se construiu, sair de sua diocese… É ir
aonde Deus mandar. Mas, qual a garantia de que Ele está conosco? É de que o
povo d’Ele está aí. Somos todos família de Deus, seguidores de Cristo, e, deste
modo, aonde estiver o povo que é d’Ele, aí devo estar, aí posso estar, aí Ele
há de me enviar, como Seu servidor, na expansão do Seu Reino.
Quando deixei minha
casa, minha família, minha pequena cidade de Ibaté, saí em busca do chamado que
Ele me fazia. Em todos esses anos, por onde andei e passei para realizar as
missões que Ele me confiava pela Sua Santa Igreja, aí encontrei Seu povo: fomos
família, fomos irmãos, fomos servos de um mesmo Senhor. Assim o quero ser até o
fim. Sou grato à Diocese de São Carlos, minha mãe, minha Igreja até então. Foi
nessa minha Galileia que Deus me chamou! Este lema que escolhi mostra que,
assim como Rute abraçou a história do povo de Israel, quero abraçar a história
desse povo da Igreja de Brasília, como um estrangeiro que passa a ser parte
daquele povo e, assim, daquela história.
Por fim,
confio-vos, e a cada um desses vossos fiéis, à Virgem Maria, a Santíssima
Senhora, a Virgem Aparecida. Ela, Rainha e Padroeira do Brasil, é Mãe, é Senhora
e é modelo de servidora do Evangelho e do chamado de Deus. A São José, pai
nutrício de Nosso Senhor, patrono da Igreja universal, confio as vossas causas
mais difíceis, bem como as minhas e a de todo o Povo de Deus, para que ele nos
ajude a viver com fidelidade a justiça e o amor.
Despeço-me
suplicando vossa bênção apostólica, dando-lhe um abraço filial.
Mons. Antonio
Aparecido de Marcos Filho
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