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O Papa e a sucessão apostólica
São Cipriano (+258), bispo de
Cartago, defensor da unidade da Igreja:
O Senhor diz a Pedro: “Eu te
digo que és Pedro e sobre esta pedra edificarei minha Igreja e as
portas do inferno não prevalecerão sobre ela. Dar-te-ei as chaves do
reino dos céus”. O Senhor edifica a sua Igreja sobre um só, embora conceda
igual poder a todos os apóstolos depois de sua ressurreição, dizendo:
“Assim como o Pai me enviou, eu os envio. Recebei o Espírito Santo, se
perdoardes os pecados de alguém, ser-lhes-ão perdoados, se os retiverdes,
ser-lhes-ão retidos. No entanto, para manifestar a unidade, dispõe por sua
autoridade a origem desta mesma unidade partindo de um só. Sem dúvida, os
demais apóstolos eram como Pedro, dotados de igual participação na honra e
no poder; mas o princípio parte da unidade para que se demonstre ser única
a Igreja de Cristo… Julga conservar a fé quem não conserva esta unidade da
Igreja? Confia estar na Igreja quem se opõe e resiste à Igreja? Confia
estar na Igreja, quem abandona a cátedra de Pedro sobre a qual está
fundada a Igreja?” (Sobre a Unidade da Igreja).
Santo Irineu (+202):
“Porque é com essa Igreja (de
Roma), em razão de sua mais poderosa autoridade de fundação, que
deve necessariamente concordar toda igreja, isto é, que devem concordar os
fiéis procedentes de qualquer parte, ela, na qual sempre, em benefício dos
que procedem de toda parte, se conservou a Tradição que vem dos apóstolos”
(Contra as Heresias).
São Pedro Crisólogo (+450):
“No interesse da paz e da fé não
podemos discutir sobre questões relativas à fé sem o consentimento do
Bispo de Roma”.
São João Crisóstomo (+407), bispo
de Constantinopla:
“Pedro, na verdade, ficou para nós
como a pedra sólida sobre a qual se apoia a fé e sobre a qual está
edificada a Igreja. Tendo confessado ser Cristo o Filho de Deus vivo,
foi-lhe dado ouvir: “Sobre esta pedra – a da sólida fé – edificarei a
minha Igreja” (Mt 16,18).
Tornou-se enfim Pedro o alicerce
firmíssimo e fundamento da Casa de Deus, quando, após negar a Cristo
e cair em si, foi buscado pelo Senhor e por ele honrado com as
palavras: “apascenta as minhas ovelhas” (Jo 21,15s). Dizendo isto, o
Senhor nos estimulou à conversão, e também a que de novo se edificasse
solidamente sobre Pedro aquela fé, a de que ninguém perde a vida e a
salvação, neste mundo, quando faz penitência sincera e se corrige de seus
pecados” (Haer. 59,c,8).
Eusébio de Cesareia (+340):
“Pedro e Paulo, indo para
a Itália, vos transmitiram os mesmos ensinamentos e por fim sofreram o
martírio simultaneamente” (História Eclesiástica, II 25,8)
Observação: A História da Igreja, desde cedo, mostra
que os sucessores de São Pedro em Roma fizeram uso da sua jurisdição. Por
exemplo na questão da data da festa da Páscoa, no século II, alguns
cristãos da Ásia Menor não queriam seguir o calendário de Roma; o Papa São
Victor (189-199) ameaçou-os de excomunhão (cf. Hist. Ecles. Eusébio V 24,
9-18). Ninguém contestou o Bispo de Roma, o Papa; e parecia claro a todos
os bispos que nenhum deles podia estar em comunhão com a Igreja universal
(já chamada de católica) sem estar em comunhão com a Igreja de Roma. Isto
mostra bem o primado de Pedro desde o início da Cristandade.
Papa Pio XII – Encíclica Mystici
Corporis Christi:
“Há os que se enganam perigosamente,
crendo poder se ligar a Cristo, cabeça da Igreja, sem aderir fielmente a
seu Vigário na terra. Porque suprimindo esse Chefe visível, quebrando os
laços luminosos da unidade, eles obscurecem e deformam o Corpo místico do
Redentor a ponto de ele não poder ser reconhecido e achado dentro dos
homens, procurando o porto da salvação eterna”.
SOBRE A SUCESSÃO APOSTÓLICA
São Clemente de Roma (+102), Papa
(88-97):
“Os apóstolos foram mandados a
evangelizar pelo Senhor Jesus Cristo. Jesus Cristo foi enviado por
Deus. Assim, Cristo vem de Deus e os apóstolos de Cristo. Essa dupla
missão se sucede em boa ordem, por vontade de Deus. Assim, tendo recebido
instruções, e estando plenamente convencidos pela ressurreição de
nosso Senhor Jesus Cristo, e confirmados na fé pela palavra de Deus, saíramos
Apóstolos a anunciar, na plenitude do Espírito Santo, a boa nova da
aproximação do reino de Deus. Iam pregando por campos e cidades, batizavam
os que obedeciam o desígnio de Deus, e iam estabelecendo aos que eram as
primícias dentre eles como bispos e diáconos dos futuros fiéis, depois de
prová-los no Espírito Santo. E isto não era novidade, pois desde muito
tempo estava escrito de tais bispos e diáconos” (n. VI).
“Renunciemos, portanto,
às nossas vãs preocupações e voltemos à gloriosa e veneranda regra de
nossa Tradição” (n. VII).
“Para que a missão a
eles [apóstolos] confiada fosse continuada após a sua morte, impuseram a
seus colaboradores imediatos, como que por testamento, o múnus de
completar e confirmar a obra iniciada por eles, recomendando que
atendessem a todo o rebanho no qual o Espírito Santo os colocara para
apascentar a Igreja de Deus. Constituíram, pois, tais varões e em seguida
ordenaram que, quando eles morressem, outros homens íntegros assumissem o
seu ministério” (Carta aos Coríntios 42,44).
“Também os nossos
Apóstolos sabiam, por Nosso Senhor Jesus Cristo, que haveria contestações
a respeito da dignidade episcopal. Por tal motivo e como tivessem
perfeito conhecimento do porvir, estabeleceram os acima mencionados e
deram, além disso, instruções no sentido de que, após a morte deles outros
homens comprovados lhes sucedessem em seu ministério. Os que assim foram
instituídos por eles, ou mais tarde por outros homens iminentes com a
aprovação de toda a Igreja, e serviram de modo irrepreensível ao rebanho de
Cristo com humildade, pacífica e abnegadamente, recebendo por longo tempo
e da parte de todos o testemunho favorável, não é justo em nossa opinião
que esses sejam depostos de seu ministério” (Cor 42, 1-3).
Essas palavras de São Clemente,
discípulo de São Paulo como confirma a tradição, é da maior importância,
pois nos mostram que foi desejo expresso dos Apóstolos que assim acontecesse a
sucessão apostólica. É por isso que após a morte de São Pedro, a Igreja de
Roma elegeu o seu sucessor, São Lino, depois Santo Anacleto, etc.
Tertuliano, Bispo de
Cartago (+202):
“(…) Foi inicialmente na Judeia
que [os apóstolos] estabeleceram a fé em Jesus Cristo e fundaram igrejas,
partindo em seguida para o mundo inteiro a fim de anunciarem a mesma
doutrina e a mesma fé. Em todas as cidades iam fundando igrejas das quais,
desde esse momento, as outras receberam o enxerto da fé, semente da doutrina,
e ainda recebem cada dia, para serem igrejas. É por isso mesmo que serão
consideradas como apostólicas, na medida em que forem rebentos das igrejas
apostólicas.
É necessário que tudo
se caracterize segundo a sua origem. Assim, essas igrejas, por numerosas e
grandes que pareçam, não são outra coisa que a primitiva Igreja apostólica
da qual procedem. São todas primitivas, todas apostólicas e todas uma só.
Para atestarem a sua unidade, comunicam-se reciprocamente na paz, trocam
entre si o nome de irmãs, prestam-se mutuamente os deveres da
hospitalidade: direitos todos esses regulados exclusivamente pela tradição
de um mesmo sacramento.
A partir daí, eis a prescrição
que assinalamos. Desde o momento em que Jesus Cristo, nosso Senhor, enviou
os apóstolos para pregarem, não se podem acolher outros pregadores senão
os que Cristo instituiu. Pois ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele
a quem o Filho tiver revelado.
E qual a matéria da pregação, isto
é, o que lhes tinha revelado o Cristo?
Aqui ainda assinalo
esta prescrição: para sabê-lo é preciso ir às igrejas fundadas
pessoalmente pelos apóstolos, por eles instruídas tanto de viva voz quanto
pelas epístolas depois escritas.
Nestas condições, é claro que
toda doutrina de acordo com essas igrejas apostólicas, matrizes e
fontes originárias da fé, deve ser considerada autêntica, pois contém o
que tais igrejas receberam dos apóstolos – apóstolos de Cristo e Cristo de
Deus. Ao contrário, toda doutrina deve ser pré-julgada como proveniente da
mentira se se opõe à verdade dos apóstolos, de Cristo e de Deus.
Resta, pois, demonstrar
que nossa doutrina, cuja regra formulamos acima, procede da tradição dos
apóstolos e, por isso mesmo, as demais procedem da mentira. Nós estamos em
comunhão com as igrejas apostólicas, se nossa doutrina não difere da sua:
eis o sinal da verdade” (Da Prescrição dos hereges, XIII-XX).
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