Antoine Mekary | ALETEIA |
Uma das máximas fontes de alegria na vida cristã: veja como o Papa a descreveu.
Você sabe o que é a consolação espiritual?
O Papa Francisco respondeu a esta pergunta na sua catequese do dia 23 de novembro, cujo tema central era o dom do discernimento. Ele explicou:
“O que é a consolação espiritual? É uma experiência de alegria interior, que permite ver a presença de Deus em tudo. Ela revigora a fé e a esperança, assim como a capacidade de fazer o bem.
A pessoa que vive a consolação não se rende diante das dificuldades, porque experimenta uma paz mais forte do que a provação. Trata-se, portanto, de um grande dom para a vida espiritual e para a vida no seu conjunto.
A pessoa se sente abraçada pela presença de Deus, de uma forma sempre respeitosa da própria liberdade. Nunca é algo desafinado, que procura forçar a nossa vontade, mas também não é uma euforia passageira”.
O Papa citou exemplos de santos como Agostinho, quando conversava com a mãe, Santa Mônica, sobre vida eterna; ou Santo Inácio de Loyola, que experimentava essa consolação espiritual ao ler sobre as vidas dos santos; ou Santa Teresa de Jesus, a quem nos convidou a imitar em sua inocência e consolação espiritual. O pontífice também falou de Santa Teresa Benedita da Cruz:
“A consolação se refere, acima de tudo, à esperança; ela se volta para o futuro, nos põe a caminho, nos permite tomar iniciativas que até então adiávamos, ou nem sequer imaginávamos, como foi o batismo para Edith Stein”.
Edith Stein era o nome de nascimento da judia que viria a converter-se ao catolicismo, tornar-se freira carmelita com o nome religioso de Teresa Benedita da Cruz e sofrer o martírio no campo de concentração nazista de Auschwitz.
O Papa prosseguiu:
“A consolação espiritual não é controlável, não é programável a bel-prazer: é uma dádiva do Espírito Santo. Permite uma familiaridade com Deus que parece anular as distâncias. E, assim, a consolação nos impele a ir em frente e a fazer coisas que, em tempo de desolação, não seríamos capazes; impele a dar o primeiro passo. Este é o aspecto bonito da consolação”.
Já a falsa consolação, alertou o Papa, “pode tornar-se um perigo se a procurarmos como fim em si mesma, de modo obsessivo, esquecendo-nos do Senhor”.
“Devemos procurar o Senhor e, com a sua presença, o Senhor nos consola, nos faz ir em frente. E não procurar a Deus para que Ele nos traga consolações. Também corremos o risco de viver a relação com Deus de maneira infantil, procurando o nosso interesse, procurando reduzir Deus a um objeto para nosso uso e consumo, perdendo o dom mais belo, que é Ele próprio”.
Francisco encerrou:
“Vamos em frente na vida, que avança entre as consolações de Deus e as desolações do pecado do mundo. Mas sabendo distinguir quando é uma consolação de Deus, que traz paz até o fundo da alma, e quando é um entusiasmo passageiro que não é negativo, mas não é a consolação de Deus”.
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