Mísseis usados na guerra (©oneinchpunch - stock.adobe.com) |
Encontrando
uma delegação do Seminário Rabínico Latino-Americano, Francisco reiterou sua
denúncia contra a indústria de armas e lembrou que novas armas estão sendo
testadas na Ucrânia às custas das pessoas que morrem. Ele então afirma que na
Bíblia, a justiça é adorar a Deus e servir ao próximo.
Benedetta Capelli – Vatican News
Há uma referência à atualidade no discurso
improvisado do Papa Francisco em espanhol a uma delegação do Seminário Rabínico
Latino-Americano, proveniente da Argentina e recebida, no Vaticano, na
sexta-feira, 2 de dezembro. Em suas palavras, a dor pela guerra na Ucrânia.
Esta guerra me faz sofrer. Irmãos contra irmãos,
mas não só isso. Pensar que em um século houve três guerras mundiais: 39-45,
14-18 e esta. Pensar que se não fossem feitas armas por um ano, a fome no mundo
acabaria, pois acredito que seja a maior indústria. Pensar que uma guerra se
trava quando um império se sente fraco, então mata para se sentir forte e usar
as armas que devem vender ou doar para fazer novas. Dói-me ver aqueles drones
sendo experimentados, sobrevoando a Ucrânia. São armas novas que estão
testando, às custas das pessoas que morrem.
Exemplo de fraternidade
A pergunta que o bispo de Roma se faz sobre a
mansidão do ser humano encontra resposta em Jeremias. O convite a trabalhar
como irmãos é forte.
Contra uma cultura da crueldade, do homem lobo para
o homem, trabalhamos a partir da nossa fé, com estes livros sagrados comuns e
dando o exemplo de fraternidade.
Adorar, servir e ajudar
O Papa também se detém naqueles que, refletindo
sobre suas palavras, o julgam "comunista" porque "fala de coisas
sociais" em vez de falar de Deus. Em vez disso, ele enfatiza que "a
justiça do coração" está presente na Bíblia, "está sempre com Deus e
com o próximo". Portanto, se adora e se serve, se adora e se ajuda.
Quem só ajuda e não adora é um bom ateu, nada mais.
Quem adora e não ajuda é um cínico, um mentiroso. As duas coisas caminham
juntas. Devemos lutar por isso, para que a nossa fé se torne obras e as nossas
obras nos conduzam à fé. É um círculo.
Formar novos líderes sociais
A delegação do Seminário Rabínico Latino-Americano
"Marshall T. Meyer", por ocasião da audiência, apresentou ao Papa uma
proposta de mudança social através da formação de líderes, a partir de uma
perspectiva espiritual comum. Uma meta a ser alcançada em união com a Santa Sé
e através de centros educacionais, centros de espiritualidade e movimentos
juvenis. Em entrevista ao Vatican News, o rabino argentino Ariel Stofenmacher,
reitor do Seminário Rabínico Latino-Americano, sublinhou que "a proposta tem
a ver com a compreensão das necessidades deste mundo e com a visão do Papa
sobre essas necessidades, em termos de atenção aos pobres e defesa do meio
ambiente”. Daí a exigência de nos tornarmos “agentes de mudança através da
educação” para enfrentar com decisão “os flagelos da sociedade como a
discriminação, a pobreza, a falta de trabalho e a violência de gênero”.
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