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BEM-AVENTURADOS OS MANSOS
Dom
Rodolfo Weber
Arcebispo de Passo Fundo (RS)
A
felicidade é uma aspiração radicada na condição humana e faz parte das suas
necessidades fundamentais como o ar, a água, o alimento, a casa, os amigos.
Tanto as compreensões quanto os caminhos propostos para alcançar a felicidade
são múltiplos. São oferecidas receitas milagrosas; outros acentuam que é
preciso potencializar o máximo os prazeres imediatos do corpo; outros ensinam
que é preciso controlar os desejos de felicidade pois são a origem de
sofrimentos.
Jesus,
como mestre, não de abstém de ensinar sobre o que torna a vida bem-aventurada
ou feliz. (Mateus 5, 1-12). Proclama bem-aventurados os pobres em espírito, os
que choram, os mansos, os que têm fome e sede de justiça, os misericordiosos,
os puros de coração, os que promovem a paz e os são perseguidos por causa da
justiça. Este ensinamento que vai se aprofundado nos capítulos 5, 6 e 7. Os
ensinamentos dirigidos à multidão e aos discípulos sobre o monte, hoje são
dirigidos a nós. São ensinamentos atuais e universais. Serão sempre atuais
porque eles são uma autobiografia de Jesus, e, consequentemente revelam a Deus
Pai e o Espírito Santo.
Devido
ao espaço destacamos duas. “Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a
terra”. “Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de
Deus”. Convivemos com múltiplas formas de violência, desde as mais explícitas
até as mais sutis. Há litígios sobre todos os temas, se faz necessário tratar
os assuntos como “polêmicos”. Nem o agente da violência e nem a vítima são
felizes, vivem exaustos. Os dois necessitam de cuidado e cura.
Durante
a vida pública de Jesus apresentaram-se muitas situações conflitivas que
poderiam desencadear ensinamentos agressivos da parte de Cristo. Ele sempre
manteve a convicção que a violência precisa ser tratada com mansidão. “Tomai
sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração,
e encontrareis descanso para vós” (Mt 11,29). A Pedro no Getsêmani diz: “Guarda
a espada! Todos os que usam da espada, pela espada perecerão” (Mt 26,52). Entra
assim em Jerusalém: “Eis que o teu rei vem a ti, manso e montado num jumento”
(Mt 21, 5) Como resposta à violência Jesus propõe o martírio, isto é, o
testemunho da verdade. Diz a Pilatos: “Eu nasci e vim ao mundo para isto: para
dar testemunho da verdade. Todo o que é da verdade, escuta a minha voz” (Jo
18,37).
A
primeira bem-aventurança, “os pobres de espírito”, é uma espécie de compêndio,
porque retoma e envolve as outras, mas também oferece uma chave de leitura. Na
tradição bíblica estas pessoas são chamadas de anavîm. A sua
situação de insegurança, de abandono faz com que se voltem a Deus no qual
apresentam a sua situação degradante e pedem que Deus seja o seu defensor, pois
dos humanos não esperam mais nada.
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