Ano Litúrgico | youtube |
PEQUENA REFLEXÃO SOBRE A DIMENSÃO BÍBLICO-RELIGIOSA DO ANO LITÚRGICO
Dom
Carmo João Rhoden
Bispo Emérito de Taubaté (SP)
Texto
inspirador: “Isto é o meu corpo, dado por vós.” “Fazei isto, em memória de mim.
Está é a nova aliança em meu sangue, derramado por vós”. (Lc 22,19-20)
1º A liturgia cristã
católica é cristocentricamente trinitária: Ele é o caminho a verdade e a vida,
daqueles que desejam chegar à casa do Pai, pelo Espírito Santo. (Jo 14,6) Não
há outra possibilidade. Ele interveio na história humana, encarnando-se, ou
seja, assumindo como Verbo divino a natureza humana, para nos salvar: viveu,
morreu e ressuscitou. Venceu. Por isso, afirmam as Escrituras: “Jesus Cristo é
o mesmo, ontem e hoje; Ele o será para eternidade”. (Hb 13,8) Cristo participou
da nossa história, em tudo, menos no pecado do qual nos veio salvar. Ele não
viveu num tempo mítico, nasceu em nossa história, tornando-a
salvífica.
2º Com a reforma
da liturgia, para podermos celebrar melhor, o ano litúrgico e aprimorar a
evangelização, através da melhor apresentação da riqueza bíblica do velho e
novo testamento, principalmente deste, dividiu os anos: em “A”, “B”, “C”.
Assim: ano “A” (São Mateus), ano “B” (São Marcos), e ano “C” (São Lucas). João
ficou mais para as solenidades e tempos especiais. A Igreja forma seus filhos,
com a Palavra de Deus e os alimenta pela eucaristia, para assim poderem viver,
de modo mais digno, a própria vocação e missão, buscando a santificação da vida
na comunidade.
3º O ano
litúrgico é a celebração do grande memorial, da obra da salvação, na história
humana. À raiz de toda celebração litúrgica cristã, está o mandamento ou a ordem
de Jesus, “fazei isto, em memória de mim” (Lc 22,19; 1Cor 11,23-34). Celebramos
o nascimento, vida, morte e ressureição de Cristo. O povo da antiga Aliança
celebrava sua libertação da escravidão, através de Moisés. Fazia-o, pelo rito
da ceia Pascal, chamado de “memorial”, porque tornava presente, para os Hebreus
de todos os tempos, a libertação dos seus pais do Egito. Eles diziam: “hoje o
Senhor celebrou conosco (comigo) sua Aliança”. Celebro, hoje, também eu, minha
libertação: minha Páscoa. Hoje, nos tornamos todos salvos. (Dt 5, 2-3) 3.1
Portanto, celebrando, “hoje”, a Eucaristia, sob a ordem de
Cristo (fazei isto, em memória de mim), não estamos, apenas, recordando eventos
passados, como que olhando, o álbum da história salvífica: mas, eu mesmo celebro
a minha (nossa salvação), hoje com os irmãos. Não é, portanto, apenas, uma
representação de acontecimento do passado, mas de algo, que acontece, aqui e
agora. Não uma gélida recordação de realidade passada, mas é Cristo mesmo, que
através do ministro, celebra Seu mistério (seus mistérios), perenemente
presente e operante na história. É o próprio Cristo, ontem, hoje e por todos os
séculos presente (Hb 13,8). Ele acrescentou ainda “eu estarei convosco, todos
os dias, até à consumação dos séculos (Mt 28,20). No centro de tudo, está a
Páscoa, agora a de Cristo.
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