As borboletas têm seu tempo para sair do casulo Freepik |
Os perigos da
superproteção para nossos filhos
Crianças precisam aprender a lidar com
as pequenas frustrações e a solucionar problemas que representem um desafio à
sua altura.
Por Daniel Becker - 19/01/2023
Um homem andava pelo campo quando viu uma borboleta
lutando para sair de seu casulo. Ela se contorcia intensamente para passar
através do pequeno buraco. Com pena, ele aumentou um pouco o buraco,
facilitando a passagem da borboleta.
O que o homem não sabia era que o processo de
esforço e compressão contra o casulo era o que permitia que a circulação do
sangue fosse direcionada para as asas.
Quando a borboleta emergiu do casulo, era incapaz
de voar.
É difícil demais ver nossos filhos sofrendo. É uma
tendência mais que compreensível, quase instintiva, tentar ajudar, resolver o
problema para ele.
Sofia vem do play chorando porque as amigas a
excluíram da brincadeira. João não quer ir à escola porque não estudou para a
prova. Malu está sofrendo porque as melhores amigas já têm celular e ela não.
Pedro, 3 anos, chora desesperado porque não consegue completar o quebra cabeça
e Lia se joga no chão porque quer comer biscoito quando faltam 15 minutos para
o jantar. Situações cotidianas da infância.
É natural querermos ir tirar satisfação com as
amigas de Sofia, ligar para a escola para dizer que João está com febre,
comprar um celular para Malu, completar o jogo para Pedro e dar o biscoito para
Lia.
Isso pode trazer alívio e alegria no curto prazo,
mas é um atalho perigoso.
Crianças precisam aprender a lidar com as pequenas
frustrações e a solucionar problemas que representem um desafio à sua altura,
ou seja, que elas sejam capazes de resolver com algum esforço. Não estou
falando de criar frustrações artificiais nem de abandoná-las à própria sorte.
Claro que não.
Trata-se de acolher seus sentimentos, mostrar que
estamos ao seu lado, mas que cabe a elas encontrar soluções. Podemos ajudar,
acalmar, orientar, apoiar, dar pistas, guiar com perguntas. Mas elas precisam
desenvolver a capacidade de encontrar caminhos próprios para resolver seus
problemas.
Isso contribui para desenvolver habilidades como
paciência, adiamento da gratificação, imaginação, resiliência, solução de
problemas, perseverança. E importante: ajuda a quebrar o narcisismo. Afinal, o
mundo não existe apenas em função delas, nem gira em torno dos umbiguinhos, por
mais lindos que sejam.
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