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PERDOAR
Dom Adelar Baruffi
Arcebispo de Cascavel (RS)
“Perdoar” é livrar o outro, aquele que nos ofende, do peso de sua
exclusão do meu mundo, das minhas relações com os irmãos e de Deus. Para
receber o perdão de Deus as pessoas precisam demonstrar arrependimento e
mudança de rumo. O perdão sempre nos aproxima de Deus e nos faz mais próximos
dos irmãos e irmãs.
Perdoar não é esquecer. É aceitar de coração que um perdão se dê, sem
exigir nada em troca, sem um benefício concedido em função do arrependimento,
da reparação, ou de qualquer outra forma de benfeitoria. O perdão precisa ser
manifestado, pedido ou confessado, quando houver esta possibilidade. Está
diretamente ligado a Deus, que na sua bondade quer o bem de todos.
O sentimento de desapego nos faz ter relações de perdão e misericórdia e, por
isso, de acolhida.
A pessoa que cultiva a compaixão e a misericórdia, sempre terá a alegria
no rosto presente e, um dia, o outro terá a mesma alegria de quem tomou a
iniciativa. Precisamos saber a distância entre o perdão e a confissão da falta.
Uma falta, por exemplo, no tempo da infância ou adolescência, que costumam
marcar a vida, não são tão fáceis de falar. Arrepender-se, reconhecer-se
culpado ou não é um sinal de manifestação de uma doença, é um sinal de
maturidade. É sanidade consigo mesmo e com os demais. Porém, o falar dela não
sempre é tão fácil! O caminho inicia quando começamos a nos dar conta de que há
algo que nos incomoda, que não está bem. Depois, vem os passos seguintes.
Anselm Grün (2005), grande escritor cristão e católico, nos apresenta
quatro pontos importantes neste momento. Se você é um destes que não consegue
perdoar, tenta, ao menos, estes quatro pontos.
O primeiro passo consiste em nós permitirmos novamente viver e sentir o
que nos causou a dor. Muitas vezes não percebemos o que nos aconteceu. Mas no
momento seguinte estamos tão envolvidos com as atividades e reprimimos a
palavra que nos feriu.
O segundo passo é aceitar o aborrecimento e a raiva que sentimos, sempre
que estivermos diante daquele que nos magoou. “O perdão vem sempre depois da
raiva” (A. Grün). É preciso tirar de dentro de nós aquele que nos feriu.
O terceiro passo consiste em avaliar objetivamente aquilo que tanto nos
feriu, a partir da distância que obtivemos com nossa raiva. Talvez, seja a
oportunidade de ver os porquês da manifestação de raiva e nos perguntarmos
sobre nossa história. Enquanto não tomar contato com a própria ira, não poderá
ver a lesão e libertar-se dela.
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