São Francisco de Sales | A12 |
Francisco (François) de Sales nasceu aos 21 de
agosto de 1567 em Thorens-Glières, província da Sabóia, na época um país independente;
atualmente a região, de Ródano-Alpes, pertence à França, Itália e Suíça. Foi
ele o primogênito de 13 filhos da nobre e antiga família dos Barões de Boisy.
Muito cedo fez voto de viver a castidade e buscar sempre a vontade do Senhor,
colocando-se sob a proteção da Virgem Maria, por Quem tinha especial devoção.
Estudou nos melhores colégios franceses e aprendeu
várias línguas. Na juventude Francisco mudou-se para Paris, onde fez estudos
universitários com os jesuítas – Filosofia, Retórica e Teologia. Para
satisfazer o sonho de seu pai, doutorou-se em Direito na Universidade de Pádua.
Regressou à França em 1592, com 24 anos, e se inscreveu na Ordem dos Advogados.
Sua família já lhe tinha arrumado um cargo como
Senador de Sabóia e escolhido, para sua noiva, uma jovem rica e nobre. Mas ele
recusou, pois queria ser padre. Assim, foi ordenado sacerdote aos 26 anos e,
com a ajuda de um tio, Cônego em Genebra, foi nomeado para o posto de capelão
da catedral de Chambéry nesta cidade.
Sua primeira missão como sacerdote foi
reevangelizar a região calvinista de Chablais. Ali encontrou muita resistência
e fanatismo, mesmo emboscadas, insultos e ameaças. Criou então um sistema de
publicação, ou seja, fixar em lugares públicos ou levar de porta em porta
folhetos impressos, com a explicação das verdades da fé, com muito tato e
simplicidade. Com paciência e persuasão respeitosa procurava também dialogar em
palestras e encontros. A longo prazo, este método levou a milhares de
conversões.
Em 1599, Francisco foi nomeado Bispo coadjutor de
Genebra com sede em Annecy, nos alpes franceses, assumindo definitivamente a
diocese três anos depois. Ali desenvolveu intensa atividade: visita às
paróquias, formação do clero, reorganização de mosteiros e conventos, fundação
de escolas, pregação e catequese de crianças e adultos, incluindo membros da
nobreza, mesmo da casa real da Sabóia. Por causa da sua doçura e perseverança,
Francisco conseguiu inúmeras conversões e uma grande mudança religiosa na
região.
Em março de 1604, durante uma pregação quaresmal em
Dijon, conheceu e fez grande amizade com (Santa) Joana Francisca Fremyot de
Chantal. Juntos fundaram a Congregação da Visitação de Santa Maria, em 1610, em
Annecy, com a finalidade de visitar e socorrer os pobres.
Além da doçura, Francisco ficou muito conhecido
também pelos seus livros. Escreveu “Filotéia” ou “Introdução à vida devota” em
1608, dedicado à Santa Joana de Chantal. Nesta obra, voltada para quem vivia no
mundo e tinha tarefas civis e sociais, resume os princípios da vida interior e
ensina a amar a Deus na vida diária. Em 1616, escreveu especialmente para as
filhas da Visitação “Teótimo” ou “Tratado do Amor de Deus”, uma obra de denso e
extraordinário conteúdo teológico, filosófico e espiritual, que ensina os
melhores meios para um encontro pessoal com Deus.
Francisco faleceu com a idade de 52 anos, no dia 28 de dezembro de 1622, em Lyon, França. Porém a Igreja celebra sua festa em 24 de janeiro, dia do traslado dos seus restos mortais para Annecy em 1623. Dez anos após sua morte, seu corpo foi exumado e encontrado incorrupto, sem os sinais de decomposição. É reconhecido como Doutor da Igreja e padroeiro dos jornalistas e escritores católicos, devido ao seu estilo e à redação de diversos folhetos e livros como instrumentos de evangelização (4.000 sermões, 21.000 cartas de direção espiritual e várias obras de doutrina e ascética). É também padroeiro dos que têm dificuldade auditiva, por ter desenvolvido uma linguagem de símbolos para se comunicar com um jovem deficiente. Ainda, é titular e patrono da Família Salesiana, Congregação fundada por seu admirador Dom Bosco (santo) para a educação dos jovens.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho
Reflexão:
“A medida de amar a Deus é amá-Lo sem medida”. Esta
é a ideia do “Tratado do Amor de Deus”, e São Francisco de Sales a colocou em
prática através da extrema gentileza no trato com as pessoas, nas suas imensas
atividades pastorais. Dizia que “mais abelhas se apanham com uma gota de mel do
que com um barril de vinagre”. Mas pouco conhecido é o seu heroico esforço de
controlar o próprio gênio. Descobriu-se após a sua morte que a parte de baixo
da sua mesa estava marcada pelo raspar das unhas, o que fazia durante o
atendimento e diálogo com as difíceis consciências defensoras de erros e
heresias. Extravasa ele na madeira a sua tensão, para nunca perder a paciência
com os irmãos e tratá-los sempre afavelmente. Este “pequeno grande detalhe”
espiritual é fortíssimo testemunho da santidade de Francisco, à medida da sua
gigantesca obra evangelizadora.
Oração:
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