As cartas de São Paulo | arquifln |
As cartas de São Paulo
A tradição cristã reconheceu 14
cartas de são Paulo das 21 do Novo Testamento. As cartas na antiguidade
Greco-romana eram de dois gêneros: as cartas familiares,
comerciais, políticas etc. e as epístolas, espécie de tratados
sobre um certo tema, dedicados a alguma personalidade, a um amigo ou
familiar. Os escritos paulinos são de ambos gêneros.
A ordem em que aparecem na Bíblia
é artificial. São agrupadas primeiro as que se dirigem às comunidades, depois à
pessoas particulares, primeiro as mais longas e depois as mais curtas. A
Epístola aos Hebreus é uma exceção, pois sempre está colocada no final de
todas. As cartas não aparecem pois em ordem cronológica na Biblia.
As cartas aos
Tessalonicenses: são consideradas por todos os estudiosos como as primeiras cartas de São
Paulo (e primeiras do Novo Testamento). Foram escritas em Corinto entre os anos
50 e 52.
Essas cartas tratam
fundamentalmente da Parusia, ou segunda vinda de Cristo e
da ressurreição dos mortos. O Apóstolo diz que
desconhece o tempo dos acontecimentos porque não foram revelados por Cristo e
poe ênfase na vigilância e na importância do trabalho.
Chega a dizer o Apóstolo: “quem não quiser trabalhar, que também não coma” (2
Tes 3,10).
As grandes Epístolas:
São assim chamadas as cartas aos
Gálatas, 1ª e 2ª aos Coríntios e aos Romanos, escritas durante a terceira
viagem missionária (53-58 d.C.).
Gálatas: o tema principal é o
da liberdade dos cristãos, relativamente ao cumprimento
das complexas prescrições do Judaísmo. Alguns pensavam que era necessária a
observância da Lei de Moisés e de suas tradições orais para a salvação. Essa
controvérsia (que já estava resolvida pelo concílio apostólico de Jerusalém)
ofereceu ocasião de explicar o valor redentor da Paixão de
Cristo, na qual nos inserimos pela fé e pelo Batismo, com
absoluta independência da Antiga Lei, pedagoga da história da Salvação.
Coríntios: a cidade de Corinto era uma
cidade com 2 portos, era uma das cidades mais importantes do Império Romano.
Tinha muitas religiões, cheia de degradação moral e religiosa. Aí havia o culto
a Afrodite e as mil sacerdotisas dedicadas ao culto a essa deusa, por meio da
“prostituição sagrada”. No entanto essa comunidade estava repleta das graças de
Deus, com uma grande diversidade de carismas especiais. A
primeira epístola aborda o tema da unidade dos cristãos e dos cristãos, pois
havia ali divisões (partidos) entre os neófitos. Censura com energia os abusos
morais mantidos por alguns cristãos convertidos, e tolerados pela comunidade
(caso do incestuoso). Por isso explica a natureza do matrimonio e
da castidade (cap. 7). Responde à questão da
liceidade de comer carne de animais sacrificados aos ídolos. Entre os temas
importantíssimos que trata são Paulo nessa carta está o tema da Eucaristia (sua
instituição pelo Senhor, a presença real de Cristo nas espécies eucarísticas, e
a disciplina sobre o Ágape, que acompanhava as Eucaristias). Trata também o
tema da ressurreição dos mortos (cap. 15), e da ordenação
dos carismas do Espírito Santo.
Na Segunda Epístola: trata de defender
sua autoridade de Apóstolo, negada por alguns. Diz que
foi chamado diretamente por Cristo e foi incorporado ao grupo dos Doze. Aí
aparece o coração de pastor de São Paulo, o amor pelos seus filhos na fé e a
fortaleza do seu espírito, e o sentido de sua responsabilidade que lhe exige a
sua vocação.
Romanos: é a mais longa de seu
epistolário e é considerada a mais importante. Trata da obra redentora
de Cristo (aprofundando a carta aos Gálatas). Começa com uma
profunda saudação e segue dando uma visão da humanidade não redimida; contempla
a degradação moral dos gentios e os pecados semelhantes dos judeus, para
concluir na necessidade da Redenção realizada por
Cristo para alcançar o perdão de Deus e a graça. A salvação provem unicamente
de Cristo e a ela aderimos pela fé, dom gratuito de Deus,
não efeito das nossas obras. O Batismo nos enxerta em Cristo, podemos e devemos
fazer o bem, praticar a virtude, pelo Espírito Santo, que habita em nós e
completa a obra da justificação começada por Cristo, tornando-nos santos e
filhos adotivos do Pai. A segunda parte da carta São Paulo aplica a doutrina ao
comportamento moral do cristão: a “vida no Espírito” é
o cristão que se deixa guiar pelo Espírito, que lhe dá uma vida nova, com todas
suas conseqüências.
Epístolas do Cativeiro:
Paulo as escreveu no seu
cativeiro em Roma, entre os anos 58 e 63.
Filemon: enviada ao cristão Filemon
para que esse receba a Onésimo, escravo dele que se tinha fugido e refugiado em
Roma, onde se tinha convertido, por meio de São Paulo. O Apóstolo ensina que
eles agora são irmãos e assim devem ser tratados.
Filipenses: a comunidade de Filipos era
constituída por antigos legionários retirados, com suas famílias. São Paulo os
considerava seus queridos filhos, com uma fidelidade inquebrantável e generosa
correspondência. O ponto doutrinal mais importante é o hino cristológico (Fil
2,6-11) que canta a humilhação de Cristo na sua
encarnação, vida morte e sua gloriosa ressurreição.
Colossenses: essa comunidade enfrentava
dificuldades doutrinais, pois alguns pregavam que Cristo era um ser intermédio
entre Deus e a matéria. São Paulo então aprofunda temas capitais sobre Cristo.
Ele é superior a todos os seres, a todos os anjos. Por
isso afirma: “em Cristo habita toda a plenitude da divindade corporalmente”
(Col 2,9). Jesus Cristo é pois Deus eterno, que ao tomar a natureza humana não
deixa de ser Deus e, portanto, é o primeiro e superior a todos. Depois São
Paulo dá diversos ensinamentos morais aos cônjuges, servos e senhores.
Efésios: é o ponto culminante no
itinerário espiritual e doutrinal de São Paulo, no que diz respeito ao mistério
de Cristo, da obra da Redenção e da
teologia da Igreja. Trata quase os mesmos temas de Col.
com maior profundidade e serenidade. Aí afirma que Cristo Jesus é a cabeça
de todos os seres, tanto celestes quanto terrestres. O seu senhorio
é absoluto e Ele é o Salvador de todos. Ef 1,3-14 é um grande hino
que louva o plano salvador de Deus por meio de Cristo em favor da humanidade.
Contempla o mistério profundo da Igreja na sua unidade e totalidade
inseparáveis, instrumento universal da salvação que
Cristo criou como Seu Corpo, Sua plenitude, Sua esposa imaculada, para
aplicar à humanidade a salvação que Ele realizou com sua morte e ressurreição.
Todo fiel deve pois viver a unidade na caridade, pois
forma parte de um só corpo com Cristo, animado pelo mesmo Espírito.
Epístolas Pastorais:
Esses escritos (1 e 2 Tim. e
Tito) são para orientar e ajudar aos discípulos na sua tarefa de auxiliares de
São Paulo no governo pastoral de várias Igrejas. Aqui São Paulo afirma que o
conteúdo da lei moral natural presente na Lei de Moisés não caducou; também vai
explicar que a Igreja tem uma ordem e uma
disciplina (como tratado na carta aos Coríntios). A hierarquia
eclesiástica esta em período de gestação, ainda não distinguiu um vocabulário
preciso para designar os ofícios dos bispos e dos presbíteros, ainda que seja
clara a ordem diferente de bispos e presbíteros, dum
lado, e os diáconos, do outro. Nas Cartas de Santo Inácio de
Antioquia (morto em 107) a instituição dos diversos graus da ordem está
perfeitamente determinada. Nessas cartas Paulo se preocupa em consolidar as
Igrejas já fundadas.
Epístola aos Hebreus:
Muito provavelmente foi escrita
por um discípulo de São Paulo, mas transmitem as idéias do Apóstolo. Foi
escrita a um grupo de cristãos provenientes do judaísmo, na qual predominava um
número de sacerdotes e levitas do Templo de Jerusalém. São Paulo se dirige a
eles para os reconfortar na fé, argumentando para eles que os antigos
sacrifícios do Templo, e o próprio Templo não eram senão uma figura, uma sombra
antecipada da realidade do único sacrifício que é o de Cristo,
verdadeiro Templo e Sumo Sacerdote. Aqui São Paulo desenvolve a
doutrina sobre o sacerdócio e o sacrifício de Cristo.
Ano Cronologia tradicional
(Vida)
8 d.C. Nascimento
33 Conversão
36 Jerusalém (1ª visita)
46 Jerusalém (fome): Hch 11
47-48 Primeiro viajem missionário
49 Conferência apostólica
50 Chegada de Paulo a Corinto
51/52 Paulo deixa Corinto
53 Paulo chega a Éfeso
56 Paulo deixa Éfeso
56 Paulo chega a Corinto
57 Paulo em Filipos
57 Paulo chega a Jerusalém
59 Paulo ante Festo
60 Paulo chega a Roma
50/51 1 Tessalonicenses: Corinto
51/52 2 Tessalonicenses: Corinto
56 1 Coríntios: Éfeso
57 2 Coríntios: Macedônia
57/58 Gálatas: Macedônia/Corinto
58 Romanos: Corinto
Filipenses
Filemón
61-63 Colossenses: Roma
61-63 Efésios: Roma
61-63 2 Timoteo: Roma
Nenhum comentário:
Postar um comentário