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CARNAVAL: ALEGRIA, CONGRAÇAMENTO E CUIDADO
Dom
Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)
Após
a pandemia, teremos o primeiro carnaval aberto à presencialidade e participação
das multidões. Assim, como em 1922, houve, no mundo inteiro, uma irrupção de entusiasmo e necessidade de celebrar a vida depois de passar
pela gripe espanhola, sentimos, talvez nesta conjuntura de ansiedade, divisão,
polarização e fechamento que afeta o Brasil, e grande parte da humanidade, a
vontade de festejar, de extravasar com alegria, o fato de estar vivos e
expressar com a ginga do samba, os enredos e o próprio encanto do carnaval a
participação desta festa.
Todos
sabemos da origem cristã do carnaval, implícito no seu nome latino (a carne
vale), que significa que, antes de entrarmos na austeridade penitente do retiro
quaresmal, podemos manifestar, com espontaneidade e descontração, o sentido da
festa. O cristianismo, longe de ser uma religião triste e rigorosa, vivencia e
testemunha, com entusiasmo e vibração, à luz Pascal da ressurreição, e todo
encontro em que se celebre a vida, a esperança, a gratuidade e misericórdia do
Bom Deus; estamos, com otimismo cristão, suspirando pelo grandioso banquete do
Reino prometido pelo Senhor.
Nossa
presença entre, e como carnavalescos, é dar esse sentido que ultrapassa o
espetáculo midiático do carnaval, para fraternizar com simplicidade e alegria a
perspectiva esperançosa de uma vida mais plena e inteira. Nas baterias das
escolas e das marchinhas carnavalescas bate, no coração, o desejo de superar as
fraturas e contradições da nossa existência, para construir, juntos, uma convivialidade
fraterna e reconciliada. Estaremos, também, intercedendo, rezando e
acompanhando, como anjos do cuidado e da solidariedade amorosa, ajudando a
criar um clima de respeito fraterno e auxiliando a lembrar dos protocolos de
saúde, valorização da vida e dignidade de todas as pessoas.
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