Quarta-feira de Cinzas | acidigital |
QUARTA-FEIRA DE CINZAS
Dom
Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG)
Celebramos
no próximo dia 22 de fevereiro, a Quarta-Feira de Cinzas na liturgia da Igreja.
Iniciamos o período da Quaresma, marcado pelo jejum, a oração e a esmola.
Estamos vivendo um tempo propício para a nossa preparação para chegarmos à
Páscoa renovados na fé, após atravessarmos a Paixão, Morte e Ressurreição do
Senhor.
Na
liturgia dessa Quarta-feira de Cinzas, o evangelista Mateus (6,1) nos ensina
que a Quaresma é um caminho que conduz à conversão. As cinzas não são um
símbolo de tristeza, mas transmitem uma mensagem fundamental da nossa fé
cristã: do pó viemos, ao pó voltaremos. Jesus, o servo sofredor, é a nossa
inspiração máxima para uma profunda vivência da fé. Na missa, depois do
Evangelho e da homilia, o celebrante irá benzer e impor as cinzas feitas de
ramos de oliveiras e outras árvores, bentos no Domingo de Ramos do ano
anterior.
Para
vivermos plenamente a Quaresma, é importante que cada cristão medite sobre o
jejum, a oração e a esmola, pois é uma oportunidade única no ano de conversão
genuína. O jejum sem oração não alcança o Senhor. Precisamos jejuarmos,
preenchendo nossa vida de oração constante durante a Quaresma. E a caridade, a
esmola, é o gesto concreto do nosso amor ao Senhor.
“Tenham
o cuidado de não praticar suas ‘obras de justiça’ diante dos outros para serem
vistos por eles. Se fizerem isso, vocês não terão nenhuma recompensa do Pai
celestial” (Mt 6,1). De igual modo, somos convidados a refletir no
exemplo deixado por Jesus, enquanto viveu entre nós. A recompensa que buscamos
está no Céu, ela não é terrena. De nada adianta buscarmos recompensas agora,
pois temos a chance de viver a plenitude da vida eterna junto ao Senhor.
A
Quaresma é um tempo propício para renunciarmos aos nossos próprios interesses e
abraçar a cruz de Cristo, tornando-nos um discípulo d’Ele. Para ganharmos a
vida, é necessário alcançar a eternidade e persistir nos caminhos do
Senhor.
O
jejum e a oração são ações que todo cristão deve abraçar nessa Quaresma. E o
gesto concreto de nossa fé é a caridade. Por isso, hoje começa, também, a
Campanha da Fraternidade 2023. Todos os anos, a Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil – CNBB – promove a Campanha da Fraternidade durante a Quaresma. A
finalidade é vivenciar e assumir a dimensão comunitária e social da Quaresma. A
Campanha da Fraternidade ilumina de modo particular os gestos fundamentais
desse tempo litúrgico: a oração, o jejum e a esmola.
A
Igreja nos convida a refletir um tema que norteará nossa vida cristã no período
quaresmal. Esse ano de 2023, o tema escolhido é Fraternidade e Fome, e o lema é
“Dai-lhes vós mesmos de comer!” (Mt 14,16).
A
proposta principal da Campanha da Fraternidade é despertar o espírito
comunitário e cristão no povo de Deus, comprometendo em particular, os cristãos
na busca do bem comum. Além de educar para a vida em fraternidade, com justiça
e amor, e renovar a consciência da responsabilidade de todos pela ação da
Igreja na evangelização.
Irmãos
e irmãs, com o tema deste ano, a Campanha da Fraternidade nos ensina a
conversão ao verdadeiro amor cristão, que acolhe e se antecipa às necessidades
dos nossos irmãos. Não há espaço para orgulho, indiferença e superioridade.
Todo cristão católico assume um compromisso radical de amor aos mais
necessitados.
Aproveitemos
o tempo quaresmal para que seja feita uma verdadeira conversão. Serão 40 dias
para jejuarmos e orarmos, pedindo que o Espírito Santo nos ilumine e guie
nossos passos, para suportarmos as dores da Paixão e Morte e celebrarmos o
mistério da Ressurreição.
A
abstinência não é apenas do que entra por nossa boca, mas do que sai, também.
Façamos um jejum de palavras e sentimentos que ferem os ensinamentos do Senhor.
Maledicências, ódio e ataques não devem fazer parte da vida do cristão e a
Quaresma é um forte chamado para abandonarmos hábitos terrenos e nos
entregarmos nas mãos daquele que nos ama verdadeiramente, aquele que se
entregou na Cruz e morreu por nós!
Convido,
ainda, todos os cristãos de Arquidiocese a viver plenamente a Campanha da
Fraternidade. Sejamos animadores de todas as pastorais e grupos de oração,
transformando nosso amor em gesto concreto de caridade, para vivermos
santamente a Quaresma.
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