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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

"Trata bem dele!"

O Papa Francisco visita um doente | conventodapenha

“TRATA BEM DELE!”

Dom Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG) 

A Igreja celebra, anualmente, o Dia Mundial do Enfermo. Essa lembrança foi instituída pelo Papa São João Paulo II, para que o dia 11 de fevereiro fosse dedicado a lembrarmos dos nossos irmãos doentes, e para cobrarmos dos governos em todo o mundo para que olhem com a atenção necessária para a saúde.  

Em 2023, o tema escolhido pelo Papa Francisco para o 31º Dia Mundial do Enfermo é “Trata bem dele! A compaixão como exercício sinodal de cura”. O Santo Padre espera que assim como profetizou Ezequiel, no grande oráculo que culminou com toda a revelação do Senhor, nós também não nos percamos pela estrada, acometidos pelas experiências ruins da doença e da fragilidade humana. A Igreja deve caminhar junta e unida para não ceder à tentação do descarte da vida humana. 

Na mensagem para o ano de 2023, o Papa retoma a encíclica “Fratelli tutti”, para restaurar a leitura da parábola do Bom Samaritano. “Com efeito, há uma profunda conexão entre esta parábola de Jesus e as múltiplas formas em que é negada hoje a fraternidade. De modo particular, no fato da pessoa espancada e roubada acabar abandonada na estrada, podemos ver representada a condição em que são deixados tantos irmãos e irmãs nossos na hora em que mais precisam de ajuda. Não é fácil distinguir os atentados à vida e à sua dignidade que provêm de causas naturais e, ao invés, aqueles que são provocados por injustiças e violências. Na realidade, o nível das desigualdades e a prevalência dos interesses de poucos já incidem de tal modo sobre cada ambiente humano que é difícil considerar “natural” qualquer experiência. Cada doença realiza-se numa “cultura” por entre as suas contradições” – Mensagem anual do Papa Francisco (https://www.vatican.va/content/francesco/pt/messages/sick/documents/20230110-giornata-malato.html). 

Cabe a cada um de nós, religiosos e religiosas, leigos e leigas, encontrar e cumprir a nossa missão na Igreja em favor dos irmãos doentes. Seja por meio do trabalho pastoral, exercendo o voluntariado, ou mesmo visitando nossos amigos e familiares adoecidos. Todos precisam de conforto e acolhimento, precisam de uma mensagem de fé e de esperança, para saberem que não estão sozinhos, pois Deus é um Pai generoso que não abandona nenhum de seus filhos. 

A velhice também é um período de intenso isolamento. Vivemos tempos tristes, em que a experiência humana de nada ou pouco vale. Adoecidos e esquecidos, muitos idosos estão cheios de vida e de energia, dispostos a ensinar e a continuar aprendendo. A vulnerabilidade trazida pela doença é potencializada pela solidão. Assim, a fragilidade humana se torna ainda mais intensa se acontecer em um contexto de abandono. 

Nesse Dia Mundial do Enfermo, rezemos e entreguemos todas as aflições de nossa alma a Deus Pai. Como nos lembra Francisco em sua mensagem, “na realidade, sentimos dificuldade de permanecer em paz com Deus, quando se arruína a relação com os outros e com nós próprios. Por isso mesmo é tão importante, relativamente também à doença, que toda a Igreja se confronte com o exemplo evangélico do bom samaritano, para se tornar um válido “hospital de campanha”: com efeito a sua missão, especialmente nas circunstâncias históricas que atravessamos, exprime-se na prestação de cuidados. Todos somos frágeis e vulneráveis; todos precisamos daquela atenção compassiva que sabe deter-se, aproximar-se, cuidar e levantar. Assim, a condição dos enfermos é um apelo que interrompe a indiferença e abranda o passo de quem avança como se não tivesse irmãs e irmãos”. 

Os anos de pandemia muito nos ensinaram pela dor, também. Que sejamos gratos aos profissionais da saúde, enfermeiros e médicos que deram à vida em sacrifício pelos enfermos. Que possamos recomeçar, após tanta tragédia, lidando com a doença com outro olhar, um olhar amoroso de Cristo, que a todos acolheu, sem julgamentos, oferecendo a cura do corpo e da alma, principalmente. Não precisamos de heróis, mas de cristãos e cristãs dispostos a ir anunciar o Evangelho de Jesus, tirando da escuridão tantos corações que estão adoecidos. 

Que neste dia de Nossa Senhora de Lourdes, protetora dos doentes, possamos viver, efetivamente, na plenitude do amor, sem sermos indiferentes à dor do próximo.

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF