Palavra de vida fevereiro 2023 | cidadenova |
“Tu és Deus que me
vê.” (Gn 16,13) | Palavra de Vida Fevereiro 2023
por Web
Master em 30/01/2023
O VERSÍCULO da
Palavra da Vida deste mês é tirado do livro do Gênesis.
As palavras são ditas por Agar, escrava de Sarai. Uma vez que Sarai não podia
ter filhos, ela fez seu esposo Abraão se unir a Agar para garantir uma
descendência. Mas, quando Agar descobriu que estava grávida, sentiu-se superior
à sua senhora. Então Sarai humilhou-a tanto que ela se viu obrigada a fugir
para o deserto. E é precisamente aí que se dá um encontro único entre Deus e
essa mulher, que recebe uma promessa de descendência semelhante àquela que Deus
fez a Abraão. O filho que dela nascerá será chamado Ismael, que significa “Deus
ouviu”, porque Ele acolheu a angústia de Agar e lhe deu uma estirpe.
“Tu és Deus que me
vê.”
A reação de Agar
reflete a ideia, muito comum no mundo antigo, de que os seres humanos não podem
resistir a um encontro próximo demais com o divino. Agar fica surpresa e grata
por ter sobrevivido. Ela experimenta o amor de Deus justamente no deserto, o lugar
privilegiado onde se pode experimentar um encontro pessoal com Ele. Agar sente
a Sua presença e se sente amada por um Deus que a “viu” nessa sua situação
dolorosa, um Deus que se preocupa e envolve de amor as suas criaturas. “Ele não
é um Deus ausente, distante, indiferente aos destinos da humanidade, ao destino
de cada um de nós. Muitas vezes nós constatamos isso. [...] Ele está aqui
comigo, está sempre comigo, conhece tudo de mim e compartilha cada pensamento
meu, cada alegria, cada desejo; carrega comigo cada preocupação, cada provação
da minha vida”.1
“Tu és Deus que me
vê.”
Esta Palavra de
Vida reaviva uma certeza e nos conforta: nunca estamos sozinhos em nosso
caminho, Deus está aí e nos ama. Às vezes, como Agar, nos sentimos
“estrangeiros” nesta terra, ou procuramos maneiras de escapar de situações
pesadas e dolorosas. Mas devemos ter a certeza da presença de Deus e da nossa
relação com Ele que nos torna livres, nos tranquiliza e nos permite sempre
recomeçar.
Essa foi a
experiência de Paula [nome fictício] que viveu sozinha o período da pandemia.
Ela diz: “Desde o início do fechamento total de todas as atividades em nosso
país, estou sozinha em casa. Não tenho fisicamente ao meu lado ninguém com quem
possa partilhar essa experiência e procuro ocupar o dia do jeito que posso. Com
o passar dos dias, porém, fico cada vez mais desanimada. À noite, tenho muita
dificuldade em adormecer. Fico com a impressão de que não consigo mais sair
desse pesadelo. No entanto, também sinto fortemente que devo confiar-me completamente
a Deus e acreditar em seu amor. Não duvido de sua presença que me acompanha e
me conforta nesses meses de solidão. Pequenos sinais que me chegam dos irmãos
me dão a entender que não estou sozinha. Como aquela vez em que,
comemorando online o aniversário de uma
amiga, recebi logo em seguida uma fatia de bolo da minha vizinha de
casa”.
“Tu és Deus que me
vê.”
Então, protegidos
pela presença de Deus, também nós podemos ser mensageiros do seu amor. De fato,
somos chamados a ver as necessidades dos outros, a socorrer nossos irmãos nos
seus desertos, a compartilhar suas alegrias e suas tristezas. O esforço é
manter os olhos abertos para a humanidade na qual também nós estamos imersos.
Podemos nos deter
um momento e marcar presença junto àqueles que procuram um sentido e uma
resposta aos muitos porquês da vida: amigos, familiares, conhecidos, vizinhos
de casa, colegas de trabalho, pessoas em dificuldades econômicas e, quem sabe,
socialmente marginalizadas.
Podemos recordar e
partilhar aqueles momentos preciosos em que encontramos o amor de Deus e
redescobrimos o sentido da nossa vida.
Podemos enfrentar
juntos as dificuldades e, nos desertos que atravessamos, descobrir em nossa
história a presença de Deus, que nos ajuda a seguir confiantes em nosso caminho.
Por Patrizia
Mazzola com a comissão da Palavra de Vida
1) LUBICH, C., Palavra de Vida, julho de 2006.
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