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A
ascese pode ser ativa (subdividida em negativa e positiva) ou passiva, conforme
veremos neste artigo. Entenda:
Ascese é um termo grego (áskesis)
que significa exercício. Especialmente o treinamento do atleta para competir
nas Olimpíadas ou do soldado convocado para a guerra.
Ora, os cristãos adotaram essa palavra
para designar os exercícios ou práticas de autodomínio a fim de estarem “em
forma” nas horas de combate contra as provações que nos atacam cotidianamente.
Essa ascese pode ser ativa (subdividida em negativa e positiva)
ou passiva, conforme veremos neste artigo.
É ativa quando o
cristão faz, por vontade própria, seu exercício movido pela graça de Deus.
Será positiva sempre que o fiel se dedicar a um trabalho
complexo como visitar doentes incuráveis ou portadores de moléstias
contagiosas, atender a menores infratores, visitar presídios etc. Será negativa sempre
que a pessoa ascética deixa de fazer algo que muito lhe agrada tal como seria
para alguns tomar um delicioso sorvete, assistir a um filme, fazer uma viagem
etc.
É passiva quando a
pessoa não procura a penitência ou a cruz, mas esta vem até ela pelas
circunstâncias diversas da vida e é aceita com resignação, sem, no entanto,
deixar, se for o caso, de buscar os meios legítimos para se livrar do revés
(doença, questões judiciais, perseguições no emprego etc.).
Como enunciamos, contudo, a ascese
ativa se subdivide em negativa e positiva.
A negativa leva o fiel a se esforçar para remover todos os
obstáculos que o impeçam de rumar à perfeição e ao crescimento do amor a Deus e
ao próximo. Com esses exercícios levados a sério, a pessoa é capaz de dizer
“sim” ou “não” de modo livre e decidido quando as circunstâncias o exigirem,
independentemente do que a maioria acha. Aqui entram o jejum de alimentos que
deem prazer, a aceitação voluntária da perseguição sofrida, a humilhação
injusta dos superiores ou encarregados etc.
Já a ascese positiva consiste
em exercer atividades que levem ao crescimento do amor a Deus e ao próximo e à
prática das demais virtudes dando especial atenção àquela virtude que a pessoa
mais precisa (se é grosseira ou ríspida, pedirá a mansidão; se orgulhosa, suplicará
a humildade; se negligente, rezará para obter a diligência etc.). Mesmo o
esforço por rezar continuamente e sem distrações pode ser um grande exercício
de ascese a quem tem dificuldade com algo metódico que leve ao conhecimento de
Deus como é a Missa, o terço, a via-sacra, por exemplo.
Óbvio é que a ascese positiva complementa
a negativa, visto que a vida cristã não é feita apenas do “não”,
ainda que este seja necessário, mas do “sim” dado a Deus rumo à santidade. Daí
a abstinência (de carne, de programas de TV, de leituras etc.) não ter a última
palavra na vida cristã. Ela deve ser, antes de tudo, a preparação para se
libertar das amarras deste mundo a fim de se obter maior intimidade com o Pai
do céu.
Em outras palavras: na medida em que
nos penitenciamos, vamos fazendo morrer em nós o velho homem, Adão, a fim de
que possa viver o novo homem, Cristo, cuja plena estatura somos chamados a
atingir (cf. Ef 4,13).
Por fim, resta entender uma importante
verdade: se é lícito (e é) batalhar pela conquista de troféus nas competições
deste mundo, muito mais importante é a batalha pelos bens eternos, conforme nos
assegura o grande Apóstolo São Paulo: “Os atletas abstêm-se de tudo; eles, para
ganhar uma coroa perecível; nós, porém, para ganhar uma coroa imperecível”
(1Cor 9,25).
Possam as reflexões acima levar-nos ao
reforço da prática da ascese neste tempo quaresmal e também na vida do dia a
dia, com a graça de Deus.
Para aprofundamento: E. Bettencourt. Curso de Espiritualidade. Rio de Janeiro: Mater Ecclesiae, 2006, p. 37-69.
https://pt.aleteia.org/apoie-a-aleteia/
Fonte: https://pt.aleteia.org/
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