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Reconhecer
nossa dívida para com o cristianismo não é apenas uma questão de coração, mas
também de honestidade intelectual.
Em nossa época – marcada pelo
relativismo e pelo ceticismo – os semi-inteligentes reinam sem grandes
problemas sobre a opinião pública. Possuindo conhecimento suficiente para
se considerarem legítimos para opinar sobre tudo, eles, no entanto, permanecem
cegos por suas paixões e apaixonados demais por si mesmos para reconhecer os
limites de seus julgamentos. Por isso, ignoram a dívida abissal que nosso
mundo contraiu com o cristianismo.
O homem ocidental médio parece uma
criança mimada que bateu a porta da casa dos pais e que, como o filho pródigo
da parábola evangélica, recebe sua parte na herança sem uma palavra de
agradecimento.
Um alimento para o pensamento de crianças mimadas
Nesse contexto, lições de moral seriam
contraproducentes. Por outro lado, há um exercício que os cristãos
poderiam sugerir a essas pessoas ditas espertas: adivinhar como seria nossa
sociedade se a fé da Igreja não tivesse irrigado nossas mentes por dois
milênios. Essa é uma tarefa árdua para a qual entram em jogo inúmeros
parâmetros, mas é adequada para estimular a sagacidade dos semiqualificados.
Em que estado espiritual estaríamos se as
divindades sangrentas do paganismo, reflexos de nosso fascínio pela força e
pelo sucesso, tivessem permanecido como objeto de nossa adoração?
Em que estado estaria nosso mundo se
Cristo não tivesse vindo nos ensinar o cuidado com os humildes, os pequenos, o
perdão das ofensas, o amor aos inimigos, a dignidade dos pobres e
excluídos? Quais seriam os nossos ídolos – diante dos quais teríamos nos
ajoelhado – se Cristo não tivesse proposto à nossa adoração um Deus-Pai pronto
a abandonar o que Ele tem de mais caro (o seu próprio Filho) para ir em busca
dos perdidos?
Em que estado espiritual estaríamos se
as divindades sangrentas do paganismo, reflexos de nosso fascínio pela força e
pelo sucesso, tivessem permanecido como objeto de nossa adoração?
Uma contribuição decisiva para o avanço das
mulheres
Os seguidores de Jesus devem relembrar a dívida de nosso mundo
para com a fé cristã. Mas não é para eles se vangloriarem: eles têm apenas
uma parte muito pequena nisso. Todo o crédito vai para a Santíssima
Trindade. É o Pai que decidiu buscar sua ovelha perdida, seus
filhos. Para isso, Ele instruiu Seu Filho a nos trazer de volta em Seus
ombros. Os Evangelhos nos dizem como foi dura, perigosa e cara a
missão! Não é inútil enfatizar esta dimensão da nossa fé diante dos que
nos são próximos.
E, caso provoquemos neles exasperação,
o que é compreensível, visto que um devedor raramente aprecia ter suas dívidas
repostas em sua memória, poderíamos sempre propor à consideração deles a
pergunta: Você já pensou sobre como seria o nosso mundo se Jesus Cristo não
tivesse vindo? A conversa poderia continuar, por exemplo, sobre o tema
da contribuição, única na história, do cristianismo para a promoção da condição
feminina.
Considere a atitude de Jesus para com
as mulheres. Toda a Bíblia deve ser mencionada! O Cântico
dos Cânticos, por exemplo, faz uma mulher falar na primeira pessoa pela
primeira vez na história. As figuras femininas do Antigo Testamento
protagonizam: Rebeca, Ester, Judite, Sara e Abigail – entre outras.
Honestidade intelectual
A história da Igreja não é
exceção. Pela condição religiosa, as mulheres se libertaram dos poderes
que as escravizaram na história. Pense na Rainha Santa Radegunda
(520-587) que, fugindo de Clotário, seu marido que assassinou seu irmão,
fundou o mosteiro de Santa Cruz, perto de Poitiers, e encontrou em sua fé a
força para enfrentar as forças políticas de seu tempo.
Além disso, alegar que o cristianismo
escravizou mulheres é um absurdo absoluto. Jesus impediu um feminicídio (Jo 8,
2-11)! Por onde o cristianismo penetrou, a condição feminina
progrediu.
Como seria o mundo se Jesus não tivesse estendido suas mãos misericordiosas aos pecadores? KYNA STUDIO | Shutterstock |
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