Memorial dos Novos Mártires dos séculos XX e XXI (Vatican News) |
Na
cripta da Basílica de São Bartolomeu na Ilha, em Roma, - que São João Paulo II
quis como memorial simbólico dos cristãos que, no século XX, morreram em defesa
da fé -, estão expostas ao público dezenas de relíquias e objetos de mártires
dos cinco continentes. Esta exposição foi promovida pela Comunidade romana de
Santo Egídio com a ajuda da Arquidiocese norte-americana de Chicago.
Michele Raviart – Vatican News
O "Memorial dos novos Mártires" foi
inaugurado, na última quinta-feira, 23, na Basílica de São Bartolomeu na Ilha,
em Roma, por iniciativa da Comunidade romana de Santo Egídio.
Entre as numerosas relíquias e objetos pessoais dos
mártires de todos os continentes, expostos na cripta da Basílica, encontram-se:
a casula de Monsenhor Óscar Romero morto em São Salvador, em 1980; a estola do
Padre Pino Puglisi, assassinado pela máfia em Palermo, em 1993; o livro de
orações do Padre Maximiliano Kolbe, morto em Auschwitz; as ferramentas de
Charles de Foucauld, com as quais construiu sua ermida no Saara; como também o
breviário do Padre Jacques Hamel, assassinado a tiros por Jihadistas, na
França, em 2016; os objetos litúrgicos do Arcebispo caldeu, Bulos Faraj Rahho,
do sacerdote caldeu Ragheed Aziz Ghanni, assassinados em Mosul pelo Estado
Islâmico.
Memorial (Vatican News) |
Memorial dedicado aos mártires
modernos
Depois do Jubileu de 2000, por desejo de São João
Paulo II, a Basílica da Ilha Tiberina, em Roma, tornou-se um lugar para
recordar a memória dos mártires do século XX, vítimas, sobretudo, do
totalitarismo nazista e comunista.
A este respeito, o pároco da Basílica, padre Ângelo
Romano, explicou: “Ao longo dos anos, centenas de relíquias foram doadas e
expostas na Capela desta igreja. Agora, após várias obras de restauro, foi
inaugurado um novo espaço, na cripta da Basílica, que, na Roma antiga, era um
templo pagão, com um poço dedicado a Esculápio, deus da medicina”.
Na cripta encontram-se numerosos objetos e
vestígios de testemunhos cristãos, expostos, segundo critérios geográficos,
para demonstrar que, em todos os lugares do mundo, ainda hoje, tantas pessoas
arriscam a própria vida pela sua fé em Cristo.
Memorial (Vatican News) |
Um lugar em continuidade com a
história de Roma
O Cardeal Vigário de Roma, Dom Ângelo de Donatis,
ao ser entrevistado pela Rádio Vaticano, Vatican News, recordou o vínculo
especial da Cidade de Roma, não apenas com os mártires das primeiras
comunidades cristãs, mas também com aqueles que perderam a vida pela sua fé em
Cristo: “Na história da Igreja, jamais houve tantos perseguidos por causa do
Evangelho. Ainda hoje há certa continuidade, porque a Igreja de Roma sempre
honrou os mártires. Em nossos dias, ainda há muitos mártires”. E o Cardeal De
Donatis acrescentou: “São João Paulo II quis que este lugar fosse dedicado à
memória dos mártires modernos, para mostrar, em primeira mão, que o martírio é
uma realidade ainda existente na Igreja. Em muitas regiões do mundo, numerosos
cristãos são perseguidos e, algumas vezes, de forma sutil e imperceptível. Esta
é a realidade em que vivemos, ainda hoje”.
Um sacrifício que une os cristãos
Por outro lado, o arcebispo Fábio Fabene,
Secretário do Dicastério das Causas dos Santos, afirma. “Na verdade, como diz o
Papa, aqui tocamos com mão o que significa martírio de sangue, que une todos os
batizados, além das diversas confissões religiosas. É impressionante como,
através de imagens, escritos, recordações e testemunhos concretos de cristãos,
podemos ver a doação da vida de tantos dos nossos irmãos, que foram
martirizados, sobretudo, nos séculos XX e XXI”. É bem verdade o que o Papa nos
diz: “o nosso tempo ainda é um tempo de mártires”.
Aqui, o arcebispo aproveitou para anunciar que, em
vista do Jubileu de 2025, será instituída uma Comissão para reunir “os nomes e
os testemunhos das pessoas que, nas últimas décadas, edificaram a Igreja com
seu exemplo e seu sangue”.
Necessidade de recordar os mártires
do século XX
Andrea Riccardi, fundador da Comunidade romana de
Santo Egídio, recordou, nesta quinta-feira, 23, na inauguração do “Memorial dos
novos Mártires”, na Basílica de São Bartolomeu na Ilha, em Roma, a figura de
São João Paulo II, que escolheu esta Basílica, também visitada por Bento XVI e
Papa Francisco, como lugar simbólico do martírio: “O Papa Wojtyla sabia bem o
significado de martírio. Ele contribuiu para revelar ao mundo que o martírio
não era apenas uma experiência dos primeiros séculos do cristianismo, mas um
drama que acompanhou todo o século XX: desde os armênios até os cristãos na
Rússia e na Europa Oriental, durante o comunismo”.
A vida cristã precisa do testemunho
do Evangelho e do Ressuscitado
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