Basílica de São Pedro (Vatican Media) |
A
25 de março de 2022, foi em ligação especial com o Santuário de Fátima que, em
Roma, na Basílica de S. Pedro, o Papa consagrou a humanidade ao Imaculado
Coração de Maria. Recordamos todas as palavras de Francisco.
Rui Saraiva – Portugal
No Santuário de Fátima, em representação do Papa
Francisco, esteve o cardeal Konrad Krajewski para um momento especial de oração
mundial. No regresso da guerra à Europa na invasão da Rússia à Ucrânia, o Santo
Padre consagrou estes países e toda a humanidade ao Imaculado Coração de Maria.
Passado um ano recordamos aqui todas as palavras de
Francisco em jeito de prece contínua na esperança da paz.
Foi numa Celebração Penitencial na Basílica de S.
Pedro, na sexta-feira dia 25 de março de 2022, que o Papa Francisco consagrou a
humanidade ao Coração Imaculado de Maria. Por todo o mundo foi seguido este Ato
de Consagração que teve na celebração em simultâneo com Fátima uma especial
ligação espiritual.
Ato de Consagração ao Imaculado Coração de Maria
Foram estas as palavras do Papa Francisco:
Ó Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe, recorremos a Vós
nesta hora de tribulação. Vós sois Mãe, amais-nos e conheceis-nos: de quanto
temos no coração, nada Vos é oculto. Mãe de misericórdia, muitas vezes
experimentamos a vossa ternura providente, a vossa presença que faz voltar a
paz, porque sempre nos guiais para Jesus, Príncipe da paz.
Mas perdemos o caminho da paz. Esquecemos a lição
das tragédias do século passado, o sacrifício de milhões de mortos nas guerras
mundiais. Descuidamos os compromissos assumidos como Comunidade das Nações e
estamos a atraiçoar os sonhos de paz dos povos e as esperanças dos jovens.
Adoecemos de ganância, fechamo-nos em interesses nacionalistas, deixamo-nos
ressequir pela indiferença e paralisar pelo egoísmo. Preferimos ignorar Deus,
conviver com as nossas falsidades, alimentar a agressividade, suprimir vidas e
acumular armas, esquecendo-nos que somos guardiões do nosso próximo e da
própria casa comum. Dilaceramos com a guerra o jardim da Terra, ferimos com o
pecado o coração do nosso Pai, que nos quer irmãos e irmãs. Tornamo-nos
indiferentes a todos e a tudo, exceto a nós mesmos. E, com vergonha, dizemos:
perdoai-nos, Senhor!
Na miséria do pecado, das nossas fadigas e
fragilidades, no mistério de iniquidade do mal e da guerra, Vós, Mãe Santa,
lembrai-nos que Deus não nos abandona, mas continua a olhar-nos com amor,
desejoso de nos perdoar e levantar novamente. Foi Ele que Vos deu a nós e
colocou no vosso Imaculado Coração um refúgio para a Igreja e para a
humanidade. Por bondade divina, estais conosco e conduzis-nos com ternura mesmo
nas situações mais apertadas da história.
Por isso recorremos a Vós, batemos à porta do vosso
Coração, nós os vossos queridos filhos que não Vos cansais de visitar em todo o
tempo e convidar à conversão. Nesta hora escura, vinde socorrer-nos e
consolar-nos. Repeti a cada um de nós: «Não estou porventura aqui Eu, que sou
tua mãe?» Vós sabeis como desfazer os emaranhados do nosso coração e desatar os
nós do nosso tempo. Repomos a nossa confiança em Vós. Temos a certeza de que
Vós, especialmente no momento da prova, não desprezais as nossas súplicas e
vindes em nosso auxílio.
Assim fizestes em Caná da Galileia, quando
apressastes a hora da intervenção de Jesus e introduzistes no mundo o seu
primeiro sinal. Quando a festa se mudara em tristeza, dissestes-Lhe: «Não têm
vinho!» (Jo 2, 3). Ó Mãe, repeti-o mais uma vez a Deus, porque hoje esgotamos o
vinho da esperança, desvaneceu-se a alegria, diluiu-se a fraternidade. Perdemos
a humanidade, malbaratamos a paz. Tornamo-nos capazes de toda a violência e
destruição. Temos necessidade urgente da vossa intervenção materna.
Por isso acolhei, ó Mãe, esta nossa súplica:
Vós, estrela do mar, não nos deixeis naufragar na
tempestade da guerra;
Vós, arca da nova aliança, inspirai projetos e
caminhos de reconciliação;
Vós, «terra do Céu», trazei de volta ao mundo a
concórdia de Deus;
Apagai o ódio, acalmai a vingança, ensinai-nos o
perdão;
Libertai-nos da guerra, preservai o mundo da ameaça
nuclear;
Rainha do Rosário, despertai em nós a necessidade
de rezar e amar;
Rainha da família humana, mostrai aos povos o
caminho da fraternidade;
Rainha da paz, alcançai a paz para o mundo.
O vosso pranto, ó Mãe, comova os nossos corações
endurecidos. As lágrimas, que por nós derramastes, façam reflorescer este vale
que o nosso ódio secou. E, enquanto o rumor das armas não se cala, que a vossa
oração nos predisponha para a paz. As vossas mãos maternas acariciem quantos
sofrem e fogem sob o peso das bombas. O vosso abraço materno console quantos
são obrigados a deixar as suas casas e o seu país. Que o vosso doloroso Coração
nos mova à compaixão e estimule a abrir as portas e cuidar da humanidade ferida
e descartada.
Santa Mãe de Deus, enquanto estáveis ao pé da cruz,
Jesus, ao ver o discípulo junto de Vós, disse-Vos: «Eis o teu filho!» (Jo 19,
26). Assim Vos confiou cada um de nós. Depois disse ao discípulo, a cada um de
nós: «Eis a tua mãe!» (19, 27). Mãe, agora queremos acolher-Vos na nossa vida e
na nossa história. Nesta hora, a humanidade, exausta e transtornada, está ao pé
da cruz convosco. E tem necessidade de se confiar a Vós, de se consagrar a
Cristo por vosso intermédio. O povo ucraniano e o povo russo, que Vos veneram
com amor, recorrem a Vós, enquanto o vosso Coração palpita por eles e por todos
os povos ceifados pela guerra, a fome, a injustiça e a miséria.
Por isso nós, ó Mãe de Deus e nossa, solenemente
confiamos e consagramos ao vosso Imaculado Coração nós mesmos, a Igreja e a
humanidade inteira, de modo especial a Rússia e a Ucrânia. Acolhei este nosso
ato que realizamos com confiança e amor, fazei que cesse a guerra, providenciai
ao mundo a paz. O sim que brotou do vosso Coração abriu as portas da história
ao Príncipe da Paz; confiamos que mais uma vez, por meio do vosso Coração, virá
a paz. Assim a Vós consagramos o futuro da família humana inteira, as
necessidades e os anseios dos povos, as angústias e as esperanças do mundo.
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