Translate

sábado, 18 de março de 2023

Os Papas e a Quaresma: o valor da esmola, um gesto de amor gratuito

"A esmola nos ajuda a viver a gratuidade do dom" 
(Copyright: Stefano Buttafoco Arti Fotografiche)

Perguntas sobre o significado deste ato de compartilhar encontram muitas respostas nas palavras dos Papas. Vamos percorrer algumas reflexões no Magistério de Francisco, Bento XVI, João Paulo II, Paulo VI.

Amedeo Lomonaco - Vatican News

Os elementos do caminho espiritual durante a Quaresma são a oração, o jejum e a esmola. O termo "esmola", em particular, vem do grego e significa "misericórdia". E indica gratuidade. Na esmola, como o Papa Francisco assinalou durante a Santa Missa de 5 de março de 2014, "você dá a alguém de quem você não espera receber algo em troca". "A esmola nos ajuda a viver a gratuidade do dom, que é a liberdade da obsessão da posse, do medo de perder o que se tem, da tristeza daqueles que não querem compartilhar seu bem-estar com os outros".

Por que a esmola deve ser escondida?

Uma característica típica da esmola cristã é que ela deve ser escondida. O Papa Francisco nos lembrou disso durante a Audiência Jubilar de 9 de abril de 2016: Jesus "nos pede para não dar esmola a fim de sermos louvados e admirados pelos homens por nossa generosidade: assegure-se de que sua mão direita não saiba o que sua mão esquerda está fazendo (cf. Mt 6,3)". "Não é a aparência que conta, mas a capacidade de parar e olhar a pessoa pedindo ajuda no rosto". Não devemos, portanto, identificar a esmola com a simples moeda oferecida com pressa, sem olhar para a pessoa e sem parar para falar e entender o que ela realmente precisa". A esmola é "um gesto de amor que se faz àqueles que encontramos".

O que representa a esmola?

A esmola, sublinha o Papa Bento XVI em sua mensagem para a Quaresma de 2008, "representa uma forma concreta de ajudar os necessitados e, ao mesmo tempo, um exercício ascético para libertar-se do apego aos bens terrenos". Quão forte é a sugestão de riquezas materiais e quão clara deve ser nossa decisão de não as idolatrar, Jesus afirma de forma peremptória: Não podeis servir a Deus e ao dinheiro" (Lc 16,13). "A esmola", continua a mensagem, "nos ajuda a superar esta tentação constante, educando-nos a satisfazer as necessidades do próximo e a compartilhar com os outros tudo o que possuímos através da bondade divina". Este é o propósito das coletas especiais em favor dos pobres, que são promovidas em muitas partes do mundo durante a Quaresma".

Que conexão têm esmola e jejum?

"Cristo - e, depois dele, a Igreja - também nos propõe, no tempo da Quaresma, os meios que servem a esta conversão. Trata-se antes de tudo da oração; depois a esmola e o jejum". O Papa João Paulo II recorda isto em sua mensagem para a Quaresma de 1979. "A esmola e o jejum como meios de conversão e de penitência cristã estão intimamente ligados". Jejum significa domínio sobre si mesmo; significa ser exigente de si mesmo, estar pronto para renunciar às coisas - e não apenas à comida - mas também aos prazeres e aos vários prazeres. E esmola - em seu sentido mais amplo e essencial - significa disponibilidade para compartilhar alegrias e tristezas com os outros, para dar ao próximo, aos necessitados em particular; para compartilhar não somente bens materiais, mas também os dons do espírito".

O que é a verdadeira caridade?

O Papa Paulo VI na Quarta-Feira de Cinzas, 8 de fevereiro de 1967, lembra como é difícil, na caridade material, "privar-se de algo querido, útil, talvez necessário: dar esmolas que realmente tenham um impacto em nossas economias, em nossas peculiaridades". Dá-se de boa vontade o supérfluo, aquilo que não custa nada". "A verdadeira caridade, por outro lado, se propõe a dar uma parte do que custa, do que nos parece indispensável. Eis a sábia regra que pode abrir horizontes inexplorados".

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF