TIZIANA FABI | AFP |
“Vocês
só devem pensar em perdoar”, declarou o Papa Francisco aos sacerdotes
confessores durante o XXXIII curso sobre o foro íntimo, realizado no Vaticano
neste dia 23 de março. Francisco pediu que os confessores não tentem dialogar
com o diabo nem brinquem de psiquiatras.
Durante a audiência, o Papa exortou a
Igreja a redescobrir a confissão, especialmente na véspera do Jubileu de 2025, pedindo que os programas
pastorais das Igrejas locais garantam “um lugar legítimo” para este sacramento.
Recomendou que os confessionários não
sejam “abandonados”, mas sim que haja “presença regular de um confessor, com
longas horas, em todos os ambientes pastorais”. E acrescentou: “Nunca um
confessionário vazio (…) As pessoas não aparecem? Leia alguma coisa, ore, mas
espere: elas irão”.
O Papa também ordenou aos confessores
que “nunca conversem com o diabo”, nem “comecem a bancar o psiquiatra, o
psicanalista… não”. E enfatizou: “Se algum de vocês tem esta vocação, pode
fazê-lo em outro lugar, mas não no tribunal da penitência”.
A missão do confessor, explicou o
pontífice, é “acolher a todos sem preconceitos” e “procurar a porta por onde o
perdão possa entrar”. E “quando não se consegue entrar pela porta, entra-se
pela janela”, acrescentou, sugerindo que, se não puderem despertar o
arrependimento, os confessores despertem pelo menos o desejo de arrependimento.
O chefe da Igreja Católica pediu aos
padres que não condicionem o perdão, porque “Deus não diz ‘só isso…’, diz
‘tudo'” e perdoa “sempre mais”.
“Se alguém não se sente doador da
misericórdia, não vá ao confessionário”, exortou ainda o bispo de Roma,
lamentando o caso de um confessor de uma basílica papal que despeja reprovações
e aplica uma penitência inviável. “Não é assim. Misericórdia. Você está lá para
perdoar”, disse ele.
Num mundo com muitos “focos de ódio e
vingança”, os confessores devem multiplicar os “focos de misericórdia”,
continuou o Papa, referindo-se a uma “luta sobrenatural” em que a vitória de
Cristo é alcançada “toda vez que um penitente é absolvido”. O Sucessor de Pedro
encerrou: “Nada expulsa e vence o mal mais do que a misericórdia divina”.
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