Palavra de Vida - Março 2023 | Focolares |
“Procedei como
filhos da luz. E o fruto da luz é toda espécie de bondade e de justiça e de
verdade.” (Ef 5,9) | Palavra de Vida Março 2023
por Letizia Magri com a comissão da Palavra de Vida publicado em 24/02/2023
Paulo escreve à
comunidade de Éfeso, uma grande e imponente cidade da Turquia, onde tinha
vivido, batizando e evangelizando.
Agora, por volta do
ano 62, provavelmente ele está em Roma, como prisioneiro. Sua situação é de
sofrimento. Mesmo assim, ele escreve a esses cristãos, não tanto para resolver
os problemas da comunidade, quanto para anunciar-lhes a beleza do projeto de
Deus para a Igreja nascente.
Ele lembra aos
efésios que, pelo dom do batismo e da fé, eles passaram da situação de “ser
trevas” para a de “ser luz”, e os encoraja a se comportarem de forma coerente.
Para Paulo,
trata-se de percorrer um caminho, de crescer constantemente no conhecimento de
Deus e da sua amorosa vontade. É recomeçar, dia após dia.
Portanto, quer
exortá-los a viverem na vida cotidiana de acordo com o chamado que receberam:
serem “imitadores de Deus como filhos queridos”1: santos, misericordiosos.
“Procedei como
filhos da luz. E o fruto da luz é toda espécie de bondade e de justiça e de
verdade.”
Também nós,
cristãos do século XXI, somos chamados a “sermos luz”. Mas podemos nos sentir
inadequados, condicionados pelas nossas limitações ou dominados pelas
circunstâncias externas.
Como, então,
caminhar com esperança, apesar das trevas e das incertezas que às vezes parecem
nos dominar?
Paulo continua nos
encorajando: é a Palavra de Deus vivida que nos ilumina e nos torna capazes de
“brilhar como luzeiros”2 nesta humanidade desnorteada.
“Como um outro
Cristo, cada homem e cada mulher pode dar a sua contribuição [...] em todos os
campos da atividade humana: na ciência, na arte, na política. […] Se acolhermos
a sua Palavra, estaremos cada vez mais sintonizados com os seus pensamentos,
com os seus sentimentos, com os seus ensinamentos. A Palavra ilumina todas as
nossas atividades, retifica e corrige todas as expressões da nossa vida. [...]
O nosso “homem velho” (cf. Rm 6,6) está
sempre pronto a se fechar no seu próprio mundo, a cultivar os pequenos
interesses pessoais, a se esquecer das pessoas que passam ao nosso lado, a
ficar indiferente diante do bem público, das exigências da humanidade que nos
rodeia. Portanto, vamos reacender em nosso coração a chama do amor, e assim
teremos olhos novos para ver o que acontece ao nosso redor.3
“Procedei como
filhos da luz. E o fruto da luz é toda espécie de bondade e de justiça e de
verdade.”
A luz do Evangelho
vivido por indivíduos e comunidades traz esperança e fortalece os laços
sociais, inclusive quando calamidades como a Covid-19 causam sofrimento e
agravam as situações de pobreza.
Nas Filipinas, como
nos conta Júlio, no auge da pandemia, uma comunidade foi devastada por um
incêndio e muitas famílias perderam tudo: “Apesar de sermos pobres, minha
esposa Florinda e eu sentíamos um grande desejo de ajudar. Então compartilhei
essa situação com o grupo de motociclistas do qual faço parte, mesmo sabendo
que eles estavam sofrendo como nós. Isso não impediu que meus amigos
arregaçassem as mangas: arrecadamos sardinha em lata, macarrão, arroz e outros
alimentos, que doamos às vítimas dos incêndios.
Muitas vezes, minha
esposa e eu nos sentimos desencorajados ao pensar naquilo que o futuro reserva
para nós, mas sempre nos lembramos da frase do Evangelho que diz: ‘Quem quiser
salvar sua vida a perderá; mas quem perder sua vida por causa de mim e do
Evangelho, a salvará’4. Embora não sejamos ricos, acreditamos que sempre temos
algo a compartilhar por amor a Jesus no outro. É esse amor que nos impulsiona a
continuar a doar com sinceridade e a confiar no amor de Deus”.
Resumindo,
portanto, é deixar-se iluminar no fundo do coração. Os bons frutos deste caminho
– bondade, justiça e verdade – agradam aos olhos do Senhor e se tornam
testemunho da vida sublime do Evangelho, mais do que qualquer discurso.
E não esqueçamos o
apoio que recebemos de todos aqueles com os quais compartilhamos esta “Santa
Viagem” da vida. O bem que recebemos, o perdão mútuo que experimentamos, a
partilha de bens materiais e espirituais que podemos viver: tudo isso são
ajudas preciosas, que nos abrem à esperança e nos tornam testemunhas.
Jesus prometeu:
“Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos”5.
Ele, o
Ressuscitado, fonte de nossa vida cristã, está sempre conosco na oração comum e
no amor recíproco, aquecendo nosso coração e iluminando nossa mente.
Por
Letizia Magri com a comissão da Palavra de Vida
1) Cf. Ef 5,1.
2) Cf. Fl 2,15.
3) LUBICH, Chiara,
Cidadania de amor, Palavra de Vida, setembro de 2005.
4) Cf. Mc 8,35.
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