Quaresma: a experiência transformadora do perdão (Vatican News) |
Aquele
que realmente ama a Deus, ama também o seu próximo e a exemplo do próprio Deus
perdoa sem medidas.
Dom Matias Moraes, OSB
O tempo da quaresma nos é propício para
exercitarmos muitas práticas cristãs que nos aproximam cada vez mais do amor e
misericórdia de Deus. Um dos convites que Nosso Senhor nos faz é que
experimentemos o perdão. Numa sociedade marcada pelo ódio e violência, perdoar
e ser perdoado parecem ser atitudes distantes de serem alcançadas. O Papa
Francisco nos lembra que: “Parece que a riqueza própria do diabo é esta:
semear o amor não perdoando, viver apegado ao não-perdão. Mas o perdão é a
condição para entrar no céu.” (Homilia na Casa Santa Marta, 17 de março de
2020)
Somos tentados a praticar o não-perdão todos os
dias, quando caímos no egoísmo de pensarmos somente em nós mesmos, nas nossas
próprias vontades e desejos, vivendo como se fôssemos o Senhor de nossas
próprias vidas, e deixamos de lado o próprio amor Encarnado: Jesus
Cristo. Quando fazemos um verdadeiro encontro com Jesus, torna-se
impossível não viver a dimensão do perdão. Nesse sentido a figura de São João
Gualberto nos ilumina com seu testemunho e exemplo. Seu irmão fora assassinado,
e como costume da época era sua missão vingar essa morte. Tomado pelo impulso
de vingança João Gualberto ao encontrar-se com o assassino de seu irmão e já
preparado para honrar a morte de um homem a quem ele tanto amara, se depara com
um pedido de perdão daquele homem. Era uma Sexta-Feira Santa, dia em que Nosso
Senhor e Salvador num supremo ato de amor doou sua vida por cada um de nós e
nos abriu as portas do paraíso, derramando seu sangue na cruz, lavou e perdoou
os pecados do mundo inteiro. O assassino disse a João Gualberto: Pelo mistério
da Cruz que hoje celebramos eu rogo seu perdão! O jovem João não hesitou e o
perdoou. Logo em seguida, abraçou a vida monástica e nunca mais abandonou a
Jesus Cristo, a quem serviu fielmente por toda sua vida.
A experiência do perdão transforma as nossas vidas,
mas o Papa recorda que: “não é fácil perdoar. Porque o nosso coração egoísta
está sempre apegado ao ódio, às vinganças, aos rancores. Todos vemos famílias
destruídas por ódios familiares que passam de geração em geração. Irmãos que,
diante do caixão de um dos pais, não se saúdam porque levam adiante rancores
antigos. Parece que o apegar-se ao ódio é mais forte do que o apegar-se ao
amor; e este é propriamente o tesouro – digamos assim – do diabo. Ele
esconde-se sempre entre os nossos rancores, entre os nossos ódios e fá-los
crescer, mantendo-os ali para destruir. Destrói tudo. E muitas vezes destrói
por coisas insignificantes.”
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