Dom Murilo S. R. Krieger, scj (Vatican Media) |
Dom Murilo: "nossa vida,
mesmo em seus momentos mais simples, tem um valor imenso, porque estão
revestidos da marca da eternidade. Afinal, somos conduzidos por uma certeza:
Jesus Cristo está vivo".
Dom Murilo
S. R. Krieger, scj - Arcebispo Emérito de São Salvador da Bahia
É comum, em
algumas regiões do Oriente, os cristãos saudarem-se mutuamente de maneira
otimista: "Cristo ressuscitou!”, proclama um. “Sim, ele ressuscitou
verdadeiramente!", responde o outro. Por trás dessa saudação há uma
convicção: esse é o fato central da vida cristã.
Tal
afirmação é tão importante que, no início da pregação do Evangelho, quando
chegavam em um lugar que nada sabia a respeito de Jesus Cristo, os apóstolos
começavam anunciando sua ressurreição: “Jesus Cristo ressuscitou. Ele está
vivo!” A convicção e a esperança que os pregadores transmitiam por
falarem de alguém que morreu e agora estava vivo despertava o interesse dos
ouvintes. A partir daí, pouco a pouco, os evangelizadores passavam a falar
também de outros aspectos da vida e da mensagem de Jesus de Nazaré.
Dirigindo-se
aos que estavam em Jerusalém, no dia de Pentecostes, o apóstolo Pedro foi
claro: "Deus ressuscitou este mesmo Jesus, e disso todos nós somos
testemunhas" (At 2,32). O apóstolo Paulo, por sua vez, de tal
maneira estava marcado por esse acontecimento que considerava vazia e sem
sentido a vida cristã, se não estivesse baseada na ressurreição de
Cristo: "Se Cristo não ressuscitou, a nossa pregação é sem
fundamento, e sem fundamento também é a vossa fé... Se Cristo não ressuscitou,
a vossa fé não tem nenhum valor e ainda estais nos vossos pecados” (1Cor
15,14-17).
"Cristo
ressuscitou! Sim, ressuscitou verdadeiramente!" Não é fácil acreditar e
ser otimista, quando tudo nos convida ao contrário: a guerra na Ucrânia que
parece não ter fim; uma série de conflitos se multiplicam pelo nosso planeta;
os meios de comunicação divulgam notícias a respeito de desemprego e do aumento
do número de pobres e famintos; o egoísmo domina o relacionamento humano;
cresce o império da pornografia, das armas e das drogas; os direitos humanos
são pisoteados um pouco por toda a parte e muitos passam a ter a impressão de
que o filósofo Hobbes tinha razão, quando afirmava: "O homem é o lobo do
homem".
Talvez seja
difícil para muitos acreditar, hoje, em Jesus Cristo, em sua mensagem de amor e
de perdão, em seu anúncio marcado pela esperança e pela paz. Quanto mais não
terá sido difícil acreditar quando aquele que é a razão de nossa fé e de nossa
esperança estava pendurado na cruz? Ficavam sem resposta os apelos dos que
contemplavam: "Se és o filho de Deus, desce da cruz... Salva-te a
ti mesmo!... Desce da cruz e acreditaremos em ti.". Provavelmente
eles não ouviram uma pregação de Cristo em que outros já haviam pedido sinais
extraordinários: "Esta geração pede um sinal e não terá outro
sinal que o do profeta Jonas... Como Jonas esteve no ventre da baleia três dias
e três noites, assim também o filho do homem estará no seio da terra três dias
e três noites" (Mt 12,38-40).
No centro
de nossa fé há uma grande certeza, que é garantia de nossa vitória: "Cristo
ressuscitou!" Foi essa a certeza dada pelo Anjo às mulheres que,
na manhã do terceiro dia, foram ao sepulcro de Jesus (cf. Mt 28,1-8). “Ele
ressuscitou dos mortos!”, completou o Anjo. Essa afirmação queria
deixar claro que ele morreu verdadeiramente, e não apenas aparentemente. Morreu
como qualquer homem. Mas a morte não teve a última palavra. A última palavra é
da vida: ele está vivo! O Anjo foi além: “Ressuscitou como havia
dito!” Portanto, aquele que ressuscitou é o mesmo Jesus que havia
pregado na Palestina e que havia antecipado a sua morte. Esta, pois, é a “boa
nova” que, a partir daí, os apóstolos passaram a proclamar: “Jesus de Nazaré
ressuscitou!” Aqui está o núcleo central da mensagem cristã!
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