O Papa com as participantes da Assembleia Geral da União das Superioras Maiores da Itália (USMI) (Vatican Media |
Caminhar juntos, aproveitando a
riqueza inesgotável do Evangelho que quebra os esquemas e semeia a esperança. O
Papa recebeu a União das Superioras Maiores da Itália e as exortou a serem
construtoras do Reino de Deus, em comunhão com outras realidades eclesiais sem
perder a alegria, a audácia e a dedicação.
Mariangela
Jaguraba - Vatican News
O Papa
Francisco recebeu em audiência, nesta quinta-feira (13/04), na Sala Clementina,
no Vaticano, as participantes da Assembleia Geral da União das Superioras
Maiores da Itália (USMI).
Nestes
dias, a USMI está reunida em sua 70ª Assembleia Geral sobre o tema "No
caminho sinodal, mulheres testemunhas do Ressuscitado".
Recuperar o frescor original do Evangelho
Em seu
discurso, o Papa sublinhou três aspectos sugeridos por esse tema. No primeiro
aspecto, mulheres testemunhas do Ressuscitado, Francisco recordou que "as
primeiras testemunhas da Ressurreição do Senhor foram as mulheres, as
discípulas, que com a sua audácia sempre nos lembram que «Jesus Cristo pode
também quebrar os esquemas maçantes nos quais tentamos aprisioná-lo e
surpreender-nos com a sua constante criatividade divina», porque «Cristo é o
“Evangelho eterno”» e «a sua riqueza e a sua beleza são inesgotáveis»".
“Aquelas mulheres corajosas deixaram-se
surpreender e impelir pela força e pela luz do Ressuscitado e puseram-se a
caminho a procurá-lo. Elas tinham plena consciência de como é importante ter o
Senhor vivo no coração.”
A atitude
delas nos recorda que se tivermos a coragem de «voltar
à fonte e recuperar o frescor original do Evangelho, despontam novas estradas,
métodos criativos, outras formas de expressão, sinais mais eloquentes, palavras
cheias de renovado significado para o mundo atual».
Segundo o
Papa, quando nos perguntamos: O que fazemos agora nesta situação? e rezamos
para ver o que Senhor nos diz no Evangelho, "dali vem a inspiração e surge
um novo caminho, às vezes surge uma família religiosa, às vezes se tomam
decisões que parecem assustadoras". "Sempre caminhar com coragem,
ver o que o Senhor nos diz hoje. É verdade que cada uma de vocês tem o próprio
carisma, e é com este espírito que vocês têm que se interrogar. Com o espírito
dos fundadores que vocês têm no coração, vocês devem perguntar: "Senhor, o
que eu devo fazer hoje? O que devemos fazer?". As mulheres são boas para
isso, sabem abrir novos caminhos, sabem doa, são corajosas", sublinhou
Francisco.
O caminho sinodal é o Espírito Santo
Passemos
agora ao segundo aspecto: no caminho sinodal. Numa outra passagem, o Evangelho
diz que «as mulheres saíram depressa para dar a notícia aos discípulos».
"A presença de Jesus não nos fecha em nós mesmos, mas nos impele ao
encontro com os outros e à decisão de caminhar com os outros", disse o
Papa.
Estas
mulheres não escolheram guardar a alegria do encontro só para si, nem fazer o
caminho sozinhas: elas escolheram caminhar juntas com os outros.
“Porque é próprio da mulher ser
generosa: é assim. Às vezes têm algumas neuróticas, mas isso está um pouco em
todo lugar! Porém, mulher significa dar vida, abrir caminhos, convidar os
outros, caminhar juntos.”
Recordamos
sempre que "para 'caminhar juntos' é necessário nos deixar educar pelo
Espírito a uma mentalidade realmente sinodal, entrando com coragem e liberdade
de coração num processo de conversão", porque «a sinodalidade é o caminho
principal para a Igreja, chamada a renovar-se sob a ação do Espírito e graças à
escuta da Palavra».
Segundo
Francisco, quando se fala de "espírito sinodal" pode dar um pouco de
medo e fazer-nos fechar de uma forma diferente. Porém, "o caminho em
espírito sinodal é escutar, rezar e caminhar. O caminho sinodal é o Espírito
Santo: Ele é a cabeça do caminho sinodal, Ele é o protagonista".
Chamado, resposta fiel e esperança
Por fim, o
terceiro aspecto: semeadoras de esperança. "Hoje sentimos falta desta
humilde pequena virtude que é a esperança: sentimos muita falta. Temos versões
mundanas, como o otimismo, o bom senso elevado. Não: a esperança, a menor,
porém a mais forte das virtudes, aquela que nunca desilude. E vocês devem ser
semeadoras de esperança, o que não é o mesmo que semeadoras de otimismo: não.
De esperança, que é outra coisa", sublinhou.
"O
encontro com Jesus Ressuscitado enche de esperança e «isso exige ser fermento
de Deus no meio da humanidade»", disse ainda o Papa. Em outras palavras,
«significa anunciar e levar a salvação de Deus ao nosso mundo, que muitas vezes
se perde, que precisa de respostas que encorajem, que deem esperança, que deem
novo vigor ao caminho». "Chamado, resposta fiel e esperança, ir em frente
com esperança. «Sejamos realistas, mas sem perder a alegria, a audácia e a
dedicação cheia de esperança»", disse ainda Francisco.
Cuidado com as doenças da vida consagrada
Por fim, o
Papa pediu às religiosas para tomarem "cuidado com as doenças da vida
consagrada, pois elas existem". Ele destacou uma: "a amargura. Aquele
espírito de acidez por dentro. A amargura é o licor do diabo: o diabo nos
cozinha nela, com esse licor".
“Não estou falando de otimismo:
otimismo é uma coisa psicológica. Falo de esperança, de abertura ao Espírito, e
isso é teológico. Uma vocação religiosa deve seguir este caminho. A amargura, a
acidez do coração, faz muito mal.”
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