Na audiência aos participantes
da Assembleia Plenária do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida,
dedicada ao tema "Leigos e ministérios na Igreja sinodal", Francisco
recordou que há serviços ministeriais, atribuições, ofícios, cuja finalidade é
levar "os valores cristãos ao mundo social, político e econômico" do
nosso tempo. Uma missão confiada, sobretudo, aos leigos, que têm a tarefa de
“anunciar o Evangelho e transformar a sociedade”.
Manoel
Tavares - Vatican News
O Santo
Padre recebeu, na manhã deste sábado, 22, no Vaticano, os participantes da II
Assembleia Plenária do “Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida”,
acompanhados pelo Prefeito Kevin Joseph Farrell.
Ao saudar
os numerosos presentes, o Papa agradeceu pelo trabalho, que realizaram ao longo
dos anos, e o esforço que fizeram em suas áreas de competência: a vida
cotidiana das pessoas, famílias, jovens, idosos, grupos associados de fiéis e,
em geral, os leigos que vivem no mundo. A eles, Francisco disse: “Vocês pertencem
a um Dicastério "popular", eu diria. Por isso, nunca percam o
carácter de proximidade com as mulheres e os homens do nosso tempo”.
Partindo do
tema desta II Assembleia do Dicastério: “Leigos e ministérios na Igreja
sinodal”, o Papa explicou: “Quando se fala de ministérios, em
geral, pensamos logo nos ministérios estabelecidos: leitor, acólito,
catequista. Estes ministérios são caracterizados por uma intervenção pública da
Igreja, um ato específico de instituição, e por certa visibilidade. Eles estão
interligados ao ministério ordenado, por suas várias formas de participação em
suas tarefas próprias”.
O Batismo
Porém,
recordou Francisco, “os ministérios instituídos não esgotam a ação ministerial
da Igreja, que, desde as primeiras comunidades cristãs, envolveu os fiéis”. E,
retomando o tema da Assembleia, Francisco falou sobre a origem da ação
ministerial na Igreja, aprofundando dois aspectos fundamentais: o
Batismo e os dons do Espírito Santo. Sobre o Batismo, no qual o sacerdócio
comum de todos os fiéis afunda suas raízes e se expressa nos ministérios,
disse:
“A ação
ministerial dos leigos não se funda no sacramento da Ordem, mas no Batismo,
porque todos os batizados – leigos, celibatários, casados, sacerdotes,
religiosos – são ‘christifideles’, os que acreditam em Cristo, são seus
discípulos e, portanto, chamados a participar da missão que a Igreja lhes
confia, mediante ministérios específicos”.
Os dons do Espírito Santo
Falando
sobre o segundo aspecto fundamental do ministério leigo, “os dons do
Espírito Santo”, Francisco disse: “A ação ministerial dos fiéis e dos
leigos, em particular, brota dos carismas que o Espírito Santo oferece ao Povo
de Deus para sua edificação: o carisma é suscitado, primeiro, pelo Espírito;
depois, a Igreja reconhece este carisma como serviço útil para a comunidade;
por fim, o ministério específico é difundido aos demais.
Assim,
acrescentou o Papa, a ação ministerial da Igreja não se reduz apenas aos
ministérios instituídos, mas tem um campo bem mais vasto, como no caso de
serviços temporários dos leigos, como a proclamação da Palavra ou a
distribuição da Eucaristia.
Ministério, testemunho cristão
Além disso,
disse Francisco, os leigos podem desempenhar também várias tarefas, não só na
Igreja, mas também nos ambientes onde vivem: entre as antigas e novas formas de
pobreza, migração, que requer acolhida e solidariedade. Assim, o ministério se
torna, além de um simples compromisso social, um lindo testemunho cristão.
Durante a
Assembleia Plenária do Dicastério, os participantes refletiram também sobre
alguns desafios da pastoral familiar: crise matrimonial, separações e
divórcios. Aqui, o Santo Padre recordou que há ministérios fundados no
Matrimônio, não apenas no Batismo e na Confirmação, como a missão educativa e
evangelizadora da família. O espírito missionário intrínseco da vocação
conjugal se expressa também fora da família, quando se torna
"evangelizador de outras famílias”.
Missão e serviço
Estes são
apenas alguns exemplos de ministérios leigos abordados pelo Papa Francisco, mas
há outros serviços ministeriais, atribuições, ofícios, cuja finalidade é levar
"os valores cristãos ao mundo social, político e econômico" do nosso
tempo. Uma missão confiada, sobretudo, aos leigos, que têm a tarefa de
“anunciar o Evangelho e transformar a sociedade”. "Fico irritado
quando vejo ministros leigos que – me perdoem a palavra – "estufam o
peito" por fazerem este ministério. Isto é ministerial, mas não é cristão.
São ministros pagãos, cheios de si. Cuidado com isso: nunca devem se tornar
autorreferenciais. Quando o serviço é unidirecional, não é "ida e volta",
acrescentou Francisco.
Por fim, o
Papa concluiu seu discurso aos participantes da Assembleia do Dicastério,
perguntando: o que estes ministérios têm em comum? E respondeu:
“Duas coisas: missão e serviço. Todos os ministérios são expressão da única missão da Igreja e formas de serviço aos outros... Na raiz do termo ministério, destaca-se a palavra ‘minus’ ou ‘menor’. Quem segue Jesus não tem medo de ser ‘inferior ou menor’ ao se colocar a serviço dos outros e, através deles, ao próprio Cristo. Assim, todo batizado descobre que é chamado a "iluminar , abençoar, animar, aliviar, curar, libertar".
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt
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