O SENHOR FAZ SILÊNCIO PARA NOS ESCUTAR!
Dom José Gislon
Bispo de Caxias do Sul (RS)
Estimados irmãos e irmãs em
Cristo Jesus! O Senhor Ressuscitado volta o seu olhar para cada um de nós
quando nos reunimos, como comunidade de fé, para rendermos graças a Deus pelo
dom da vida, pela fé, a família, o trabalho, os amigos e tantas coisas boas,
que tocam a nossa vida de peregrinos neste mundo. O Senhor nos escuta no
silêncio, com amor e compaixão.
A Igreja, vivendo a missão que o
Senhor lhe confiou, deve ser mãe que consola e mestra que ensina seus filhos e
filhas. Por isso, também em nossos dias, com voz profética, fala ao
coração de seus fiéis. Em meio às luzes e sombras do nosso tempo, como
cristãos, conscientes e comprometidos com o Evangelho, seremos testemunhas do
Ressuscitado no mundo, se a nossa alegria se faz vida, que acolhe o necessitado
e as suas necessidades, não como sacrifício, mas como lugar de transfiguração e
de oferta da própria vida. Fazendo com que, em cada situação, o caminho do
outro seja acolhido e seja repleto do dom que Jesus faz aos seus, que faz a
nós, e, através de nós, quer oferecer ao “mundo todo” (1Jo 2,2). Nenhuma
palavra e nenhum gesto podem traduzir melhor a palavra com a qual o
Ressuscitado se dirige aos seus discípulos: “A paz esteja convosco”! (Lc
24,36).
A chama da fé e a da paz, que na
tribulação se faz anúncio de vida, na experiência da morte mais cruel, está
ainda nas mãos da Igreja de Cristo, morto e ressuscitado, e talvez nos espera,
para que também nós possamos dizer, com o salmista: “Eu tranquilo vou deitar-me
e na paz logo adormeço, pois só Vós, ó Senhor Deus, dais segurança à minha
vida”! (Sl 4,9).
Mas uma pergunta permanece
aberta (Lc 24,36): nos passos do dia a dia, nós falamos das coisas de Deus,
para que o Senhor possa inserir-se na nossa conversa, como fez com os discípulos
de Emaús, sem correr o risco de nos incomodar? E ainda: Do que verdadeiramente
sentimos “necessidade” de falar ao Senhor Ressuscitado, para que a nossa vida
de fé seja “viva”? Não temos nada a temer, nada do que nos envergonhar (Lc
24,39). Como explica Santo Agostinho: “Jesus Cristo é a nossa salvação (…) e
tem julgado ser útil para os seus discípulos conservar as cicatrizes, para
curar as feridas de seus corações”. E se interroga, interpretando as nossas
perguntas: “Quais feridas? Aquelas da incredulidade?”
Nenhum comentário:
Postar um comentário