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quinta-feira, 27 de abril de 2023

Pe. Jihad Youssef: cristãos do Oriente Médio estão em risco de extinção

O superior da comunidade monástica fundada na Síria pelo jesuíta Paolo Dall'Oglio  (Agenzia Romano Siciliani)

O monge da comunidade monástica de Khalil Allah, no Mosteiro de Deir Mar Musa, esteve presente em simpósio realizado em Chipre pelos 10 anos de exortação apostólica de Bento XVI 'Ecclesia in Médio Oriente'. Ele falou da necessidade de uma estratégia evangélica para que os fiéis ainda se sintam 'filhos daquela terra'.

Francesca Sabatinelli - Nicósia

Se continuar assim, no Oriente Médio, na Síria, Líbano, Palestina, Jordânia, restarão "poucos cristãos de museu". As palavras do Pe. Jihad Youssef são pedradas, mas o monge as pronuncia com calma e lentamente. Ele vem da Síria, e desde 1999 pertence à Comunidade Monástica Khalil Allah, no Mosteiro Dei Mar Musa em Nebek, fundada pelo jesuíta Paolo Dall'Oglio, do qual não se há notícias desde 2013.

O Pe. Jihad participou do Simpósio "Enraizados na Esperança", organizado pela ROACO e que terminou no domingo (23), por ocasião do aniversário de 10 anos da exortação apostólica de Bento XVI "Ecclesia in Médio Oriente". Em Nicósia, onde aconteceram as atividades, sobre análise dos palestrantes e participantes esteve a própria existência do Cristianismo do Oriente Médio que, para Abuna Jihad, apesar de se dizer que não é pessimista, está de fato em risco de "extinção".

A necessidade de uma estratégia evangélica

Para os cristãos que permanecem hoje no Oriente Médio é o mesmo que uma condenação, continua o monge, "porque ninguém quer ficar lá, a grande maioria quer emigrar para o paraíso europeu, para o paraíso americano, para o paraíso australiano". A pergunta que Jihad, e como ele provavelmente todos os cristãos do Oriente Médio se fazem hoje, é como é possível permanecer "sem uma visão e sem uma estratégia evangélica", que não seja diplomática, que não só sirva para sobreviver, "mas para viver bem e ser filhos daquela terra como sempre fomos", daí também a pesada pergunta sobre as relações ecumênicas, entre católicos, ortodoxos e protestantes, mas também entre cristãos e muçulmanos.

O exemplo e a profecia do Padre Dall'Oglio

Hoje as pessoas não acreditam mais nos profetas, nas profecias, é a outra consideração amarga do Padre Jihad, mas existem, mesmo que permaneçam desconhecidos, sem serem atendidos. Assim como profeta foi o Padre Paolo Dall'Oglio "que por nós não morre, não sabemos se ele está morto, se está vivo", e que deu o exemplo. "Ninguém é infalível, ninguém é perfeito, mas há profetas e profetisas por toda parte, deve-se procurá-los, escutar a novidade do seu testemunho, e não temê-los". Aquelas novidades que, acrescenta ele, não são nada de novo, mas "são sempre aquelas coisas antigas que devem ser atualizadas e respeitadas".

Gugerotti: a Santa Sé está ao lado dos cristãos do Oriente Médio

A Páscoa acaba de ser celebrada, inclusive na Síria "Ele ressuscitou com o poder do Espírito Santo". Para aquele país, porém, a ressurreição só pode acontecer "se a comunidade internacional a ajudar, caso contrário já estamos abaixo de zero". Hoje, o sírio não tem horizontes à sua frente, seus pensamentos todos os dias, continua a Jihad, estão voltados "para o gás, para o pão, para o diesel para o aquecimento, para como conseguir medicamentos na farmácia; somos um povo que pensa no estômago, na sobrevivência", há necessidade de uma política internacional honesta, baseada na ética e "não em compromissos e cálculos de mesa", pois só "se o mundo não nos ajudar, e sem seguir seus próprios interesses, nós não conseguiremos". O que, conclui o monge, é quase impossível, "mas nós queremos, e o impossível não é realmente impossível".

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF