O Terço | Aleteia |
REZAR O TERÇO
Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)
Somos convidados a rezar o terço
todos os dias, mas durante o mês de maio esse apelo é maior. Aqui no Regional
Leste 1, todas as dioceses terão um local público e dia solene para rezarem o
terço, com transmissões pelos nossos meios de comunicação, tendo a intenção
principal pela paz e reconciliação, e ainda mais neste mês, que é considerado o
mês Mariano. Durante este mês, celebramos três festas em memória da Virgem
Maria: Nossa Senhora do Rosário de Fátima (13), Nossa Senhora Auxiliadora (24),
Nossa Senhora Mãe da Igreja(29) e a Visitação de Nossa Senhora, tendo ainda a
tradição da coração de Nossa Senhora no final do mês. Além, é claro, de
comemorar o Dia das Mães, sempre no segundo domingo.
Por isso, a Igreja recomenda que
rezemos o terço ao longo desse mês. É claro que podemos rezar ao longo do ano,
nos outros meses, mas em especial em maio. Outro mês que a Igreja recomenda a
reza do terço é no mês de outubro, considerado o mês do Rosário e das missões,
e para nós aqui no Brasil é também o mês de Nossa Senhora Aparecida.
A oração do terço todos os dias
foi um pedido da própria Virgem Maria quando apareceu em Fátima aos
pastorinhos. Se desejamos alcançar o Reino dos Céus, devemos rezá-lo
diariamente. Devemos rezar o terço também na intenção da conversão dos
pecadores, pela paz mundial e pela saúde de todos. O mundo precisa se aproximar
mais de Deus e se nós rezarmos o terço todos os dias, conseguiremos essa graça.
Podemos rezar o terço de manhã,
antes de sair para o trabalho, ou à noite, quando retornarmos ou mesmo em nosso
ir e vir no dia a dia. Seria interessante reunir a família e rezar juntos,
quando cada um reza um mistério e pode dividir as orações. Lembrando sempre que
família que reza unida, permanece unida. A família é a Igreja doméstica. Se no
lar tem espaço para a oração e para o diálogo, os filhos vão crescer nesse
ambiente e vão gostar de rezar e serão mais iluminados onde estiverem.
Ao final da reza do terço
diário, podemos fazer a oração da consagração à Nossa Senhora e sempre renovar
a nossa consagração a Ela, para que todas as nossas ações tenham a proteção de
Maria. Consagremos sempre a nossa família a Nossa Senhora, que ela cresça e
edifique sob a proteção da Virgem Maria.
Por meio da oração do terço,
contemplamos os mistérios da vida de Jesus, momentos fundamentais que marcaram
a sua vida pública e que são o centro de nossa fé. Com a reza do terço,
homenageamos Nossa Senhora lhe oferecendo rosas, e contemplamos os mistérios da
vida de Jesus. O católico deve sempre “trazer” o terço no bolso de sua calça ou
na bolsa, ou na mochila, para que sempre que possível rezarmos a Nossa Senhora
que sempre nos acompanha.
As paróquias costumam ter o
grupo do terço dos homens ou das mulheres. Quem sabe podemos participar dessas
pastorais ao longo desse mês de maio, junto com a nossa família, e se possível,
mesmo após o mês Mariano, continuar nesses grupos. Muitos desses grupos
surgiram a partir do mês dedicado ao Rosário. É muito bom ver esses grupos se
reunindo para rezar. Precisamos fortalecer esses grupos em nossas paróquias e
convidar amigos, vizinhos e parentes.
É um pio costume poder
reunir-se, meia hora antes da celebração da Santa Missa, para a reza do terço.
Na última 60ª Assembleia Geral da CNBB, nós, os bispos católicos, nos reunimos
às 18h para a récita em coro do terço de Nossa Senhora Aparecida antes da missa
diária no Santuário Nacional.
A história do rosário se perde
no tempo. Segundo tradições os monges contavam os 150 salmos com pedrinhas.
Outros dizem que quando começam as missões ficou difícil a oração diária dos
150 salmos (os livros eram enormes) e acabaram passando para as ave marias e
pai nosso (150 até pouco tempo).
Uma outra tradição diz que o
Rosário surgiu em meados do século IX, na Irlanda. Na época, era uma das formas
de oração mais usadas pelos monges. Atualmente, o Rosário contém 200 Ave-Marias
e contempla todos os mistérios da vida de Cristo Jesus. Já o terço contém 50
Ave-Marias, intercaladas por um Pai Nosso.
Em 1202, o Papa Inocêncio III
deu a São Domingos de Gusmão, fundador da Ordem dos Dominicanos, a missão de ir
até a França para lutar contra a heresia albigense. Passados seis anos de
missão, São Domingos não conseguiu grandes feitos e, tomado por esse
sentimento, dirigiu-se até um bosque para rezar, chorar e suplicar a Nossa
Senhora um instrumento espiritual eficaz para vencer essa batalha.
Depois de três dias, Nossa
Senhora aparece a São Domingos acompanhada de três de anjos e diz a São
Domingos que a melhor forma de vencer aquela batalha era rezando o saltério angélico, que hoje conhecemos como o terço. A
missão de São Domingos era difundir o saltério angélico para as pessoas, que
consistia na saudação do Anjo a Maria: “Ave, cheia de graça”.
A partir de então, São Domingos difundiu a devoção ao terço, na época chamado
de Saltério da Bem-Aventurada Virgem Maria.
Passados alguns anos, Nossa
Senhora volta a aparecer ao beato Alano de Rupe, também da Ordem de São
Domingos (Dominicanos), para pedir-lhe que retome o entusiasmo pela reza do
Santo Terço. Alano então criou as agrupações de 50 Ave-Marias e acrescentou o
Pai-Nosso no início de cada dezena. Por volta de 1700, São Luiz Maria Grignion
de Monfort propõe praticar reflexões a cada dezena da Ave-Maria, assim surgem
os mistérios do Terço.
Muitas pessoas alegam que não
têm tempo para rezar o terço. Mas você poderá rezar o terço no transporte
coletivo público, no metrô, no trem, na van ou no ônibus. Basta concentrar-se,
retirar-se das preocupações cotidianas por um tempo, e rezar o terço de Nossa
Senhora. Faça esta experiência bendita!
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