Como entender a Mediação de
Maria?
Há cristãos que não entendem a mediação da
Virgem Maria, e até pensam que ela não existe ou que menospreza Jesus. Nada
disso.
Grandes Santos Padres da Igreja,
como Santo Afonso de Ligório, São Bernardo, e vários outros, ensinam que todas
as graças que chegam a nós, vêm pelas mãos de Maria. Isto porque a maior de
todas as Graças que o Pai nos deu foi Jesus, e Ele veio por Maria, que São
Bernardo chamava de “aqueduto de Deus”. Vejamos então como a Igreja explica
isso; especialmente pela palavra dos Papas.
A mediação de Nossa Senhora, bem
como a dos anjos e santos, não é uma mediação substitutiva a de Jesus, mas, ao
contrário, com base nela, por dentro dela. Sem a Mediação única e essencial de
Cristo, homem e Deus, Sumo Pontífice (ponte) entre Deus e os homens, todas as
outras mediações não teriam eficácia; portanto, a mediação de Maria não é uma
mediação paralela a de Jesus, mas subordinada, cooperadora, por vontade de
Deus. Jesus não quis salvar o mundo sozinho; Ele quis e quer a nossa ajuda e
cooperação, tanto em termos de trabalho como de oração. E a pessoa que mais
coopera com a redenção da humanidade é Sua Mãe.
O Concílio Vaticano II, na “Lumen Gentium”,
explica-nos bem como é a mediação de Nossa Senhora diante de Deus. Vejamos:
“A maternidade de Maria na
dispensação da graça perdura ininterruptamente a partir do consentimento que
ela fielmente prestou na Anunciação, que sob a Cruz ela resolutamente manteve e
manterá até a perpétua consumação de todos os eleitos. Assumida aos céus, não
abandonou esta salvífica função, mas por sua multíplice intercessão continua a
granjear-nos os dons da salvação eterna. Por seu maternal amor cuida dos irmãos
do seu Filho que ainda peregrinam rodeados de perigos e dificuldades, até que
sejam conduzidos à feliz pátria”.
“Por isto e Bem-aventurada
Virgem Maria é invocada na igreja sob os títulos de Advogada, Auxiliadora,
Protetora, Medianeira. Isto, porém, se entende de tal modo que nada derrogue,
nada acrescente à dignidade e eficácia de Cristo, o único Mediador”.
“Com efeito; nenhuma criatura
jamais pode ser colocada no mesmo plano com o Verbo Encarnado e Redentor. Mas,
como o sacerdócio de Cristo é participado de vários modos seja pelos ministros,
seja pelo povo fiel, e como a indivisa bondade de Deus é realmente difundida
nas criaturas de maneiras diversas, assim também a única mediação do Redentor
não exclui, mas suscita nas criaturas uma variegada cooperação, que participa
de uma única fonte”.
“A Igreja não hesita em
proclamar essa função subordinada de Maria. Pois sempre de novo experimenta e
recomenda-se ao coração dos fiéis para que, encorajados por esta maternal
proteção, mais intimamente deem sua adesão ao Mediador e Salvador” (LG, nº 62).
O Papa Paulo VI em sua Exortação Apostólica
Signum Magnum nº 1, escreveu:
“A Virgem continua agora no céu
a exercer a sua função materna, cooperando para o nascimento e o
desenvolvimento da vida divina em cada uma das almas dos homens redimidos. É
esta uma verdade muito reconfortante, que, por livre disposição de Deus sapientíssimo,
faz parte do mistério da salvação dos homens; por conseguinte, deve ser objeto
da fé de todos os cristãos”.
O Papa João Paulo II assim se expressou:
“Os cristãos invocam Maria como
“Auxiliadora”, reconhecendo-lhe o amor materno que vê as necessidades dos seus
filhos e está pronto a intervir em ajuda deles, sobretudo quando está em jogo a
salvação eterna. A convicção de que Maria está próxima de quantos sofrem ou se
encontram em situações de grave perigo, sugeriu aos fiéis invocá-la como “Socorro”.
A mesma confiante certeza é expressa pela mais antiga oração mariana, com as
palavras: “sob a vossa proteção recorremos a vós, Santa Mãe de Deus: não
desprezeis as súplicas de nós que estamos na prova, e livrai-nos sempre de
todos os perigos, ó Virgem gloriosa e bendita!” (Do Breviário Romano). Como
Medianeira materna, Maria apresenta a Cristo os nossos desejos, as nossas
súplicas e transmite-nos os dons divinos, intercedendo continuamente em nosso
favor. (L’Osservatore Romano, ed. port. n.39, 27/09/1997, pag. 12(448)).
Disse ainda o Papa: “Como
recordo na Encíclica Redemptoris mater, “a mediação de Maria está intimamente
ligada à sua maternidade e possui um caráter especificamente maternal, que a
distingue da mediação das outras criaturas” (n. 38). Deste ponto de vista, Ela
é única no seu gênero e singularmente eficaz… o mesmo Concílio cuidou de
responder, afirmando que Maria é “para nós a Mãe na ordem da graça” (LG, 61).
Recordamos que a mediação de Maria se qualifica fundamentalmente pela sua
maternidade divina. O reconhecimento do papel de Medianeira está, além disso,
implícito na expressão “nossa Mãe”, que propõe a doutrina da mediação Mariana,
pondo em evidência a maternidade. Por fim, o título “Mãe na ordem da graça”
esclarece que a Virgem coopera com Cristo no renascimento espiritual da
humanidade.
“O Concílio afirma, além disso,
que “a função maternal de Maria em relação aos homens de modo algum ofusca ou
diminui esta única mediação de Cristo; antes, manifesta a sua eficácia” (LG,
60).
“Longe, portanto, de ser um
obstáculo ao exercício da única mediação de Cristo, Maria põe antes em
evidência a sua fecundidade e a sua eficácia. “Com efeito, todo o influxo
salvador da Virgem Santíssima sobre os homens se deve ao beneplácito divino e
não a qualquer necessidade; deriva da abundância dos méritos de Cristo,
funda-se na Sua mediação e dela depende inteiramente, haurindo aí toda a sua
eficácia” (LG, 60).
“De Cristo deriva o valor da
mediação de Maria e, portanto, o influxo salvador da Bem-aventurada Virgem “de
modo nenhum impede a união imediata dos fiéis com Cristo, antes a favorece”
(ibid.).
“Ao proclamar Cristo como único
Mediador (cf. 1 Tm 2, 5-6), o texto da Carta de São Paulo a Timóteo exclui
qualquer outra mediação paralela, mas não uma mediação subordinada. Com efeito,
antes de ressaltar a única e exclusiva mediação de Cristo, o autor recomenda
“que se façam súplicas, orações, petições e ações de graças por todos os
homens…” (2,1). Não são porventura as orações uma forma de mediação? Antes,
segundo São Paulo, a única mediação de Cristo é destinada a promover outras
mediações dependentes e ministeriais. Proclamando a unicidade da mediação de
Cristo, o Apóstolo só tende a excluir toda a mediação autônoma ou concorrente,
mas não outras formas compatíveis com o valor infinito da obra do Salvador.
“Nesta vontade de suscitar
participações na única mediação de Cristo, manifesta-se o amor gratuito de Deus
que quer compartilhar aquilo que possui. Na verdade, o que é a mediação materna
de Maria senão um dom do Pai à humanidade? Eis por que o Concílio conclui:
“Esta função subordinada de Maria, não hesita a Igreja em proclamá-la; sente-a
constantemente e inculca-a nos fiéis…” (ibid.).
“Maria desempenha a sua ação
materna em contínua dependência da mediação de Cristo e d’Ele recebe tudo o que
o seu coração desejar transmitir aos homens. Na sua peregrinação terrena, a
Igreja experimenta “continuamente” a eficácia da ação da “Mãe na ordem da
graça”. (L’Osservatore Romano, ed. port. n.40, 04/10/1997, pag. 12(460)).
Portanto, que fique bem
entendido que a mediação de Maria não “coloca Jesus na sombra”, ao contrário, o
engrandece.
Prof. Felipe Aquino
Fonte: https://cleofas.com.br/
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