Por Joseph Pearce
Quando comecei a me interessar
pela realidade num nível mais profundo, comecei a questionar se o racionalismo
é mesmo racional.
Quando
era jovem, imerso no espírito laico da época, pensei que precisava escolher
entre a razão ou a religião. Não seria possível escolher as duas, porque uma
contradiz a outra, pensava eu. Poderíamos ter os confortos da religião, mas
para isso era preciso abandonar a razão; ou poderíamos aceitar as exigências da
razão, mas elas excluiriam a crença em qualquer religião. Ou seja: aceitar a
“mentira aconchegante” ou abraçar a “dura realidade”. Essa era a escolha que eu
achava que todos precisávamos fazer.
Quando
fiquei mais velho e comecei a me interessar pela realidade num nível mais
profundo, comecei a questionar se o racionalismo é mesmo racional. Pareceu-me
que ninguém poderia saber que Deus não existe. Pareceu-me que os ateus aceitam
o seu ateísmo como uma questão de fé, não de razão. A maioria deles não queria
que Deus existisse – e então escolheu negar a Sua existência. Acontece que isso
não é racional.
Então
comecei a me perguntar como poderíamos explicar a existência das coisas que
sabemos que existem. Como surgiram as árvores? Ou, mais radicalmente, como veio
a existir qualquer coisa que existe? Como é que o nada se tornou algo? Até uma
partícula de poeira já era alguma coisa. Mas de onde ela surgiu?
E
então me pareceu que os esforços dos ateus para responder a essas perguntas são
totalmente inadequados. Não são respostas, mas apenas esforços para explicar as
perguntas. Eles não fizeram a pergunta de Pilatos, “quid est veritas?” (o que é
a verdade?), do ponto de vista de uma pergunta que precisa ser respondida, mas
do ponto de vista de uma pergunta irrespondível e, portanto, que nem valia a
pena formular.
Tropeçando
nas obras de G.K. Chesterton e
depois C.S. Lewis, descobri dois escritores que mostraram que a razão aponta
para a fé. Eles não estavam apenas sendo lógicos no seu raciocínio: estavam
sendo lógicos na sua discussão do teológico. Chesterton e Lewis me levaram mais
a fundo, ou mais e mais, como diria Lewis. Eles me levaram aos grandes
filósofos, como Platão, Aristóteles, Agostinho e Tomás de Aquino. As suas
mentes estão entre as maiores de toda a história – e todas elas acreditavam em
Deus!
Percebi
que precisamos escolher, sim, mas que a escolha não precisa ser “ou fé, ou
razão”: é possível também escolher “fé e razão”, indissoluvelmente unidas e
inseparáveis.
Agora estou comprometido com esta realidade. E é por isso que, aos 28 anos, fui recebido na Igreja Católica.
Fonte: https://pt.aleteia.org/
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