"A mediação de Maria faz
parte do patrimônio da fé cristã e é a partir desta verdade, tão presente nos
ensinamentos dos santos como também no Magistério ordinário da Igreja, que a
porção dos fiéis pode unir-se mais eficazmente contra os desvios mundanos, a
fim de alcançar a coroa do Céu."
Jackson
Erpen - Cidade do Vaticano
Com um
Decreto publicado em 3 de março de 2018 pela então Congregação do Culto Divino
e a Disciplina dos Sacramentos (agora Dicastério), o Papa Francisco determinou
a inscrição da Memória da “Bem-aventurada Virgem, Mãe da Igreja” no Calendário
Romano Geral, a ser celebrada todos os anos na segunda-feira depois de
Pentecostes.
“Esta
celebração - lê-se no Decreto - ajudará a lembrar que a vida cristã, para
crescer, deve ser ancorada no mistério da Cruz, na oblação de Cristo no convite
eucarístico e na Virgem oferente, Mãe do Redentor e dos redimidos”.
Alguns
meses antes, em 12 de dezembro de 2017, o Papa Francisco presidiu na Basílica
de São Pedro, a celebração da
Festa de Nossa Senhora de Guadalupe, ocasião em que afirmou que
"ao longo dos tempos, a piedade cristã procurou sempre" louvar Maria
"com novos títulos: tratava-se de títulos filiais, títulos do amor do povo
de Deus, mas que em nada tocavam o seu ser mulher-discípula."
Padre
Gerson Schmidt*, que tem nos acompanhado ao longo dos últimos anos neste espaço Memória
Histórica, dá início a uma série de programas sobre a mediação da Virgem Maria
e sua importância na história da salvação:
"É
importante agora precisar mais claramente o papel de Maria na história da
salvação. A participação singular de Maria na obra da redenção não é apenas uma
“opinião piedosa”, mas uma verdade ensinada repetidas vezes pelo Magistério da
Igreja. Não há "fruto da graça na história da salvação que não tenha como
instrumento necessário a mediação de Nossa Senhora".
A primeira
vez que um Papa usou o termo de Correndentora referindo-se à Maria foi Pio XI,
em uma alocução de 30 de novembro de 1933: “Pela natureza de sua obra, o
Redentor devia associar sua Mãe com sua obra. Por esta razão, nós a invocamos
sob o título de Corredentora. Ela nos deu o Salvador, acompanhou-O na obra da
redenção até a cruz, compartilhando com Ele os sofrimentos, agonia e morte, com
os quais Jesus deu pleno cumprimento à redenção humana”.
A custo se
conseguirá exprimir com maior precisão e clareza a doutrina da Corredenção
mariana em Jesus Cristo com Ele e por Ele. Observa com razão Roschini:
“Triunfar com Cristo, esmagando a cabeça da serpente, não é outra coisa que ser
Corredentora com Cristo” [1].
Essa afirmação de Roschini se fundamenta numa declaração do Papa PIO IX - Ineffabilis
Deus – que declara assim: “Ao glosar as palavras com as quais Deus,
anunciando no início do mundo os remédios preparados em sua misericórdia para
regenerar os mortais, confundiu a audácia da serpente sedutora e levantou
maravilhosamente a esperança de nossa linhagem, dizendo: ‘porei inimizades
entre ti e a Mulher, entre tua descendência e a dela’ (Gn 3, 15), os Padres da
Igreja e outros doutores ensinaram que, por este divino oráculo, foi clara e
patentemente anunciado o misericordioso Redentor do gênero humano, Jesus
Cristo, Filho Unigênito de Deus, e foi do mesmo modo designada sua santíssima
Mãe, a Virgem Maria, bem como brilhantemente posta em relevo a mesmíssima inimizade
de ambos contra o demônio. Por esse motivo, assim como Cristo, mediador entre
Deus e os homens, assumiu a natureza humana, anulou o decreto contra nós
exarado e o cravou triunfante na Cruz, assim a Santíssima Virgem – unida a Ele
por estreito e indissolúvel vínculo, exercendo com Ele e por Ele suas eternas
inimizades – triunfou plenissimamente da venenosa serpente, cuja cabeça esmagou
com seu pé imaculado”.
Quando
Bento XVI declarou não existir "fruto da graça na história da salvação que
não tenha como instrumento necessário a mediação de Nossa Senhora", ele
não estava simplesmente fazendo uso de um exagero retórico próprio da linguagem
dos santos [2]. A mediação de Maria faz parte do patrimônio da fé cristã e é a
partir desta verdade, tão presente nos ensinamentos dos santos como também no
Magistério ordinário da Igreja, que a porção dos fiéis pode unir-se mais
eficazmente contra os desvios mundanos, a fim de alcançar a coroa do Céu."
*Padre
Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além
da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em
Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.
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[1] ROSCHINI, OSM, Gabriel Maria. La Madre de Dios según la fe y la Teología. Madrid: Apostolado de la Prensa, 1955, v.I, p.477.
Fonte:https://www.vaticannews.va/pt
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