Mitos litúrgicos
Mito 16. “O cálice e o cibório podem ser de qualquer material”
Não podem.
A Santa Igreja zela pelo material do cálice, cibórios e outros vasos
sagrados utilizados nas celebrações. Por exemplo: é expressamente proibido o
uso de vasos sagrados de vidro, barro, argila, cristal ou outro material que
quebre com facilidade.
Especifica a Instrução Redemptionis Sacramentum (n. 117): “Os vasos
sagrados, que estão destinados a receber o Corpo e o Sangue do Senhor, devem-se
ser fabricados, estritamente, conforme as normas da tradição e dos livros
litúrgicos. As Conferências de Bispos tenham capacidade de decidir, com a
aprovação da Sé apostólica, se é oportuno que os vasos sagrados também sejam
elaborados com outros materiais sólidos. Sem dúvida, requer-se estritamente que
este material, de acordo com a comum valorização de cada região, seja
verdadeiramente nobre, de maneira que, com seu uso, tribute-se honra ao Senhor
e se evite absolutamente o perigo de enfraquecer, aos olhos dos fiéis, a doutrina
da presença real de Cristo nas espécies eucarísticas. Portanto, reprove-se
qualquer uso, para a celebração da Missa, de vasos comuns ou de escasso valor,
no que se refere à qualidade, ou carentes de todo valor artístico, ou simples
recipientes, ou outros vasos de cristal, argila, porcelana e outros materiais
que se quebram facilmente. Isto vale também para os metais e outros materiais,
que se corroem (oxidam) facilmente.”
O saudoso Papa João Paulo II insiste na utilização dos melhores recursos
possíveis nos objetos litúrgicos, como honra prestada ao Corpo e ao Sacrifício
de Nosso Senhor. Disse João Paulo II (Ecclesia de Eucharistia, n. 47-48):
“Quando alguém lê o relato da instituição da Eucaristia nos Evangelhos
Sinópticos, fica admirado ao ver a simplicidade e simultaneamente a dignidade
com que Jesus, na noite da Última Ceia, institui este grande sacramento. Há um
episódio que, de certo modo, lhe serve de prelúdio: é a unção de Betânia. Uma
mulher, que João identifica como sendo Maria, irmã de Lázaro, derrama sobre a
cabeça de Jesus um vaso de perfume precioso, suscitando nos discípulos –
particularmente em Judas (Mt 26, 8; Mc 14, 4; Jo 12, 4) – uma reação de
protesto contra tal gesto que, em face das necessidades dos pobres, constituía
um « desperdício » intolerável. Mas Jesus faz uma avaliação muito diferente:
sem nada tirar ao dever da caridade para com os necessitados, aos quais sempre
se hão-de dedicar os discípulos – « Pobres, sempre os tereis convosco » (Jo 12,
8; cf. Mt 26, 11; Mc 14, 7) -, Ele pensa no momento já próximo da sua morte e
sepultura, considerando a unção que Lhe foi feita como uma antecipação daquelas
honras de que continuará a ser digno o seu corpo mesmo depois da morte, porque
indissoluvelmente ligado ao mistério da sua pessoa. (…) Tal como a mulher da
unção de Betânia, a Igreja não temeu « desperdiçar », investindo o melhor dos
seus recursos para exprimir o seu enlevo e adoração diante do dom
incomensurável da Eucaristia. À semelhança dos primeiros discípulos
encarregados de preparar a « grande sala », ela sentiu-se impelida, ao longo
dos séculos e no alternar-se das culturas, a celebrar a Eucaristia num ambiente
digno de tão grande mistério. Foi sob o impulso das palavras e gestos de Jesus,
desenvolvendo a herança ritual do judaísmo, que nasceu a liturgia cristã.
Porventura haverá algo que seja capaz de exprimir de forma devida o acolhimento
do dom que o Esposo divino continuamente faz de Si mesmo à Igreja-Esposa,
colocando ao alcance das sucessivas gerações de crentes o sacrifício que
ofereceu uma vez por todas na cruz e tornando-Se alimento para todos os fiéis?
Se a ideia do « banquete » inspira familiaridade, a Igreja nunca cedeu à
tentação de banalizar esta « intimidade » com o seu Esposo, recordando-se que
Ele é também o seu Senhor e que, embora « banquete », permanece sempre um
banquete sacrificial, assinalado com o sangue derramado no Gólgota. O Banquete
eucarístico é verdadeiramente banquete « sagrado », onde, na simplicidade dos
sinais, se esconde o abismo da santidade de Deus: O Sacrum convivium, in quo
Christus sumitur! – « Ó Sagrado Banquete, em que se recebe Cristo! »”
Fonte: https://presbiteros.org.br/
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