O grupo do bairro Marcos Moura,
um dos mais carentes e violentos da cidade de Santa Rita, região metropolitana
de João Pessoa, esteve na Audiência Geral para encontrar o Papa Francisco. Ao
final, eles entregaram um cocar e cantaram o "Rap da Felicidade" ao
Papa, denunciando a violência das favelas, num grito de esperança.
"Cantamos essa música que representa muito bem a nossa comunidade",
afirmou o jovem Rodrigo Baima, que liderava o grupo.
Andressa
Collet - Vatican News
Um colorido
e uma batucada bem brasileira chamaram a atenção do Papa Francisco e dos
presentes na Praça São Pedro para a Audiência Geral. Na manhã desta
quarta-feira, 24 de maio e de aniversário de 8 anos da encíclica Laudato si' de
Francisco, um grupo formado por 21 jovens carentes, provenientes do bairro de
Marcos Moura da cidade paraibana de Santa Rita, região metropolitana de João
Pessoa, foi lembrado pelo Pontífice durante a saudação tradicional aos
peregrinos de língua portuguesa:
“Saúdo cordialmente os fiéis de
língua portuguesa, especialmente os peregrinos vindos de Bragança (Portugal) e
de Brasília, Rio Grande do Sul, Campo Magro, Divinópolis e Marcos Moura
(Brasil). Queridos irmãos e irmãs, é o Senhor que nos sustenta no anúncio do Evangelho.
Oxalá possam sentir sempre o conforto do Seu Espírito, que reconstrói a
harmonia entre nós e nos abre novos caminhos de evangelização. Que Nossa
Senhora proteja cada um de vocês e respectivas famílias.”
Ao final da
Audiência, à espera do tão aguardado encontro com Francisco, o grupo continuou
fazendo jus às origens brasileiras cantando, dançando e jogando capoeira em
pleno sagrado da Basílica de São Pedro. Uma interpretação que faz parte de um
espetáculo em defesa da Amazônia e da cultura dos povos originários que
alimentam a casa comum para divulgar a ecologia integral que leva o nome da
encíclica do Papa: "Laudato si'. O Espaço da Vida na Terra".
Projeto social sobre a Laudato si'
O projeto,
de grande impacto social que está rodando a Europa desde a semana passada -
fazendo etapa inclusive no Festival de Cannes, na França - vai render um filme
com previsão de ser lançado no início de 2024, segundo a diretora Lia Beltrami.
O protagonista do documentário "Amazonia. The Space of Life on
Earth", Rodrigo Baima, que terá a sua história de vida retratada a exemplo
de tantas outras que superam grandes dificuldades no Brasil, é também o
coreógrafo do show de dança e capoeira que encantou o Papa Francisco.
Segundo
Rodrigo, eles entregaram um cocar azul ao Pontífice e cantaram o
"Rap da Felicidade", uma música dos Anos 90 dos compositores MC
Doca e MC Cidinho, que segue atual com a denúncia de violência nos espaços das
favelas. A letra que diz: “Eu só quero é ser feliz, andar tranquilamente na
favela onde eu nasci, e poder me orgulhar e ter a consciência que o pobre tem
seu lugar” é um grito pela vida e pelo respeito à dignidade humana! Rodrigo,
emocionado, contou que foi chamado pelo nome pelo Papa, num encontro que viu a
maioria dos jovens chorando e que, ao final, Francisco ainda agradeceu pelo
testemunho num belo português: "muito obrigado".
"Nós
precisamos cuidar do pulmão amazônico e a Laudato si' vem exatamente com esse
propósito para que o mundo e todas as pessoas do bem comum possam se voltar e
ajudar esse espaço e a ecologia integral. E estar ali com o Papa, firmando esse
compromisso, foi muito importante para cada menino e menina. E ele chegou a
fazer uma pergunta: 'faz horas que vocês estão ali cantando, pulando, dançando
e jogando capoeira, vocês não cansam?' E todos os jovens gritaram:
'nãoooooo!'."
“No final, o Papa nos parabenizou e cantamos a música que representa muito bem a nossa comunidade, o Rap da Felicidade. E, assim, seguimos cantando aqui na Europa e em todos os espaços que formos, levando essa música e esse propósito, a nossa identidade, que é a nossa favela de Marcos Moura.”
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