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sábado, 20 de maio de 2023

Rever nosso estilo de vida

Estilo de vida saudável (Patrícia Gracitelli)

REVER NOSSO ESTILO DE VIDA

Dom Leomar Antônio Brustolin
Arcebispo de Santa Maria (RS)

Frequentemente, escutamos dizer que estamos vivendo uma crise de valores, que faltam referências e autoridades morais para orientar a sociedade do cansaço e a era do vazio. De fato, percebe-se uma inversão de valores, segundo a qual competir é mais importante do que cooperar, enganar o outro para tirar vantagem parece normal, e acreditar e frequentar a religião parecem ser opções de quem entregou sua liberdade para uma dimensão abstrata da fé.  

Ocorre, contudo, que a opção por uma vida mais livre, sem limites e sem pressões está causando uma saturação da existência e a ansiedade toma conta de muitos corações. Oferecemos valores como o sucesso, a usurpação, a mentira e o lucro como balizas para pautar a existência. Contudo, o que mais cresce é o número de pessoas insatisfeitas, desorientadas e desconfiadas. E a ansiedade toma conta, perde-se o equilíbrio, bem como a sabedoria de contar os dias que passamos nesta Terra. Alguns se abrigam sob o guarda-chuva do pessimismo e da tristeza crônica, ou de uma euforia passageira. 

É claro que cada um de nós sabe a beleza e o peso de viver nesse momento histórico. Cada um carrega seus sonhos e decepções, seus traumas e suas realizações. Mas onde estão os modelos e exemplos de pessoas que vivem os valores que sustentam uma vida mais equilibrada e sadia? 

Em primeiro lugar, é preciso recordar que muitas civilizações, no passado, experimentaram tempos obscuros. Para superar esse tempo no qual parece que os malvados, debochados e aproveitadores estão vencendo, é preciso mais que inteligência; é necessário ser sábio, ser capaz de aceitar viver nesse nevoeiro sabendo que irá passar. Assim, a humanidade recuperará um ponto de vista superior, ao criticar essa inversão de valores.  

Já avançamos, em alguns aspectos, nesse sentido. Procuramos denunciar e condenar a discriminação, a exclusão e o preconceito. Sabemos que toda pessoa tem uma dignidade singular que deve ser respeitada e acolhida. É verdade que ainda testemunhamos posturas contrárias a essas condutas, mas elas ainda são rejeitadas pela maioria. 

Para recuperarmos valores e referenciais, cabe-nos ajudar, sobretudo, os educadores a promover valores justos, humanos e fraternos.  Somos chamados a crer na esperança de que dias melhores virão. Pode ser que a nossa geração seja incapaz de dar um passo e superar a violência, o medo e a injustiça. Mas essa tendência não é um determinismo que condena toda a humanidade a esse vale de lágrimas.  

Na fé judaico-cristã, crer na promessa é viver o presente esperando um futuro que já se tem certeza que se cumprirá. Somos todos herdeiros de grandes valores como a humildade, a honestidade, o bom-senso, o equilíbrio, a sobriedade, etc. Desde a sabedoria de Salomão, passando pela compaixão de Jesus Cristo, até chegar à simplicidade de Francisco de Assis, aprendemos que outro modo de viver é possível. 

As novas gerações nos interpelam criticando o estilo de vida que a maioria está vivendo. Elas reclamam mais empatia, respeito e comprometimento. Escutar esses apelos pode nos educar para rever a forma como estamos cultivando nossos valores. Eles não perderam sua validade, nós é que nos distraímos buscando felicidade efêmera e falsas seguranças. Ainda é tempo de cultivar os valores que não são do passado, mas do futuro.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF