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sábado, 10 de junho de 2023

A liderança no testamento ético-pastoral de São Paulo

São Paulo Apóstolo | Portal das Missões

A LIDERANÇA NO TESTAMENTO ÉTICO-PASTORAL DE SÃO PAULO

Dom Antonio de Assis
Bispo auxiliar de Belém do Pará (PA)

Antes de concluir esta série de reflexões sobre liderança pastoral, quero lhe convidar a fazer uma leitura orante do testamento ético e pastoral de Paulo. Esse texto se encontra em Atos 20,17-38. É uma narração muito significativa, que na espontaneidade das palavras de Paulo, nos mostra a beleza e a profundidade da sua consciência de liderança pastoral. 

É um ato de despedida e, por isso, hora oportuna para fazer memória das suas atitudes e ao mesmo tempo, como líder paterno e firme, momento certo para deixar aos seus liderados, os presbíteros de Éfeso, as suas cordiais e sinceras recomendações.  

 O líder convoca e alerta 

Paulo está preso em Mileto e começa seu processo de despedida partindo para Jerusalém (cf. At 20,22). Então, de Mileto, convoca os presbíteros que estão em Éfeso e dirige-lhes cordialmente palavras testemunhando seu bom comportamento, humildade no serviço e firmeza nas provações sofridas por causa dos judeus (cf. At 20,19).  Nada pode aprisionar o coração do bom líder! 

Confessa que nunca deixou de anunciar aquilo que pudesse ser de proveito para eles, nem de ensinar publicamente e também de casa em casa (cf. At 20,21). Confessou-lhes que pressentia passar por duras tribulações, mas trazia consigo unicamente a intenção de bem concluir a sua carreira a serviço de Jesus Cristo (cf. At 20,22-23).   

 O líder testemunha e recomenda 

Certo de que não mais os veria, os alerta dizendo-lhes: “hoje dou testemunho diante de todos vós: eu não sou responsável se algum de vós se perder, pois não deixei de vos anunciar todo o projeto de Deus a vosso respeito” (At 20,26-27).  Essas palavras nos recordam o que escreveu a Timóteo dizendo: “Quanto a mim, meu sangue está para ser derramado em libação, e chegou o tempo da minha partida. Combati o bom combate, terminei a minha corrida, conservei a fé” (2Tim 4,6-7).  

Paulo dá seu testemunho de líder religioso cheio de fé, espírito ético, generoso, firme, perseverante no sofrimento, honesto em sua missão de evangelizador, resiliente. Seu testemunho nos incentiva, conforta, educa!  O cumprimento da nossa missão, sem negociação e atitudes de egoísmo, será sempre fator promotor da nossa serenidade, alegria e paz.  

Paulo continuando o seu discurso de despedida dos presbíteros da comunidade de Éfeso, deixa-lhes as seguintes recomendações: que cuidassem deles mesmos e de todo o rebanho; os presbíteros são pastores e guardas do rebanho, que lhes foi confiado pelo Espírito Santo (cf. At 20,28); é necessário cuidar zelosamente do rebanho defendendo-os dos lobos ferozes e de homens enganadores com suas doutrinas perversas (cf. At 20,29-30). 

Após essas recomendações Paulo deu seu testemunho final dizendo que não cobiçou, ouro, prata e nem vestes; que lutou para providenciar o próprio sustento; trabalhou para ajudar os fracos gratuitamente sabendo que há mais alegria em dar do que em receber (cf. At 20,33-35). 

 Quem cuida, deve se cuidar 

Temos mais duas recomendações Paulinas muito provocantes. A primeira é sobre as atitudes do líder na comunidade: quem cuida dos outros deve se cuidar; as ovelhas ou seja, as pessoas a serem lideradas, não são propriedades dos líderes; o rebanho é de Deus e, é por isso, que o pastor deve fazer todo esforço para protegê-las contra “lobos ferozes” e aliciadores que se manifestam de muitas formas.  

A segunda são as virtudes necessárias para que isso aconteça. Para que um líder possa assumir essas atitudes deve ter um grande Espírito de pobreza, de desapego, humildade capacidade de sacrifício e generosidade; é esse o testemunho de Paulo.  

Tendo feito suas recomendações Paulo ajoelhou-se, rezou com todos eles; choraram, o beijaram e o acompanharam até o navio (cf. At 20,36-37). Os bons líderes podem ser odiados e perseguidos, mas também sempre haverá um grupo capaz de admirá-los e reconhecê-los por sua personalidade e virtudes testemunhadas. Mas são sempre livres e capazes de despedida. Chega um momento em que, por motivos vários, devemos partir, mas serenos e certos de que a história continua. A obra é de Deus!    

As manifestações de afeto final da Comunidade dos presbíteros para com Paulo, evidencia com clareza, que o líder sabendo conjugar a postura de ternura e firmeza, faz sempre o bem e marca a vida das pessoas. 

PARA REFLEXÃO PESSOAL 

Leia o texto Atos 20,17-38. 

Qual versículo mais lhe chamou à atenção? 

Por que quem cuida deve se cuidar?

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF