"Acompanha-nos neste
itinerário a Virgem Santa, que seguiu em silêncio o Filho Jesus até o Calvário,
participando com grande dor no seu sacrifício, cooperando assim no mistério da
Redenção e tornando-se Mãe de todos os crentes". (Bento XVI)
Jackson
Erpen - Cidade do Vaticano
“Consideram com razão os santos
Padres que Maria não foi utilizada por Deus como instrumento meramente passivo,
mas que cooperou livremente, pela sua fé e obediência, na salvação dos homens.
Como diz S. Ireneu, «obedecendo, ela tornou-se causa de salvação, para si e
para todo o gênero humano» (Lumen Gentium n. 56)”
O Papa
Francisco observou em sua homilia na
celebração da Festa de Nossa Senhora de Guadalupe, em 12
de dezembro de 2017, que Maria "nunca roubou para si mesma nada do
seu Filho; serviu-o porque é mãe". "Fiel ao seu Mestre,
que é o seu Filho, o único Redentor, jamais quis reter para si algo do seu
Filho. Nunca se apresentou como corredentora. Não, discípula!"
Padre
Gerson Schmidt*, inspirando-se nos escritos dos Santos Padres, no
magistério dos Papas e documentos conciliares, continua nos propondo neste
nosso espaço reflexões sobre a mediação de Maria, destacando seu papel de
colaboradora na obra de salvação realizada por seu Filho Jesus:
"Estamos
refletindo vários programas sobre a mediação de Maria na obra salvífica da
humanidade, sempre subordinada a Cristo. Maria é colaboradora na obra da
redenção enquanto conduz ao único Salvador Jesus Cristo. Em nenhum outro nome
nós seremos salvos.
São João
Paulo II, na sua grande encíclica Redemptoris Mater, declarou
assim: “Maria tornou-Se não só a ‘mãe-nutriz’ do Filho do Homem, mas também a
‘cooperadora generosa, de modo absolutamente singular’, do Messias e Redentor.
Ela avançava na peregrinação da Fé e, nessa sua peregrinação até aos pés da
Cruz, foi-se realizando, ao mesmo tempo, com as suas ações e os seus
sofrimentos, a sua cooperação materna e esponsal em toda a missão do Salvador.
[…] A cooperação de Maria participa, com o seu carácter subordinado, na
universalidade da mediação do Redentor, único Mediador”[1].
Portanto,
São João Paulo II destaca aqui o caráter subordinado de Maria sempre ao divino
Redentor dos homens. Bento XVI, por sua vez, afirmou assim: “Acompanha-nos
neste itinerário a Virgem Santa, que seguiu em silêncio o Filho Jesus até o
Calvário, participando com grande dor no seu sacrifício, cooperando assim no
mistério da Redenção e tornando-se Mãe de todos os crentes (cf. Jo 19, 25-27)”.
Não se pode
dizer ingenuamente que a "mediação universal" de Maria e o seu papel
na obra salvífica sejam mera opinião. Embora a Igreja ainda não tenha se
manifestado solenemente a esse respeito, por meio de uma declaração “ex
cathedra”, a sua notável presença nos documentos comuns dos Santos Padres
leva-nos àquela obediência da fé, que também se aplica ao que propõe o
Magistério ordinário e universal, isto é, "o ensino comum e universal de
uma determinada doutrina pelo papa e por todos os bispos espalhados pelo
mundo".
Em nosso
espaço Memória Histórica 60 anos do Concilio, lembramos que o próprio Concílio
Vaticano II referendou tudo isso que dissemos até agora. Tendo embora, por sua
constante preocupação ecumênica, evitado a palavra Corredentora – para não
ferir os ouvidos dos irmãos cristãos que não veneram a Virgem Santíssima – o
Concílio Vaticano II expôs de modo claro e sem equívoco a doutrina da mediação
de Maria tal como a entende a Igreja Católica. Eis alguns textos da
Constituição Dogmática Lumen gentium especialmente
significativos: […]
Diz assim a
Constituição Dogmática Lumen gentium, no número 56: “Ao
aceitar a mensagem divina, Maria, filha de Adão, tornou-Se Mãe de Jesus e,
abraçando de todo coração e sem qualquer torpor de pecado a vontade salvífica
de Deus, consagrou-Se totalmente, como escrava do Senhor, à pessoa e à obra de
seu Filho, servindo com diligência ao mistério da Redenção com Ele e
subordinada a Ele, pela graça de Deus onipotente. Com razão, pois, julgam os
Santos Padres que Maria não foi mero instrumento passivo nas mãos de Deus, mas
cooperou com livre fé e obediência para a salvação dos homens. Como disse Santo
Irineu, ‘obedecendo, tornou-Se causa de salvação para Si mesma e para todo o
gênero humano’”
“Concebendo,
gerando e alimentando a Cristo, apresentando-O ao Pai no Templo, padecendo com
Ele quando morria na Cruz, cooperou de modo inteiramente singular, com a sua
Fé, esperança e ardente caridade, na obra do Salvador para restaurar nas almas
a vida sobrenatural. Por isso é nossa Mãe na ordem da graça” (Lumen gentium,
n.61)."
*Padre
Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além
da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em
Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.
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[1] SÃO JOÃO PAULO II. Redemptoris Mater, n.39-40.
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt
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