Por Aliénor Strentz
A lógica da sociedade do consumo nos leva a nunca estarmos satisfeitos com o que temos. Parece que sempre nos falta algo. A Bíblia, entretanto, propõe uma mudança de mentalidade.
Por vezes, circula nos meios católicos um preconceito segundo o qual dinheiro é sinônimo de “mal” e riqueza é sinônimo de “problema”. No entanto, a Bíblia nos mostra que a riqueza pode ser o resultado da bênção divina. Em Gênesis (26,12-13), Isaac colheu o cêntuplo do que havia semeado, porque o Senhor o abençoou. Os versículos seguintes indicam ainda que Isaac crescia cada vez mais, até ficar muito rico.
Como Isaac, Salomão é abençoado por Deus, que lhe promete “riquezas, tesouros e glória”. Deus explica a Salomão que ele ficará muito rico justamente porque não desejou riquezas, mas pediu ao Eterno “sabedoria” para conduzir bem o povo.
A atitude correta do coração
Por outro lado, a Bíblia condena uma relação desequilibrada com o dinheiro, causando ganância, cobiça, depressão e infelicidade. Tornamo-nos idólatras se nos deixamos arrebatar pela sede de uma posse cada vez maior das coisas materiais e efêmeras e se erramos o nosso objetivo, que é unir-nos ao Deus eterno, única fonte da nossa verdadeira felicidade.
O jovem rico interpelado por Jesus (Mateus 19, 16-22) coloca o dinheiro no topo da sua hierarquia de valores. Apesar de suas virtudes morais, desenvolveu uma forma de idolatria em relação ao dinheiro, que o impedia de seguir a Cristo, de dar frutos e de ser feliz.
Ao contrário desse jovem, Zaqueu, chefe dos cobradores de impostos, mudará radicalmente sua atitude em relação ao dinheiro a partir do encontro com Cristo (Lucas 19, 1-10). Ele não desejará a pobreza, mas usará sua prosperidade com sabedoria, em favor dos necessitados.
O medo de perder não vem de Deus
Nesta nossa sociedade consumista, o que temos nunca é suficiente. Muitas vezes, sucumbimos à tentação de gastar mais. Chegamos a nos endividar para conseguir mais e mais coisas.
A sensação de riqueza também é relativa: a única forma de se sentir realmente rico é não encontrar ninguém que tenha mais – o que é quase impossível.
A Bíblia nos convida a passar de um estado de espírito “normal” para uma perspectiva profundamente “anormal”. Uma lição ensinada por Provérbios: a melhor maneira de nunca ficar sem dinheiro é ser generoso, dar generosamente!
“A alma generosa será cumulada de bens; e o que largamente dá, largamente receberá.”
Provérbios 11,25
Então, em vez de nos deixarmos guiar pelo medo da falta, devemos dar um salto de fé, acreditando resolutamente no que o Senhor nos revela: “A prata e o ouro me pertencem”(Ageu 2,8).
Podemos meditar na vida de muitos santos, como Madre Teresa ou mesmo São Maximiliano Kolbe, que, numa época em que não tinham nada para continuar seu trabalho ou socorrer os pobres, receberam uma inesperada e providencial ajuda em dinheiro.
O estado de espírito certo e sábio
A sabedoria da Bíblia visa libertar-nos do domínio que o dinheiro e as posses podem exercer sobre nós e ajudar-nos a alcançar a verdadeira felicidade. Em resumo, a Escritura nos oferece quatro lições sobre dinheiro e a mentalidade certa a adotar para não ser escravo dele:
– O dinheiro é um meio para fazer o bem e ser feliz (Salmo 127,2: “Poderás viver, então, do trabalho de tuas mãos, serás feliz e terás bem-estar).
– Nosso coração e nossa esperança devem permanecer fixos somente em Deus, e não na riqueza, que pode desaparecer (1 Timóteo 6,17: “Exorta os ricos deste mundo a que não sejam orgulhosos nem ponham sua esperança nas riquezas volúveis, mas em Deus, que nos dá abundantemente todas as coisas para delas fruirmos”).
– Nossos atos de generosidade nunca são uma perda, mas uma santificação de nosso dinheiro (Lucas 12,33: “Vendei o que possuis e dai esmolas; fazei para vós bolsas que não se gastam, um tesouro inesgotável nos céus, aonde não chega o ladrão e a traça não o destrói”).
– Não estaremos honrando a Deus se estivermos constantemente reclamando da falta. (1 Timóteo 6,6-8: “Grande fonte de lucro é a piedade, porém quando acompanhada de espírito de desprendimento. Porque nada trouxemos ao mundo, como tampouco nada poderemos levar. Tendo alimento e vestuário, contentemo-nos com isso”).
Assim, a riqueza é antes de tudo um estado de espírito, essencial para praticarmos a generosidade.
Fonte: https://pt.aleteia.org/
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