Francisco enviou uma mensagem a
dom Fabio Fabene, arcebispo local e organizador do evento realizado na cidade
italiana de Montefiascone, a pouco mais de 100 Km de Roma. Na Lectio do bispo
de Viterbo, dom Piazza: "a água, dom que mata a sede e dá vida".
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A terceira
edição do Festival da Ecologia Integral terminou neste domingo (25) na cidade
italiana de Montefiascone, pouco mais de 100 Km distante de Roma. Entre os
compromissos mais significativos da última sexta-feira (23), estava o encontro
com o bispo de Viterbo, dom Orazio Francesco Piazza, que encantou o grande
público presente no espaço teatral em frente à cripta de Santa Lúcia Filippini.
A "lectio brevis" de dom Piazza foi precedida pela leitura da
mensagem do Papa Francisco, cheia de significado e afeto, enviada a dom Fabio
Fabene, arcebispo de Montefiascone e idealizador do evento. As palavras do
Pontífice foram dedicadas a todos que dedicam energia à proteção e ao cuidado
da criação.
A mensagem do Papa Francisco
"Envio
cordiais saudações a todos vocês que estão participando do terceiro Festival de
Ecologia Integral em Montefiascone", escreveu o Papa Francisco.
"Agradeço-lhes por se reunirem para refletir e promover o cuidado da casa
comum, que deve ser uma prioridade para todos nós que a habitamos, mas
especialmente para os cristãos". E o Pontífice continua: "Deus nos
abençoou com o dom da terra, por isso devemos garantir todos os nossos esforços
para torná-la sustentável e, a esse respeito, na encíclica Laudato si',
escrevi: o desafio urgente de proteger a nossa casa comum inclui a preocupação
de unir toda a família humana na busca de um desenvolvimento sustentável e
integral, porque sabemos que as coisas podem mudar".
"O
Criador não nos abandona", acrescenta Francisco na mensagem, "ele
nunca recua em seu projeto de amor, não se arrepende de ter nos criado, a
humanidade ainda tem a capacidade de trabalhar em conjunto para construir a
nossa casa comum. Desejo expressar gratidão, encorajamento e agradecimento a
todos aqueles que, nos mais diversos campos da atividade humana, estão
trabalhando para garantir a proteção da casa que compartilhamos".
Confiando todos os participantes à intercessão da Santíssima Virgem Maria, o
Papa desejou em sua mensagem "um encontro frutífero" e pediu que
rezassem por ele.
Bispo Piazza: "proteger a Terra é o mesmo que proteger a
humanidade"
No final da
leitura da mensagem do Papa por dom Fabene, inspirador e criador do festival, o
bispo de Viterbo, dom Piazza, elaborou com habilidade e brevidade uma reflexão
teológica sobre a importância da água como dom material, mas que antes de tudo
sacia a sede do espírito. Em termos simbólicos e partindo dos dons que o
Criador concedeu à humanidade, a premissa inicial se debruçou sobre o termo
custódia, especificando que tudo o que é doado não se torna propriedade e não
pode ser uma reivindicação, pelo contrário, sendo um dom, deve ser guardado e
valorizado, porque proteger a Criação, portanto a Terra, equivale a proteger a
própria humanidade.
"No
simbolismo do Gênesis, é toda a humanidade que é chamada a proteger toda a
Terra", explicou dom Piazza, acrescentando que essa custódia requer
responsabilidade, diligência e compartilhamento, ações que dizem respeito a
todos os seres vivos "porque o mesmo sopro de vida habita neles. Proteger
a natureza é também proteger a humanidade, valorizar, cultivar, tornar fecundo
o bem confiado".
Água, o dom que mata a sede e dá vida
O eixo
central da lectio de dom Piazza foi, portanto, a água,
essencial à vida e um dom do Criador e em relação a qual não somos apenas
aqueles sobre os quais recai o dom, mas, além de usufruir de seus benefícios,
devemos apreciar seu valor e respeitar o dom com uma atitude de
"responsabilidade compartilhada, capaz de sustentar uma qualidade de vida
presente e futura das plantas, dos animais, do ar, da própria água, inseparável
da humanidade".
O tema da
água, continuou explicando o bispo de Viterbo, tem três referências cruzadas
significativas: o dom que sacia a sede, a necessidade que é representada pela
sede, a regeneração, ou seja, a realidade vivificada. O dom mostra que o que é
oferecido, confiado, não pode se tornar uma reivindicação exclusiva
autorreferencial, mas deve nos levar a um uso compartilhado e responsável para
a valorização, porque ninguém pode promover direitos predatórios e exclusivos
sobre o que é doado.
A água doada se torna um instrumento de relação e coesão social
Dom Piazza
lembrou, assim, a centralidade do elemento água nas Sagradas Escrituras, onde é
mencionada 580 vezes como o fio condutor da jornada humana e sua interação com
o Pai. A água não é apenas uma metáfora, mas um elemento fundamental na vida do
homem e da Criação, a água batismal nos torna semelhantes na criança
humana", porque "assim como a água inunda uma terra ressequida e a
vivifica, o símbolo batismal da água dá vida... Aqueles imersos no batismo que
saem da água começam uma nova vida, o dom da água no deserto sacia a sede do
povo e se torna um sinal da solicitude de Deus".
Por isso, a água e a necessidade dela para a sobrevivência da humanidade devem ser um motor de caridade, solidariedade e ações comuns para sua preservação e para o bem das gerações futuras, porque ela não é apenas um bem material, mas se torna um caminho da alma para entender o significado do ser humano desejado por Deus.
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt
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