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domingo, 30 de julho de 2023

A presença de Jesus no mundo (1/2)

Alain Elkann (30Giorni)

Arquivo 30Dias – 11/2005mero 11 - 2005

A presença de Jesus no mundo

A conferência do jornalista e escritor judeu Alain Elkann no congresso sobre o “Rosto dos rostos. Cristo”, realizado em outubro, em Roma, cujas atas acabam de ser publicadas.

de Alain Elkann

Sua eminência o cardeal Angelini me pede que reflita e escreva sobre Jesus Cristo, e devo dizer que é a primeira vez que tenho de fazê-lo em primeira pessoa.

Nunca havia escrito sobre o assunto porque tenho respeito demais pela religião de vocês, sendo eu judeu, para me dar a liberdade de julgar ou simplesmente dar minha opinião sobre um tema tão delicado.

Delicado no sentido de que, enquanto os judeus ainda esperam por seu Messias, para os cristãos Jesus de Nazaré representa Deus que se faz homem e, portanto, o cristão já está vivendo a sua era messiânica.
Jesus morre crucificado e logo depois nascem os apóstolos, os Evangelhos, a Igreja, o culto religioso e, assim, a aplicação da vida cristã, que pouco a pouco se difunde pelo mundo como uma mancha de óleo, graças precisamente ao trabalho da Igreja e de suas missões, até se tornar um grandíssimo exemplo de globalização religioso-cultural.

O Cristo está presente hoje em todos os continentes do mundo. Às vezes a religião cristã é hegemônica, às vezes é minoria. Em certos casos, é quase a religião oficial de um país, em outros sofre e vive quase na marginalidade; e, em sua longa história bimilenar, foi também muitas vezes objeto de duras discriminações e perseguições.

Não posso certamente entrar no mérito de uma longa reflexão sobre as diversas denominações religiosas cristãs, sobre os cismas, os particularismos, as divisões que ainda existem, entre mundo católico, mundo ortodoxo e mundo, por assim dizer, protestante.

Todas essas religiões, porém, são cristãs e assumem que o Cristo é o filho de Deus.

O que foi Jesus Cristo quando em vida, por que morreu na cruz, por que ressuscitou são também questões nas quais creio que não seja o caso de entrar hoje. Já o que posso dizer é que no mundo ocidental, na Europa e nas Américas, sobretudo, a presença do Cristo é parte natural da vida de qualquer um.

Nas cidades, nos campos, nos pequenos vilarejos ainda soam os sinos que chamam para a missa; em muitos hospitais, escolas, lugares públicos, o Cristo na cruz está fixado nas paredes, e milhões de pessoas carregam no pescoço uma corrente com um crucifixo ou imagem de Cristo.

Além disso, sempre houve muitíssimos livros, e, no mundo moderno, discos, filmes, espetáculos que têm como protagonista Jesus de Nazaré.

Jesus se manifesta por meio dos homens e das mulheres, religiosos e às vezes leigos, que são a Igreja e suas ordens religiosas. Sendo assim, por meio deles e de suas tarefas, vive certamente um Cristo que se transforma em gestos de culto, de caridade, de auxílio na área da saúde, iniciativas de escola, de pesquisa, de assistência social, de voluntariado.

Certamente, é em nome de Jesus e do Evangelho que muitíssimos homens e mulheres de fé traba­lham para ajudar os outros, para aplicar a caridade cristã, para confessar quem precisa, para socorrer quem está mal, para estar perto de quem tem medo porque está doente ou à beira da morte, para penetrar nos cárceres e falar com quem quer ou procura se arrepender.

Depois de Jesus surgiu a Igreja, que, acredito, tenha a tarefa de fazer encontrar a presença de Deus e de seu filho em cada ponto da vida cotidiana.

É claro que na história de uma organização tão antiga como a Igreja existem, no meu modo de ver, momentos obscuros, como o período da Inquisição, períodos históricos mais turvos do que outros, mas eu prefiro pensar na Igreja de hoje e não na de ontem. Nos papas que vi trabalharem durante a minha vida: João XXIII, Paulo VI, João Paulo II, Bento XVI. Era muito pequeno quando Pio XII ainda vivia, e dele só lembro imagens televisivas ou fotografias em preto e branco.

Mas acredito que sob esses papas se fez um grande caminho, e eu não tive medo de perder minha identidade judaica ao buscar encontrar muitas vezes ao longo de mi­nha vida o mundo católico. O Cristo, assim, de certa forma é parte da minha vida desde a infância.

Irmã Paolina vinha me dar injeções quando eu era um menino pequeno, mais tarde foi irmã Giuliana que me fez conhecer por meio de sua alma profunda e serena as realidades do Cottolengo de Turim.

Irmã Germana me ajudou, por sua vez, a trabalhar com sua eminência o cardeal Carlo Maria Martini na redação do nosso livro, Cambiar il cuore (Mudar o coração, ndt.).

Fonte: http://www.30giorni.it/

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF