Confissão:
sacramento da reconciliação com Deus pelo ministério da Igreja.
25 de junho
de 2023Por Fernando Geronazzo
Os aspectos teológicos e pastorais da confissão
sacramental foram os temas da segunda aula do curso de extensão sobre o
sacramento da Penitência (Confissão), na noite da segunda-feira, 19.
A formação on-line é promovida
pela Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção da Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo (PUC-SP) e pela Faculdade de Direito Canônico São Paulo
Apóstolo, ambas da Arquidiocese de São Paulo.
A aula foi ministrada pelo Padre Tiago Gurgel do
Vale, Doutor em Bioética pelo Ateneo Pontifício Regina Apostolorum, em Roma, e
professor das duas faculdades organizadoras do curso.
NECESSIDADE HUMANA
O Sacerdote iniciou a reflexão ressaltando que a
reconciliação é uma necessidade de todo ser humano. Ele lembrou que o
sacramento da Penitência diz respeito “à necessidade de reconhecer-se pecador,
de obter o perdão de Deus, de corrigir-se e aperfeiçoar-se, de aproximar-se
mais de Deus e de amar mais os irmãos, de prender-se mais na virtude e de
vencer os maus hábitos”.
Para ilustrar tal experiência, o professor tomou a
parábola bíblica do “filho pródigo”, na qual Jesus revela o amor misericordioso
de Deus, representado pelo pai, a necessidade de conversão suscitada no
pecador, representado pelo filho, e seu encontro com a misericórdia do pai.
A partir dessa reflexão, Padre Tiago destacou os
três elementos essenciais que, unidos à absolvição, constituem o sacramento da
Penitência: a contrição, a confissão e a satisfação.
CONTRIÇÃO
“A contrição é o princípio e o fundamento da
conversão cristã e dela depende sua sinceridade e eficácia. É o ato mais
profundamente humano, que reconstrói no interior humano aquilo que o pecado
destrói. É o que ilumina e nutre a nova criatura que se dispõe a viver com um
espírito renovado”, explicou o professor.
O Sacerdote salientou, ainda, que, no ato de
contrição, a Teologia católica não vê apenas a consciência de pecado, mas um
movimento interior de dor e de detestação do pecado cometido, que traz consigo
a avaliação do pecado como mal moral e ação culpável que é preciso apagar e
evitar posteriormente. Por isso, recordou que a contrição não pode ser
entendida como mera dor, remorso ou sentimento de arrependimento pelo mal
cometido, mas “o reconhecimento interior da falta cometida, com vontade de
correção”.
CONFISSÃO
O passo seguinte é a confissão ou a acusação dos
pecados, quando o penitente manifesta diante do ministro da Igreja aquilo que
considera culpável. Nesse aspecto, Padre Tiago sublinha que a confissão é um
ato eclesial, isto é, a pessoa expressa diante da Igreja, representada pelo
sacerdote que age na pessoa de Cristo, sua consciência humilde do pecado e seu
arrependimento sincero. Em outras palavras, “a confissão liberta a contrição de
sua privacidade ou ocultação interior”.
É por essa razão – explicou o professor – que a
confissão dos pecados não pode ser feita “diretamente para Deus”, pois não é
essa expressão humilde do reconhecimento do pecado diante de Cristo, por meio
da Igreja, que sacramentalmente perdoa e concede a graça que dá forças para não
tornar a pecar.
SATISFAÇÃO
Já a satisfação é a penitência indicada pelo
sacerdote, como forma de reparar o dano causado pelo pecado, dar graças pelo
perdão recebido e renovar o propósito de não pecar novamente. Padre Tiago,
contudo, reforça que essa obra penitencial não é causa condicionante da
reconciliação, mas sinal do verdadeiro arrependimento.
“A satisfação está relacionada com a necessidade de
que o penitente realize uma ação séria, comprometida e generosa que tende a
desfazer a obra do pecado e a refazer a obra da graça, isto é, a levar adiante
a obra da conversão”.
ABSOLVIÇÃO
As fontes bíblicas enfatizam que somente Deus
perdoa os pecados e, em virtude de sua autoridade divina, Cristo Ressuscitado transmite
esse poder aos homens para que o exerçam em seu nome.
Participantes do sacerdócio de Cristo, os bispos e
padres recebem este ministério de perdoar os pecados in persona
Christi (na pessoa de Cristo). Uma vez que os sacramentos são sinais
visíveis e eficazes da graça divina e invisível, capazes de produzir por si
aquilo que significam, na Confissão sacramental, o perdão dos pecados se dá de
forma objetiva e confirmada pelo ministério da Igreja.
O mistério deste sacramento pode ser compreendido
pelas palavras da fórmula sacramental de absolvição proferida pelo sacerdote
conforme o rito católico:
“Deus, Pai de misericórdia, que, pela morte e ressurreição de Seu Filho, reconciliou o mundo Consigo e enviou o Espírito Santo para a remissão dos pecados, te conceda, pelo ministério da Igreja, o perdão e a paz. E eu te absolvo dos teus pecados em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo”.
Fonte: https://osaopaulo.org.br/
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