"Na oração da Salve Rainha,
invocamos a Mãe de Jesus como nossa advogada, aquela a quem vamos gemendo e
chorando pedir ajuda. Suplicamos, antes de tudo, que volva seu olhar
misericordioso a nós. Ora, quem é essa advogada do céu, de quem os santos dizem
coisas admiráveis? Quem é essa senhora, amada e venerada nos quatro cantos do
mundo e temida até pelos demônios?"
Jackson
Erpen - Cidade do Vaticano
“A Igreja de todos os tempos,
começando no Cenáculo do Pentecostes, rodeia sempre Maria de veneração especial
e dirige-se a Ela com especial confiança. A Igreja dos nossos tempos, mediante
o Concílio Vaticano II, fez uma síntese de tudo o que se foi desenvolvendo
durante as gerações. O capítulo oitavo da Constituição dogmática Lumen Gentium
é, em certo sentido, uma «magna charta» da mariologia para a nossa época: Maria
presente de modo especial no mistério de Cristo e no mistério da Igreja, Maria
«Mãe da Igreja», segundo começou a chamar-Lhe Paulo VI (no Credo do Povo de
Deus) dedicando-Lhe em seguida um documento à parte («Marialis cultus»).”
Na Audiência Geral
de 2 de maio de 1979, São João Paulo II confiou a Maria as vocações
sacerdotais. Em sua catequese, o Papa polonês destacou sua presença no mistério
de Cristo, no mistério da Igreja, bem como na vida dos fiéis:
Esta
presença de Maria no mistério da Igreja, isto é, ao mesmo tempo na vida
quotidiana do Povo de Deus em todo e mundo, é sobretudo presença maternal.
Maria, por assim dizer, dá à obra salvífica do Filho e à missão da Igreja uma
forma singular: a forma maternal. Tudo o que se pode enunciar na linguagem
humana sobre o tema do «génio» próprio da mulher-mãe — o génio do coração —
tudo isso se refere a Ela.
Depois de
"Nossa Senhora Medianeira", padre Gerson Schmidt* nos
propõe hoje uma reflexão sobre outro título atribuído a Maria, com a qual
invocamos também na oração Salve Rainha: "Nossa Senhora Advogada":
"A Lumen Gentium faz
alguns atributos a Maria sobretudo no número 62 da Constituição Dogmática sobre
a Igreja, como já apontamos, inserindo o papel de Maria dentro da eclesiologia.
Difícil pensar em Maria, sem pensar nela como mãe e discípula da Igreja,
atributos destacados pelo Papa Francisco. Poderíamos até arriscar em dizer que
não existe Mariologia sem Eclesiologia. Já vimos aqui e aprofundamos o título
de Nossa Senhora Medianeira. A constituição sobre a Igreja também utiliza o
título de “Advogada”. O advogado é quem fala e age em prol daquele que o
procura. O que acolhe, auxilia, socorre, apela, argumenta, para que a pretensão
de seu cliente seja ouvida e atendida. Maria, como advogada nossa, nos defende
em nossas causas, intercedendo ao divino advogado Jesus.
Diz assim a
LG: “De fato, depois de elevada ao céu, não abandonou esta missão salvadora,
mas, com a sua multiforme intercessão, continua a alcançar-nos os dons da
salvação eterna (185). Cuida, com amor materno, dos irmãos de seu Filho que,
entre perigos e angústias, caminham ainda na terra, até chegarem à pátria
bem-aventurada. Por isso, a Virgem é invocada na Igreja com os títulos de
advogada, auxiliadora, socorro, medianeira (186)”.
São
Francisco de Sales dizia assim: “A Virgem, porém, e os santos são advogados da
graça; eles rezam por nós, para que sejamos perdoados e, tudo por meio da
Paixão de Cristo, o Salvador; eles não têm como nos justificar, mas confiam no
Salvador. Em suma, os santos não juntam suas orações à intercessão do Cristo
Salvador, pois elas não possuem a mesma qualidade; eles se juntam às nossas
orações. Se Jesus Cristo reza, dirige-se ao céu, Ele reza em sua virtude; mas a
Virgem ora como nós oramos, confiando na virtude de seu Filho, e com mais
crédito, privilégio e favor. Vós não percebeis que tudo isso se resume na honra
de seu Filho e engrandece e magnifica a sua glória?”
A Igreja
sempre atribuiu à Maria a missão de ser “advogata nostra”, como aponta também a
tradicional e consagrada oração da Salve Rainha. A oração, rezada como
conclusão do terço Mariano, reza assim: “Eia pois advogada nossa, esses vossos
olhos misericordiosos a nós volvei, e depois deste desterro, mostrai-nos Jesus,
bendito fruto do vosso ventre, ó clemente, ó piedosa ó doce e sempre Virgem
Maria”.
Na oração
da Salve Rainha, invocamos a Mãe de Jesus como nossa advogada, aquela a quem
vamos gemendo e chorando pedir ajuda. Suplicamos, antes de tudo, que volva seu
olhar misericordioso a nós. Ora, quem é essa advogada do céu, de quem os santos
dizem coisas admiráveis? Quem é essa senhora, amada e venerada nos quatro
cantos do mundo e temida até pelos demônios? Aquela que permaneceu oculta toda
a sua vida, tão profunda sua humildade: “Deus Pai consentiu que jamais em sua
vida ela fizesse algum milagre, pelo menos um milagre visível e retumbante”,
mas “é a obra- -prima por excelência do Altíssimo”, é a “magnificência de Deus,
em que Ele se escondeu”. Essa menina se tornou uma “advogada tão poderosa, que
não foi jamais repelida; tão habilidosa, que conhece os segredos para ganhar o
coração de Deus; tão boa e caridosa, que não se esquiva a ninguém, por pequeno
e mau que seja” (“Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”, de São
Luís Maria Grignion de Monfort).
Nosso
desejo que Nossa Senhora, Mãe de Deus, advogada nossa, guarde e livre de todo o
mal aqueles que a ela se socorrem!"
*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt
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